Como se esperava, os atletas africanos ocuparam, por completo, os pódios da Meia e Maratona de Lisboa, desta vez sem atingir os objectivos por completo, até porque o tempo quente que se fez sentir desde manhã cedo não o permitiu.
Ficou para memória futura o despique em três das quatro provas, onde o vencedor só foi encontrado muito perto do final do percurso, face aos desenvolvimentos havidos em cada uma das corridas.
Na maratona masculina, que começou em Cascais e terminou na Praça do Comércio (ou Terreiro do Paço), ganha pelo queniano Ishhimael Chemtan (2.10.49), um grupo de seis unidades (“ajudado” pela lebre Wilson Too), depressa tomou conta das operações dianteiras, se bem que nem sempre andaram juntos.
A meio da prova (meia-maratona), Too fazia a sua parte de “reboque” mas com ele só iam Chemtan e Daniel Limo, isto em relação aos que completaram a prova no pódio.
Aos 25 km Too completou o “trabalho” e foi-se embora, Chemtan manteve-se mas surgiu um novo dado, com a El Hassan Elabassi (Bahain), que passou para a terceira posição, trio que não mais deixou a liderança.
Daniel Limo não aguentou a “pressão” de Hassan e começou a atrasar-se ainda mais, deixando Hassan a “perseguir” até à recta da meta o novo campeão em Lisboa, o queniano Chemtan.
Hassan completou com mais seis segundos (2.10.55), enquanto Limo se fixou nas 2.15.28.
O recorde da prova (2.08.21, em 2014) ficou algo longe.
O melhor português e campeão nacional foi Bruno Paixão, com 2.26.23, com Jorge Varela a completar na segunda posição (9º na geral) com 2.28.27.
Na prova feminina, a queniana (recordista da prova) Sarah Chepchirchir comandou sempre a prova desde o princípio a fim, ainda que cerca dos 29 km tivesse passado a contar a seu lado com a etíope Afera Berha, enquanto mais atrás outra etíope, Sichala Kumeshi, ganhou vantagem à portuguesa Doroteia Peixoto para conquistar o terceiro e último lugar do pódio.
Paulatinamente, Sarah voltou a ganhar alguns metros no troço final da corrida e completou os 42.195 metros no tempo de 2.27.55 (a pouco mais de três minutos do recorde da prova – 2.24.13 em 2016), com Afera a registar 2.28.44 e Kumeshi a conseguir o bronze com 2.38.50.
Doroteia Peixoto sagrou-se campeã nacional (4º lugar) com 2.40.00, algo longe do objectivo que tinha, enquanto a quinta posição foi alcançada por outra portuguesa, Rosa Madureira (campeã nacional no ano anterior), com 2.48.02.
Tal como na maratona, na meia maratona o calor que se fez sentir (partida às 10h30) prejudicou os resultados finais mas manteve-se a “fórmula”: africanos na frente e toca a correr.
Do principal grupo inicial (6) que comandou até cerca dos 8 km, apenas três resistiram ao andamento imposto até final e dividiram o pódio entre si, separados por poucos segundos.
Os etíopes Birahn Nebebew e Deme Radu Abate e o eritreu Goitom Kiffe andaram praticamente juntos ao longo do dos 21.097 metros, destacando-se o estreante (23 anos) Nebebew que acabou mais forte (1.02.01), deixando Kifle a 12 segundos (1.02.13) e Abate a 18 segundos (1.02.19), numa luta empolgante que se fez no último quilómetro.
O record da prova (1.00.19, pelo queniano Wilson Kirop em 2013) manteve-se intocável.
Tal como no ano passado, Samuel Barata foi o melhor português (6º), desta vez com 1.05.12, à frente de Hermano Ferreira (1.06.45) e do regressado Rui Silva (também do Benfica), com 1.06.57, um bom registo para quem esteve parado mais de uma época por lesão. Youssef El Kalay foi 9º (1.07.35) e Tiago Costa chegou a seguir (1.08.11).
No feminino, a campeã mundial Rose Chelimo (Burundi) não conseguiu manter-se na liderança, e acabou na terceira posição (1.09.46), ainda assim a 17 segundos da segunda classificada, a queniana Visiline Jepkesho (1.09.29), prova ganha por Eunice Chunba (Burundi), com 1.08.46, a menos de um minuto do recorde (1.07.53) obtido pela queniana Mary Keitany em 2001.
A queniana Ruth Chepngetich – que se apresentou – com o melhor registo (1.06.19) pessoal deste ano, concluiu na quarta posição (1.10.31).
Sara Moreira foi a melhor portuguesa (1.13.28), a cerca de quatro minutos do seu máximo (1.09.18) pessoal, justificado pelas lesões que teve na época passada.
Mónica Silva (8ª com 1.16.14) e Vera Nunes (9ª com 1.17.30) ocuparam o pódio das lusitanas.
Nos CTT Corrida em Cadeira de Rodas, o vencedor principal (T53/54, em cadeira de rodas) foi o espanhol Jordi Madeira, que repetiu o triunfo anterior, enquanto os portugueses Mário Trindade e Hélder Mestre triunfaram nos escalões de T52 e T51, respectivamente.