“O caminho faz-se caminhando, mas não se faz sozinho. Faz-se com os outros, ultrapassando os egos que nos habitam, os provincianismos que nos limitam, conquistando objectivos que sozinhos jamais alcançaríamos. Não há vitórias solitárias. Há vidas, há lutas e há ambições solidárias que são a base das vitórias. Que têm sempre de ser partilhadas“, palavras escolhidas para José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), rematar a Celebração Olímpica que promoveu no Centro de Congressos de Lisboa, comemorando o encerramento de mais um ciclo olímpico.
Uma nova forma de comemorar o aniversário do Comité Olímpico, o que se saúda, porque é indispensável inovar e ser criativo.
Antes disso, o COP teve oportunidade de distinguir alguns atletas e personalidades que se destacaram ao longo da sua vida ligada ao desporto, salientando-se Telma Monteiro, Fernando Pimenta, Teresa Bonvalot, João Brenha, Miguel Maia e Sérgio Maciel, entre outros.
Telma Monteiro foi a atleta feminina do ano, enquanto Fernando Pimenta foi o atleta masculino de 2016 e receberam as Medalhas de Excelência Desportiva, galardão que premeia os melhores atletas do ano.
Recorde-se que Telma Monteiro alcançou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro no judo, categoria de -57kg, feito que justificou esta premiação.
Fernando Pimenta, além de 5º classificado em K1 1000m e 6º em K4 1000m nos Jogos Olímpicos do Rio Janeiro, foi Campeão da Europa em Moscovo em K1 1000m e K1 5000m.
Os voleibolistas João Brenha e Miguel Maia receberam a Medalha de Mérito, que se destina a galardoar desportistas que tenham prestado serviços relevantes ao Desporto Nacional ou ao Olimpismo, como o terem alcançado o 4.º lugar (voleibol de praia) nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 e de Sidney em 2000, e estarem empenhados em vários projectos de responsabilidade social através do desporto junto de crianças e jovens.
O Prémio Juventude, que se destina a premiar o atleta nacional, de escalões jovens, que mais se tenha distinguido no ano anterior pela obtenção de resultados de excelência em competições internacionais ao mais alto nível desportivo, com um percurso escolar de mérito, foi atribuído a Teresa Bonvalot, que se sagrou campeã da Europa de Surf em juniores.
O Prémio Ética Desportiva, que distingue acções relevantes em prol dos princípios e valores da ética no desporto, foi outorgado ao jovem atleta Sérgio Maciel, que se sagrou campeão da Europa de maratona em C1 Júnior em 2016, curiosamente também galardoado com o Prémio Fair Play, uma semana antes, pelo Panathlon Clube de Lisboa, para o mesmo acto.
Sérgio, no Campeonato do Mundo da categoria (C1), teve uma conduta de elevado fair-play quando o seu colega de equipa nacional Marco Apura, que seguia na sua frente na recta final da prova se enganou na chegada, entrando pela pista errada, o que o levou a fazer recuar a canoa e regressar ao comando da prova, só possível porque Sérgio, que seguia em segundo lugar, reduziu a sua marcha, chegando mesmo a parar para que Marco Apura pudesse recuperar a liderança e cortar a meta no primeiro lugar, tendo Sérgio ficado em segundo.
O Diploma “Mulheres e Desporto” do Comité Olímpico Internacional, foram atribuídos a Jenny Candeias, figura ímpar da ginástica portuguesa, assim como dois Prémios COP de Prestígio à Imprensa Nacional Casa da Moeda e à Marinha Portuguesa, respectivamente pelas parcerias realizadas que permitiram o lançamento da moeda oficial da Equipa Olímpica de Portugal Rio 2016 e a Casa de Portugal Rio 2016, através da presença do Navio Escola Sagres na cidade que acolheu os Jogos Olímpicos.
José Manuel Constantino aproveitou ainda para deixar alguns “recados”, ao afirmar que “o maior custo que a sociedade enfrenta é o de ter uma população sedentária e sem hábitos de actividade física e desportiva, com consequências económicas e sociais devastadoras. Por isso, não nos cansamos de repetir que o desporto é um bem público que vale mais que aquilo que custa.”
Evocou, por outro lado, todos “que lutaram e lutam por ideais de um país fisicamente activo e desportivamente desenvolvido; que acreditam na educação física e no desporto como instrumento nuclear de educação e formação da nossa juventude; no desporto como factor de inclusão social e cultura cívica; como instrumento determinante de desenvolvimento económico e social; que acreditam que é possível melhorarmos a nossa competitividade desportiva no contexto internacional; que acreditam ser possível vencer o desânimo, a resignação e o conformismo, mesmo perante as maiores adversidades, e empenham o seu labor, em incontáveis horas de dedicação, por um país e um desporto melhores e onde assuma um papel central na cultura do país; que contribuem para conferir ao homem e á mulher a sua condição de cidadãos onde a tolerância, a paz, o respeito, a amizade e os direitos humanos, que constituem a matriz fundadora do Olimpismo, não sejam apenas princípios proclamatórios mas encontrem no desporto um elemento vital para a sua consolidação e plena afirmação”.
Tiago Brandão Rodrigues, Ministro da Educação, reafirmou o compromisso de trabalhar de forma próxima com o COP para ajudar a melhorar o Programa de Preparação Olímpica tendo em vista os Jogos Olímpicos Tóquio 2020.
O realce final foi para os momentos de entretenimento da cerimónia, protagonizados pela conhecida cantora lírica Sofia Escobar, que interpretou alguns temas oficiais de edições de Jogos Olímpicos das últimas décadas, assim como a actuação de um grupo de ginastas do Ginásio Clube Português.