Se Rui Vitória tivesse visto a folha oficial da UEFA onde foi apresentada a constituição das equipas, talvez tivesse tido outro olhar sobre como colocar aas suas pedras no jogo ou, então, o que talvez fosse melhor, indicar aos seus jogadores que deveriam dar primazia de ataque pelas alas e não pelo centro do terreno, onde esteve quase sempre o “olho” do furacão defensivo dos russos.
O nulo do primeiro tempo teve por base, em grande parte, essa “falta de visão” dos jogadores benfiquistas, dado que insistiram quase sempre em jogar pelo centro do terreno e, ainda, em jogadas individualizadas, o que não produziu qualquer perigo, porque perdiam (perdiam-se) entre uma defesa normalmente constituída por seis homens, colocados em duas linhas de 3+3, que fechavam, praticamente, o caminho para a baliza russa.
Os russos tinham, depois, mais duas linhas (segundo o esquema apresentado) de dois jogadores cada, que serviam para os contra ataques rapidíssimos, que causaram calafrios a Varela e seus companheiros por várias vezes.
Por isso, é que foram os russos a fazer o primeiro e segundo remates do jogo, logo no primeiro minuto com Golovin (um dos melhores da equipa) rematar para baliza de Varela, com a bola a ser desviada pela defesa benfiquista.
Pouco depois (6’) foi Dzagoev a imitar o seu companheiro de equipa, embora sem êxito no destino da bola.
Só depois (8’), Jonas “começou” a mexer na bola, mas abusou. Foi até ao meio campo buscar a bola e tentou seguir para a baliza fazendo fintas e mais fintas e, como se esperava, o referido “olho” estava atento a defesa russa acabou com a veleidade.
Noutro lançamento longo, Pizzi tentou desmarcar Salvio mas este não chegou a tempo para rematar como devia ser, perdendo-se a oportunidade.
A “muralha” russa, quando o Benfica tentava atacar, uniu-se num 5x3x2, onde os três também recuavam ainda mais quando era preciso.
Varela foi chamado a uma primeira intervenção quando Vitinho (o ponta de lança russo cheio de gás) rematou forte para o guardião defender com dificuldade.
Salvio marcou um canto (20’) – que tinha provocado e que o guardião russo defendeu bem – e Lisandro (21’), de cabeça, mandou bem ao lado da baliza.
Como não conseguiu entrar no “olho”, o Benfica começou a tentar apenas “bombardear” de longe, como aconteceu (25’) com Zivkovic, que produziu um autêntico pontapé bomba mas a bola foi à figura do guarda-redes russo.
Jonas (28’) consegue cabecear mas ao lado da baliza, enquanto o tempo ia passando e o Benfica não marcava, tanto mais que Pizzi (34’) também chutou de longe mas para o lado de fora do poste.
Antes (29’), Golovin teve oportunidade de marcar, também no seguimento de um pontapé de longe, mas a bola saiu a rasar o poste.
Jonas voltou à carga (35’) mas o remate, feito da entrada da área, foi bem ao lado da baliza, seguindo-se a jogada em que Grimaldo (36’) fez um potente remate de fora da área que levou a bola a raspar a parte de fora mais longe, na sequência da jogada possível.
E é verdade que o Benfica teve oportunidade (39’) para abrir o activo mas o árbitro, o espanhol, Undiano Mallenco, não deixou andar. Dentro da área, Seferovic é puxado pelo braço e depois pela camisola, nas “barbas” do referido senhor, que nada assinalou. Foi pena até porque estava a tomar bem do desenvolvimento do jogo.
No final dos primeiros 45+1’, Grimaldo, ainda de longe, rematou forte para o guardião russo defender e bem, período em que os russos tiveram sempre o contra ataque na ponta dos dedos.
O segundo tempo começou quase tal e qual como o primeiro, com o Benfica a quer virar, a seu favor, o nulo até aí verificado. E conseguiu. Lançado por Filipe Augusto, Federovic chegou primeiro ao esférico do que o defesa Vasin, deu-lhe um pequeno toque para desviar a trajectória para a baliza e a bola entrou.
Parecia que, com esta vantagem, o Benfica iria aproveitar para aumentar a velocidade mas foi sol de pouca dura. Aos poucos foram “sucumbindo”, como se provou quando Golovin (outra vez) rematou mas à figura de Varela (60’), guarda-redes que salvou o golo logo a seguir (61’) quando faz um voo a desviar a bola para canto.
E à terceira, o CSKA (62’) alcançou o empate, na transformação de uma grande penalidade que o árbitro assinalou na sequência de um livre directo, no minuto anterior, que Golovin marcou e a bola foi ao braço de André Almeida, sendo nítido o movimento de desviar a bola. Vitinho o foi o autor do golo.
Meio “atordoado” por continuar a não tentar fugir ao “olho” (do furação) defensivo russo, o Benfica não reagiu e aproveitou o CSKA para dar a volta no resultado (71’).
Depois de Golovin rematar para uma grande defesa de Varela, que deixou a bola à mercê de Zhamaletdinov – que entrou quatro minutos antes – que não perdoou.
Ainda que tentasse chegar ao empate, pelo mínimo, o Benfica não teve nem “gás” nem “espirito” para o conseguir, acabando por ser derrotado num jogo em que podia ter um desfecho diferente se a equipa jogasse em bloco e não, muitas vezes, a só.
Uma derrota que causou um certo “dissabor” aos 38.323 espectadores presentes.
Na equipa encarnada, Varela não teve culpa nos golos – no segundo defender à queima e deixar a bola por perto, sem ver o avançado que chegou primeiro quando conseguiu levantar-se, pertencendo à defesa a solução que não surgiu. Grimaldo, Filipe Augusto, Luisão, Jonas, Seferovic, Salvio e Pizzi não conseguiram fazer melhor, enquanto nos russos o guardião Akinfeev esteve sempre atento e calmo, com relevo ainda para Vitinho e Golovin – dois endiabrados que “partiram” o Benfica – bem como Dzagoev, Mário Fernandes, Vasin, Schennikov e Olanare.
O juís espanhol deixou jogar largo e teve alguns dissabores porque não actuou como e quando devia, em especial na grande penalidade cometida por Seferovic, que daria outro ânimo ao Benfica se a convertesse, porque a poucos minutos de se atingir o intervalo. Os assistentes Roberto Alonso e Juan Yuste estiveram melhor. Os árbitros de baliza fizeram o costume: figuras de corpo presente, porque nada decidem, questionando-se a sua existência. Melhor seria o vídeo árbitro, onde Portugal é líder mundial.
As equipas alinharam:
Benfica – Bruno Varela; André Almeida, Luisão, Lisandro (Rafa Silva, 88’) e Grimaldo (Gabriel Barbosa, 76’); Salvio, Filipe Augusto, Pizzi, e Zivkovic; Jonas (Raul Jimenez, 69’) e Seferovic.
CSKa Moscovo – Akinfeev; Vasin, V. Berezutski e A. Berezutski; Mario Fernandes, Wernbloom e Schennikov; Golovin (Kuchaev, 86’) e Dzagoev (Natcho, 76’); Vitinho e Olanare (Zhanaletdinov, 67’).
Amarelos: Golovin (43’), André Almeida (62’), Dzagoev (73’), Wernbloom (74’) e Seferovic (79’).