Como foi sendo evidente desde a partida, em Lisboa, Raul Alarcon e a W52/F.C.Porto foram cimentando, ao longo dos dez dias da 79ª Volta a Portugal Santander Totta, uma supremacia que mantiveram até esta terça-feira, conquistando os principais títulos: individual e colectivo, acrescentando ainda o prémio da montanha.
Um domínio em larga escala e que confirma a equipa de Nuno Ribeiro (Director Desportivo) como uma das melhores de toda a história de 90 anos deste evento, que continua a manter a liderança ante a impossibilidade de, por exemplo, o Sporting (4º individualmente e por equipas) chegar-se mais à frente neste ano, que se previa.
Perante a vasta multidão que engalanou, ainda mais, a Avenida da Europa, em Viseu, o espanhol Raúl Alarcón (W52-FC Porto), confirmou que, depois de “sacudir” a concorrência na etapa rainha que atravessou a Serra da Estrela, era expectável este triunfo, ainda que na última jornada houvesse um contra-relógio onde até conseguiu o segundo melhor registo.
Sorridente, Alarcón disse, no fim da prova, que o sonho tornou-se realidade, ao dizer que “É uma prova importantíssima e com muito prestígio, estou muito feliz por ter conseguido vencer a Volta a Portugal. Agora vou desfrutar deste triunfo e festejar com os companheiros”.
A 10ª e derradeira etapa foi ganha pelo “azul e branco” Gustavo Veloso, o mais rápido nos 20,1 quilómetros de luta contra o cronómetro realizada na cidade de Viriato., campeão que salientou que “hoje saí para discutir o crono, dei tudo o que tinha”, já que, considerado à partida como um potencial vencedor, não esteve bem na decisiva penúltima etapa da edição 79 da Volta.
“É assim o ciclismo. A Volta não se ganha num dia mas num dia pode perder-se e eu perdi-a ontem. Em cinco anos tiveram um mau dia…” suspirou Veloso concordando que “foi o pior dia para ter um mau dia. Mas quando a equipa ganha, as derrotas não sabem tão mal.”
No contra-relógio Raúl Alarcón (W52-FCPorto) gastou mais 15 segundos além dos 26 minutos de Veloso, enquanto Alejandro Marque (Sporting-Tavira) na terceira posição demorou mais 18 segundos.
A W52-FC Porto “pintou” de azul e branco a edição 79 da Volta ao acumular seis vitórias em etapas, Camisola Amarela e liderança da classificação por equipas desde o segundo dia de competição e na meta final, em Viseu, com cinco corredores nos dez primeiros classificados. “Alcançámos todos estes objectivos, mas trabalhámos para isso. Tentámos fazer sempre o melhor possível e o resultado aí está”, rematou o director desportivo Nuno Ribeiro, no rescaldo da vitória magnânima da equipa do Sobrado.
O portista Amaro Antunes, que assumiu a liderança da Camisola Azul Liberty Seguros na véspera, subiu ao pódio final como o “Rei dos Trepadores” e classificou-se em segundo na 79ª Volta a Portugal Santander Totta ficando a 1´23´´ do camisola amarela.
Vicente Garcia de Mateos (Louletano – Hospital de Loulé) foi terceiro na geral a 5´25´´ e foi o mais regular em prova conquistando a Camisola Verde Rubis Gás, símbolo da liderança por pontos. Krists Neilands (Israel Cycling Academy), o melhor jovem em prova, foi consagrado em Viseu com a Camisola Branca RTP.
Na conferência de imprensa final Joaquim Gomes, o director da Volta, fez um apelo para o regresso do Sport Lisboa e Benfica à estrada e ao ciclismo com uma equipa que possa discutir a Volta a Portugal.
Abordando as especificidades do ciclismo português, muito ligado aos clubes, Gomes fez um balanço muito positivo da Volta mas acredita que estando os “três grandes” envolvidos o sucesso da prova seria ainda maior.
Natural de Sax, Alicante, na Comunidad Valenciana, Raúl Alarcón estreou-se no ciclismo com 11 anos. “El Caballo”, como também é apelidado pela fisionomia entroncada que contrasta com pernas esguias, esteve durante dois anos na equipa satélite da Saunier Duval-Prodir para em 2007 iniciar-se como profissional no World Tour.
Aos 25 anos, Alarcón integrou pela primeira vez o pelotão nacional com a Efapel, na altura chamada Barbot-Efapel. O Algarve foi a paragem seguinte. Esteve dois anos no Louletano até vestir, em 2015, as cores da atual W52-FC Porto.
Esta foi a sétima participação de Raúl Alarcón na Volta a Portugal. Aos 31 anos, depois da vitória na Volta às Astúrias, alcançou o sonho de inscrever o nome na história da mais importante competição velocipédica portuguesa.
A Global Association for Life concedeu à Podium o galardão “Loving The Planet Sustentabilidade” pela compra de 800 toneladas de CO2 do projecto Bosque Ensombrado – Avelar, Montalegre. Uma parte deste compromisso traduz a compensação da pegada ecológica da 79ª Volta a Portugal em bicicleta.
E para 2018 será a 80ª Volta a Portugal.