Sendo uma verdade absoluta, esta foi, quiçá, a mais simples máxima que Mário Moniz Pereira, o Senhor Atletismo, deixou no seu legado de mais de 70 anos ligado ao desporto, em várias modalidades e em diversas funções.
Leonor Moniz Pereira, a filha “menos nova”, teve oportunidade de recordar – na cerimónia de inauguração da Sala com o nome do pai, no Museu Nacional do Desporto, para onde foi “transferido” o espólio desportivo deste que foi, segundo Bruno Carvalho, presidente do Sporting, “a maior figura do desporto português do século XX” – que encontrou, no mínimo, 135 máximas deixadas pelo homem que “virou” o atletismo (primeiro) e o desporto nacional (depois) para o caminho das medalhas.
Para esta filha, que foi aluna do pai no ISEF/FMH, “Moniz Pereira teve a capacidade de sempre unir a família em tornos dos congressos anuais”, tal e qual fez com os atletas que com ele trabalharam ao longo de uma longa vida ligado à modalidade e a outras que também praticou e treinou.
Na verdade, Moniz Pereira – com a esposa, Carlota Moniz Pereira – tiveram o condão de definir a linha condutora no relacionamento em casa, sempre pela positiva, com integridade, com ética, com responsabilidade, qualidades que foi transmitindo a cada um dos atletas que treinou durante várias gerações.
Ex-atletas que “esgotaram” a lotação do Museu Nacional do Desporto – no Palácio Foz, onde esteve instalada uma das primeiras sedes do Sporting – a par de dirigentes de várias federações, onde também se incluíram alguns artistas do fado para quem Moniz Pereira “aprontou” – com música e versos – cerca de centena e meia de canções que foram trespassando ano a ano pelas vozes de grande número de fadistas do antigamente até aos mais jovens, por certo por terem encontrado nesses versos e músicas algo que chegava aio coração.
O “valeu a pena” – que se voltou a ouvir pela voz do próprio Moniz Pereira – não foi mais do que um hino à sua esposa (Carlota), mas cujos versos se podiam aplicar a muitas outras mulheres (ou homens) consoante oi fadista fosse do sexo masculino ou feminino, tema que foi trazido à colação por Ana Santos, professora da FMH (colega de Leonor Moniz Pereira), que teve oportunidade de apresentar um vídeo com algumas das imagens mais marcantes da vida deste grande Homem lusitano.
José Alves Diniz (Presidente da Faculdade de Motricidade Humana), Bruno de Carvalho (Presidente do Sporting), Augusto Baganha (Presidente do IPDJ), bem como a Directora do Museu do Fado/EGEAC, teceram comentários a propósito da vida e obra de Moniz Pereira, enaltecendo as suas qualidades quer familiares, quer de amizade, quer profissionais, que contribuíram para os êxitos alcançados para o desporto português a partir de 1976 (Carlos Lopes torna-se vice-campeão mundial de corta mato), onde a democracia em Portugal começava a dar os primeiros passos.
“Para se elaborar um plano para a alta competição basta elaborar uma folha excel” – foi outra das máximas deixadas por Moniz Pereira, aqui referindo-se ao documento que entregou na Direcção Geral do Desportos com as linhas que queria avançar.
O passar de um treino diário para um bidiário foi a “mola” que faltava para impulsionar com que a “revolução” no desporto se desse pouco tempo depois.
Na oportunidade, estas quatro entidades firmaram um protocolo de cooperação em que o acervo ora entregue ao Museu Nacional do Desporto, pode ser partilhado por toda a gente, desde que em acções devidamente enquadradas e, mais tarde, poder ser possível ter acesso digital aos documentos escritos por Moniz Pereira em relação a todos os atletas que orientou.
Para João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, “Moniz Pereira foi alguém que acreditou no aparentemente improvável, que trilhou no caminho das pedras e que inspirou toda a gente com a sua disciplina”.
Salientou ainda que o Senhor Atletismo “pugnou sempre pela qualidade humana, defendeu o eclectismo, a integridade e a ética”, deixando aquilo que os governos da altura queriam como “mais e melhor desporto”.
A sala reflecte, quase na íntegra, o que era (na residência particular) o “laboratório” de actividades de Moniz Pereira, desde o elevado número de arquivos, com milhares de anotações sobre cada atleta, até ao maior instrumento (piano) que tinha para compor os seus fados.
Pelo meio, os CTT tiveram oportunidade de lançar um Postal Inteiro da República para assinalar esta efeméride.
Uma sala para se visitar no Museu Nacional do Desporto, na Praça dos Restauradores, no antigo Palácio Foz.
Ao longo deste ano de 2018, outras acções englobadas neste “Recordar Moniz Pereira” vão ser desenvolvidas em diversos locais e sobre vários temas, de acordo com o programa que também publicamos.
E terminamos com outra máxima de Moniz Pereira, das menos conhecidas publicamente, que traça uma realidade que cada vez mais vai passando ao lado de muita gente: “aproveite enquanto está vivo, porque vai estar morto durante muito tempo”!
Bem-haja caro Amigo e Mestre. Esteja onde estiver, pode ser que nos encontremos por lá!