No Panathlon
Descontinuidade política, ausência de estratégia agregadora em torno de uma ideia, uma meta e sobreposição de papéis, falta de coordenação e de cooperação entre as várias estruturas do Estado, foram os problemas detectados e abordados por Vítor Pataco no debate sobre “Sucesso desportivo – Barreiras e soluções para Portugal se afirmar internacionalmente”, que o Panathlon Clube de Lisboa promoveu, esta quinta-feira, no auditório do Ginásio Clube Português.
Em resultado da mesma análise, Vítor Pataco – perante uma plateia de meia centena de técnicos, dirigentes, universitários, federações desportivas e até atletas de alto rendimento – encontrou as “vítimas” (as barreiras) daí decorrentes, como sendo a situação do CAR do Jamor, a ausência de um plano de formação de dirigentes, o mesmo se colocando em relação ao apoio aos clubes e ainda a falta de um “pódio para todos” no âmbito do desporto juvenil.
Na parte positiva, sobrevivem os Projectos Olímpico e Paralímpico, o apoio regular às federações e à organização de eventos e ao alto rendimento ou desporto de alta competição.
Salientou ainda que a administração pública tem feito um caminho pela complexificação em vez de uma simplificação dos processos e que o financiamento é insuficiente para o actual estado do desporto português
Referiu-se ainda à Conta Satélite do Desporto, publicada recentemente, que refere que o desporto vale 1,7 milhões de euros e que o orçamento governamental é de cerca de oitenta milhões, o que não se entende.
Encontrou como “desafios” a implementação de um CAR do Jamor verdadeiramente colectivo e em condições, o comprometimento dos stakholders, num modelo colaborativo, replicando os casos de sucesso em Portugal.
Isto depois de ter falado sobre o trajecto do praticante, desde a fase lúdica à da consagração e ao sucesso desportivo, passando pela que é a de maior importância – a da especialização – onde todos (jovens, pais, professores, técnicos) são importantes para definir o futuro do jovem no momento ideal para se tomarem as decisões certas, dando como imagem uma frase de uma entrevista dada pelo campeão olímpico Nelson Évora, em que, a este propósito, disse: “o jovem tem que pensar duas vezes antes de decidir se quer entrar no alto rendimento”.
No debate que se seguiu, estas – e outras questões – foram discutidas no mesmo tom, ficando um certo sabor “amargo”, no final, porquanto é crível que não se encontrarão, tão depressa, os caminhos para que os problemas colocados tenham o encaminhamento devido e com celeridade.
A ética e a cultura continuam a ser os “valores de serviço” fundamentais que justificam a existência e a razão de ser do Panathlon. Fazer com que esses valores não sejam esquecidos, numa época de particular endeusamento do sucesso, constitui o “serviço” a que se dedicam todos os panathletas, para poderem contribuir para um maior equilíbrio das relações humanas e para a promoção da dignificação da sociedade.