Sexta-feira 22 de Novembro de 2024

Desporto com bullying promove o abandono dos jovens destas actividades!

Bullyingdesporto 1O que é o Bullying? Quais as razões? Que tipo de “Bullying”? Que sinais?

Estas foram algumas das características deste fenómeno que foram explicadas por Carlos Neto, Miguel Néry e António Rosado na apresentação do projecto, esta quarta-feira (19), na Faculdade de Motricidade Humana, com o auditório quase repleto de personalidades ligadas ao fenómeno desportivo e ainda de elementos da PSP ligados à Escola Segura, onde este tipo de problemas surge com regularidade.

Numa escola (FMH) que tem 77 anos de vida, que alberga 1.700 alunos (dos 50.000 que militam na Universidade de Lisboa) distribuídos por vários cursos, mestrados e doutoramentos, José Alves Diniz, presidente da referida Faculdade, teve oportunidade de cimentar o orgulho nesta instituição, “que é a primeira no espaço de língua portuguesa e ibérica e segunda na zona ibero-americana, com base no trabalho de investigação desenvolvido pelos investigadores lusos”, segundo os parâmetros divulgados pelas agências que fazem este tipo de avaliação.

Na apresentação do próprio projecto, Carlos Neto, Professor Catedrático e respectivo Coordenador, salientou que “esta é a segunda fase do processo, porquanto a embrionária se verificou um ano antes, em parceria com vários países, o que originou o trabalho que ora se apresenta, podendo salientar-se, em síntese, que tudo o que foi estudado resulta em implicações de nível escolar e desportivo”.

FMH-Bullying Carlos Neto recuou ainda um pouco mais no tempo para salientar que “este estudo teve como base a elevada taxa de suicídio não só nas escolas, mas também a nível laborar e até policial”

Por mais que se possa fazer no caminho das boas práticas implícitas, Carlos Neto referenciou que “o comportamento agressivo continuará a verificar-se entre os seres humanos e os animais, porque está nos seus genes”.

De acordo o site criado para o efeito (www.desportosembullying.pt), o Bullying “consiste num comportamento agressivo e antissocial entre pares, intencional e repetido, caracterizado por uma assimetria de poder entre bullies e vítimas. É um fenómeno universal, transversal a diferentes países, culturas, géneros ou modalidades desportivas”.

“Estando ainda por esclarecer se há bullying no âmbito desportivo e na competição” – frisou Carlos Neto.

Deu ainda conhecimento que “este fenómeno está em expansão, pelo que teremos de iniciar um ataque imediato ao nível desportivo nacional e mundial”, acrescentando que “o desporto com bullying promove o abandono dos jovens no desporto, pelo que teremos de tratar do desporto como um projecto de desenvolvimento de mudança social.”

E com isto vem à memória uma das mais belas e importantes frases de Nelson Mandela, quando referiu que “o desporto une os povos”, o que é real – ontem e hoje e no futuro – mas os tempos são outros e os comportamentos também terão de ser diferentes.

E concluiu Carlos Neto com um desafio de que deverá caminhar-se rapidamente para a formação pessoal e social dos cidadãos, através do desenvolvimento de competências na vida e no âmbito moral, ético, com educação para os valores”.

FMH-BullyingGeralMiguel Néry (investigador na área em debate), por seu lado, focou-se nos vários tipos (emocional, verbal, físico – balneário – racista, cyberbullying) de bullying, frisando que o “verbal” é o mais usual e é o pior, que provoca alterações psicológicas de efeitos imprevistos nas “vítimas”.

“Vamos entrar no campo da formação de treinadores, com a elaboração de manuais didácticos, como forma de iniciarmos um programa que possa ser sempre ampliado a outras áreas”, deixando a dica para uma visita ao site atrás referido para se poder conjugar um trabalho positivo para todos os envolvidos, tema que também foi abordado por António Rosado (também Catedrático na FMH), complementando a aludido por Carlos Neto e Miguel Néry.

O “Desporto sem Bullying” é um projecto de investigação-acção que sensibiliza as comunidades educativa e desportiva sobre bullying na formação desportiva, promovendo a intervenção directa através de três estratégias fundamentais: criação de ferramentas,  formação de treinadores e intervenção especializada nos clubes.

Tendo completado um ano de mandato como Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo começou – concluindo a cerimónia – por “manifestar o meu contentamento pela importância e impacte deste projecto, que o abracei desde que me foi presente, porquanto aborda um tema que é uma das razões do afastamento dos jovens do desporto”.

Salientou ainda que “numa altura em que o governo está a iniciar um novo paradigma no que ao desporto e actividades físicas na escola diz respeito, com o objectivo de melhorar significativamente as condições para que os atletas possam treinar no alto rendimento e conjugar com os estudos, este assunto deve ser atacado rapidamente de forma a evitar males maiores.”

Sendo o responsável governamental também pela área juventude, importar colocar estes dois vectores em paralelo e seguir um caminho tendente a aliviar a “tensão” que o “bullying”, em todas as suas formas, se verifica no dia-a-dia.

Concluiu dizendo que “vão ser postos em execução dois programas que considero de importância vital, como são os casos da formação dos treinadores e de capacitação para dirigentes.”

Neste ponto, aliás, processo que a Federação Portuguesa de Futebol já iniciou com vista a dotar os clubes de dirigentes capacitados para desenvolver a melhor actividade, programa ambicioso que se espera dê frutos a curto prazo.

 

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