Com a conquista de seis medalhas (cinco individuais e uma colectiva), das quais três de ouro, Portugal conseguiu fazer o melhor de sempre na história dos europeus, embora também já tivesse ganho outras tantas medalhas em 1998.
A diferença está em que, há 18 anos, foram ganhas apenas duas de ouro (António Pinto e Manuela Machado, com três de prata (Rui Silva, Fernanda Ribeiro e Carla Sacramento) e uma de bronze (Susana Feitor).
Este ano, Sara Moreira, Patrícia Mamona e a selecção da meia maratona (venceu a Taça da Europa) foram as bronzeadas, enquanto a prata foi para Dulce Félix (10.000) e o bronze foi justificado por Jéssica Augusto (que repetiu na meia-maratona) e o único homem medalhado, o benfiquista Tsanko Arnaudov (peso).
Com esta história, poderá dizer-se que – com plenitude – que foi o melhor europeu de sempre, que se comparou com o de 1996 mas existem diferenças que, na verdade, tem algum significado positivo.
Isto porque, por um lado, antes não havia meia-maratona (era maratona); por outro, também não existia a prova dos 3.000 metros obstáculos e, outro ainda, que o número de países era menos volumoso do que agora se verifica.
A “saga” da utilização de substâncias proibidas (segundo os dados disponibilizados pela Agência Mundial Antidopagem e pela própria Federação Internacional de Atletismo) tem demonstrado que o mundo do desporto anda cada vez mais “sujo”. Por uma outra razão ou atitude, ainda não se compreendeu – ou talvez se entenda mas do ponto de vista negativo – o que levou a Rússia a ficar suspensa (proibida) de participar em todas as provas fora do seu país e que tem quase uma centena de processos de controlos positivos ainda não resolvidos, pelo que não é autorizada em participar em competições sob a égide internacional, têm o seu laboratório desacreditado e só recentemente terá procedido à implementação legalmente aplicada pelo Código Antidopagem da Agência Mundial.
Isto para referir as últimas notícias sobre o assunto (que poderá ter uma solução, não se sabe muito bem para que lado) face aos cerca de uma centena de processos que estão pendentes na AMA e cuja decisão final aponta para ser transmitida até ao dia deste mês.
Sem Rússia ou com Rússia, o panorama é sempre diferente, face à força e categoria dos atletas russos, que se esperam sempre limpos como todos os restantes, pelo que neste momento, o actual estado de coisas, acaba por favorecer – até ver – outro rol de países, como se verificou em Amesterdão.
Por curiosidade, foi a Polónia – onde nasceu a nova substância há um par de anos atrás – que venceu este europeu, em termos de medalheiro, ao arrecadar 12 medalhas, sendo seis de ouro, cinco de prata e uma de bronze. Tudo limpo? (a nova substância agora detectada provém de um medicamento produzido e exportado pela Polónia). A seu tempo se saberá!
Na classificação por medalhas (três primeiros) a Polónia ficou na frente, com 12 medalhas (seis de ouro, cinco de prata e uma de bronze), à frente da Alemanha, com 16 (5-4-7), da G. Bretanha, com 16 (5-3-8), da Turquia, com 12 (5-3-8) e da Holanda, com (7), sendo 4 de ouro, 1 de prata e 2 de bronze). Portugal ocupou o 7º lugar, com 6 medalhas (3 de ouro, 1 de prata e 2 de bronze).
Mas na classificação por pontos e em relação aos oito primeiros de cada prova, foi a G. Bretanha que venceu (172), à frente da Alemanha (163), da Polónia (149), da Turquia (104), da Holanda (101), da Espanha e de Itália (ambos com 82), com Portugal e qualificar-se nº 11º lugar na competição (51 pontos).
Em relação a Portugal, e classificados até ao oitavo lugar, estes registos resultam das boas prestações por parte de oito atletas individuais, que chegaram às finais (oito primeiros pontuados).
Como se vê, nas medalhas Portugal ficou em 7º e nos pontos passou para 11º, com maio relevância no top da tabela, los britânicos saltam do terceiro para o primeiro lugar, por que tiveram atletas de qualidade e em quantidade para fazerem mais pontos.
Na equipa portuguesa, que parece “tomou um banho sagrado” antes de entrar no estádio olímpico para poder chegar ao fim com tal números de medalhas, a interrogação é fácil de calcular. Com uma medalha de prata (Dulce Félix) logo a abrir, o caminho ficou aberto.
E no último dia foi um “troar” autêntico para Portugal, com nada menos de cinco medalhas. Uma dupla para Sara Moreira e Jéssica Augusto, porque integraram a equipa (actuando os atletas em termos individuais e colectivos, aqui com mais Marisa Barros e Vanessa Fernandes), Patrícia Mamona (triplo), extensível ainda a Dulce Félix (prata nos 10.000 e ouro na meia-maratona), terminando com os bronzes de Jéssica Augusto (10.000) e Tsanko Arnaudov (peso).
Relevo suplementar para Patrícia Mamona pelo excelente recorde nacional no triplo-salto (14,58) no último ensaio para chegar ao ouro de forma impressionante.
Destaque ainda parra Marta Pen (1.500 m) e Susana Costa (triplo-salto) com dois quintos lugares de relevo, no que foi o melhor dos portugueses, porque integrados no lote dos finalistas.
A referência especial vai para Patrícia Mamoma, que chegou ao recorde nacional do triplo, o único que foi melhorado, o mesmo não sucedendo em relação aos restantes, elevado ainda mais depois da prata alcançada há 4 anos, em Helsínquia.
Bem perto ficou Tsanko Arnaudov no peso, tendo alcançado a sua segujda melhor nacional, a seguir ao recorde nacional.
Cinco atletas em provas individuais (Lorene Bazolo, Salomé Rocha, Cátia Azevedo, Marta Onofre e David Lima entram no quadro dos semifinalistas, onde também podem ficar “alojadas” as formações masculina de 4×100 e da Meia Maratona – masculina e feminina – porque obtiveram lugares acima do 9º e até ao 16º na classificação para bolsa como meio-finalistas, no caso da meia maratona estar integrada.
A parte menos positiva acabou a “cobrir” Vera Barbosa (24ª nos 400 barreiras), Diogo Antunes e Carlos Nascimento (19º e 21º nos 100 metros), Hélio Gomes (32º nos 1.500 metros), Diogo Ferreira (19º no salto com vara), Nélson Évora (17º no triplo-salto) e Marco Fortes (23º no peso), para além da formação masculina da meia maratona.
Recorde-se, com agrado, que Rui Silva ainda é o recordista europeu de sub-23 nos 1.500 metros, com 3.30,88 alcançados em Zurique em 11 de Agosto de 1999.
Com a “fome” que existia na conquista de resultados e bom nível e com medalhas conquistadas, é tempo de admirá-las e ficar a aguardar o que se vai passar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde os atletas presentes são muitos dos que estiveram neste europeu.
Por isso, balanço … só no final da época.