Terça-feira 03 de Dezembro de 2024

Fórum Mundial da Integridade no Desporto em Lisboa

siga table openA Aliança Global para a Integridade no Desporto (conhecida pela sigla SIGA), da qual é CEO o português Emanuel Medeiros, promoveu na Sala dos Espelhos do Palácio Foz (Lisboa), a segunda edição deste Fórum Mundial.

Segundo encontro – o primeiro foi em Londres, há três meses – que reuniu “experts”, independentes, de vários pontos do globo, incluindo membros do governo da Grécia, de Chipre e de Portugal, na esfera das áreas que são tratadas no âmbito da luta em prol da integridade do Desporto, sobre todos os pontos de vista.

Na abertura, Emanuel Medeiros voltou a salientar a importância destEmanuel Medeirose fórum, tendo considerado “Lisboa como a capital mundial do deste neste dia” e salientado que “tem que haver uma convergência global, com um maior e mais representativo quadro de organizações desportivas na luta pela boa governação e pela integridade do desporto”, reforçando que deve ser imediata a implementação de um “reforço no debate sério, profundo e fundamentado sobre o que o desporto atravessa em Portugal e mundial, neste campo, para se poder agir e encontrar soluções para evitar o alastrar deste mal naquilo que queremos mais e melhor, como é o desporto”.

Imperativo, como se reconhece em todas as intervenções que tem tido em vários fóruns idênticos, Emanuel Medeiros frisou que “sem integridade não há desporto e se não há desporto ninguém ganha”, porquanto se fala de uma indústria (em especial o futebol) que aporta milhões: de euros (ou dólares) e de cidadãos em todo o mundo.

antonio simoesPor isso, como projectou, “são precisos mais parceiros para que tenhamos uma força maior junto das entidades nacionais de cada país para que tenhamos mais força no sentido de podermos ser o guardião dos valores do desporto, que pertence a todos, através de uma actuação sóbria, construtiva, incentivando e encorajando para desenvolver as reformas que há muito deviam ter sido feitas e que continuam a ser urgentes e inadiáveis”

José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico e parceiro desta organização, abriu a dizer que “são recorrentes as declarações que sublinham o papel indispensável que o desporto deve assumir perante o agudizar de tensões, de intolerância, de individualismos e conflitos étnicos, sociais, políticos e religiosos que hoje vivemos”, tendo acrescentado que “muitas vezes gostamos de evocar as palavras visionárias de Mandela, quando afirmava que desporto “tem o poder de mudar o mundo”.

Atalhou de seguida que “frequentemente esquecemo-nos que o desec estado João Paulo Rebelosporto é um produto social e nessa medida também amplifica, reproduz e acentua – em palcos de milhões – fenómenos de violência, de racismo e de criminalidade”, pelo que “se não soubermos preservar o desporto, se formos incapazes de cuidar dos seus valores e princípios fundamentais, se não salvaguardarmos a sua integridade se o não colocarmos ao serviço do desenvolvimento social e humano conforme se encontra consagrado na Carta Olímpica todo o valor formativo do desporto se perde”.

Uma situação que, segundo José Manuel Constantino, alertou para que Jose M constantino“porque aí o desporto vira-se contra si próprio. Subverte a sua missão essencial, descredibiliza-se irremediavelmente perante a sociedade e compromete a reputação dos agentes e das organizações que desempenham aquilo que deveria ser um relevante serviço de interesse público”, em face do que

“a globalização do fenómeno desportivo, a sua mercantilização alavancada por um crescente volume financeiro e interesses de cariz económico e político, tem exposto vulnerabilidades preocupantes da indústria do desporto à permeabilidade das ameaças crescentes que corroem os seus pilares fundamentais”.

Sobre a questão dos “arranjos de resultados”, referiu que “diariamente, somos inundados com episódios de manipulação de resultados, apostas ilegais, infiltração criminosa, corrupção, tráfico de menores, fraude fiscal, branqueamento de capitais ou tráfico de influências que usam o desporto para florescer proveitos de origem criminosa”, sendo que “a integridade, não tenhamos dúvidas, há muito está posta em causa e é hoje uma das maiores, mais sérias e complexas ameaças que o desporto enfrenta”.

Após outros considerandos sobre o tema, o presidente do COP “virou a agulha” para o amanhã, salientando que “o crime não pode ter no desporto um palco privilegiado de impunidade”, reforçando que se “impõe, neste momento e quando se iniciam os trabalhos deste fórum, uma palavra de reconhecimento ao Emanuel Medeiros e à sua equipa. Um homem que não desiste e nele reconheço a determinação para continuar a abrir portas, mesmo quando todos os caminhos adiante parecem fechados. Reconhecemos na sua liderança, e nos membros que compõem a SIGA, parceiros nos quais vemos reconhecido o nosso esforço e uma força mobilizadora rumo a um horizonte de esperança que comungamos”.

Concluiu dizendo que “esta é uma batalha sem tréguas para a qual todos estamos convocados, pelo que o debate que nesta sala reúne dos mais reputados especialistas e organizações de referência internacional representa também uma oportunidade privilegiada para Portugal implementar, de forma célere e decidida, as medidas que há muito se impõem para travar a crescente infiltração criminosa que invade o desporto nacional”.

Em termos de temas, a jornada iniciou-se que o debate sobre “Boa governança no desporto: da retórica às reformas eficazes”, seguindo-se “Siga o dinheiro: o caminho na integridade financeira no desporto”, passou-se para a “Integridade das apostas desportivas: soluções globais para prolemas globais”, relevando o “Desenvolvimento juvenil e protecção de menores no desporto” e fechando o Fórum versando sobre “Negócio no desporto, valor da marca e reputação”, onde intervieram três dezenas personalidades de alto-relevo nas áreas abordadas.

Luís Marques Mendes, membro do Conselho de estado e ex-Ministro dos Assuntos Parlamentares relatou as conclusões deste Fórum numa partilha de ideias sobre ética e integridade, dando nota de alguns passados sobre crises complicadas que se viveram não só na política (Grã-Bretanha e Estados Unidos da América, em 2009) e no Desporto (2015) quando do afastamento dos presidentes da FIFA e da UEFA, Joseph Blatter e Platini, este na área do futebol mundial e europeu, para concluir que “estou crente que, a partir do que este fórum desenvolveu, foram encontrados alguns caminhos para que a boa governação e a integridade do desporto em Portugal e no mundo passe a ser um ainda mais presente assunto no dia-a-dia, na procura de soluções que combatam o que de mal se está a passar”.

Resta saber como é que os parceiros e os stakeholders se vão alinhar e com que meios, nesta luta nem sempre igual entre iguais.

 

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