Sábado 23 de Novembro de 2024

Nélson Évora de regresso ao céu dourado

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Europeu de pista coberta

Com um triplo quase perfeito – se o fosse totalmente por certo iria mais além – Nélson Évora conquistou mais uma mealha de ouro para a sua carreira e para Portugal, fazendo ouvir-se, de novo, o hino nacional e ver no topo do principal mastro a bandeira portuguesa, após um triunfo que demorou quase uma “eternidade” para acontecer.

Na verdade, apesar de ter aberto o concurso com um nulo, Nélson entrou logo de seguida nas “nuvens” ao fazer um muito bom triplo a 16,92 (o seu melhor dos últimos anos) para, no terceiro ensaio, “voar” para o ouro a 17,20, registo que manteve nos últimos três ensaios (dois nulos e outro a 16,98) e que veio a consagrar mais uma medalha para o atletismo português.

Foi a segunda nestes europeus de Belgrado (Sérvia) – depois da também Patrícia Mamona se ter estreado, na véspera, a ganhar medalhas nesta competição – o que deu mais um (ou dois) “balão de oxigénio” ao atletismo português, que andava arredado de classificações de topo há já algum tempo, referindo-se, em especial, a imagem menos positiva deixada nos Jogos do Rio de Janeiro.

Nélson surpreendeu tudo e todos, em especial o italiano Donato Fabrizio e o alemão Max Hess, que deixou a sete e oito centímetros, respectivamente.

Palavras para quê? É artista português e … campeão olímpico!

E também não deixa de ser curioso, a propósito, o facto de Portugal ter passado de dominador a nível do meio fundo e fundo e passar, paulatinamente, para uma outra potência – ainda em crescendo – nas disciplinas técnicas, com especial relevo, onde já temos três atletas de alto nível no triplo-salto.

Foi ouro e prata sobre azul o que se passou em Belgrado e aguarda-se com expectativa o que poderá verificar-se no mundial do próximo verão, se bem que totalmente diferente do ambiente “caseiro” face ao “ar livre”, aí sim, onde se afere a qualidade de cada um no final de mais uma época atlética.

Na terceira e última ronda, este domingo, Lorene Bazolo – apurada com o 24º e último lugar nas eliminatórias, com 7.51 – tomou parte na segunda meia-final dos 60 metros, que terminou também na mesma posição (24ª) e com 7.51, numa prova que fica para a história (negativa) de mais um mau trabalho dos juízes auxiliares de partida.

Tendo sido detectada uma falsa partida no sistema electrónico, feita pela atleta britânica Asha Philip, a juíza assistente assinalou essa falsa partida à atleta portuguesa, que de pronto ia sair da pista, o que não terminou porque a mesma juíza mandou-a para o lugar inicial com a indicação do juiz chefe de partidas que não tinha havido falsa partida. Uma mancha negra que, ao que parece, não foi única.

Foi nítido o sinal sonoro da falsa partida (feita abaixo (0,080) do regulamentar, que é de 0,100) e, vistas as imagens da tv também se comprova que a atleta britânica deixou o contacto com o bloco, por um dos pés, antes do tiro de partida. Se assim não fosse, o sinal sonoro não tinha sido accionado. Britânica que acabou por se sagrar campeã europeia com 7,06 o melhor tempo europeu desta época.

Fragilizada psicologicamente por isso, Lorene ficou agarrada aos blocos, na repetição da corrida, partiu em desequilíbrio e foi parar ao último lugar (24º) com os referidos 7,51, bem longe dos 7,33 que tinha feito há pouco tempo, sendo eliminada.

Ficam para a história destes campeonatos as duas medalhas conquistadas por Nélson Évora (ouro) e Patrícia Mamona (prata), que são a 21ª e 22ª em termos de europeus de pista coberta, passando a ser as 280ª e 281ª medalha para o atletismo nacional desde 1976, quando Carlos Lopes conquistou o primeiro ouro no mundial de corta mato, em 28 de Fevereiro de 1976, na cidade irlandesa de Chepstown.

Para mais tarde recordar também, fica o quarto lugar, com recorde de Portugal, de Tsanko Arnaudov, ao enviar o peso a 21,08.

Em termos internacionais, o registo da primeira medalha de ouro (em pista coberta) alcançada pela Albânia, no salto comprimento, com o seu representante – Izmir Smajlaj – a chegar aos 8,08, de uma forma algo inesperada mas plenamente confirmada na pista, que também corresponde a um novo recorde do país.

De salientar ainda os dois recordes dos campeonatos conseguidos pela britânica Laura Muir nos 3.000 metros (8.35,67) e pelo francês Kevin Mayer, no Heptatlo (6.479 pontos), também um novo recorde europeu.

Tornaram-se líderes mundiais nestes campeonatos o polaco Konrad Bukowiecki, ao enviar o peso a 21,97; a croata Ivana Spanovic, com 7,24 no comprimento e a húngara Anita Marton, com 19,28 no peso.

Registem-se ainda o duplo triunfo alcançado pela britânica Laura Muir (1.500 e 3.000 metros) e outro duplo, pela Polónica, na estafeta de 4×400 metros, em masculino e feminino.

A Polónia, que desde a segunda jornada liderava o pódio nas medalhas e na classificação por pontos, assumiu a posição de vencedora, no final, ao conseguir doze medalhas (7 de ouro, 1 de prata e 4 de bronze), à frente da G. Bretanha, com 5 de ouro, 4 de prata e 1 de bronze, com a Alemanha a fechar o pódio, com 9 (2-2-5). A França foi a seguinte, com 3 (2 de ouro e 1 de prata), à frente da República Checa, com 7 (1-2-4).

Portugal – com o ouro de Nélson e a prata de Patrícia – terminou com um excelente 8º lugar entre os 26 países medalhados.

Na pontuação por países, a Polónia voltou a ganhar, ainda que com o mesmo número de pontos (103) do que a G. Bretanha, com a Alemanha a fechar o pódio, com 100. A seguir ficaram: Suécia (63), França (61,5), Espanha (61) e República Checa (58).

Portugal classificou-se no 11º lugar entre os 36 países que lograram ter atletas nas finais das várias provas, o que é excelente.

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