Sexta-feira 22 de Novembro de 2024

A in(segurança) no mundo – O terrorismo não é imbatível!

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No dia (esta quarta-feira) em que se comemoram 120 anos sobre o início dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna – ideia feliz e concretizada pelo Barão Pierre de Coubertain em Atenas (Grécia) – o Comité Olímpico de Portugal, associando-se ao Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz, comemorado esta quarta-feira, promoveu uma conferência que versou “A (in) segurança no mundo: Vulnerabilidades, riscos e ameaças nos eventos desportivos”.

Para abordar este tema, foi escolhido – e muito bem – o general Pedro Pezarat Correia, que alertou para os problemas do terrorismo na sociedade actual, dando exemplos de grandes eventos desportivos que sofreram situações desta natureza, como recentemente na Maratona de Boston ou no jogo particular de selecções em Paris (França-Alemanha), em Novembro último dando conta do risco que os próximos eventos poderão ter em função desta realidade de terror dos dias de hoje.

Pezarat Correia foi mais longe, indo ao âmago da questão do terrorismo, afastando todas as hipóteses deste mal prevalecer sobre a população mundial, clamando que “o terrorismo não é imbatível”, pese embora o que se verificou em Bruxelas – ainda há poucos dias – onde “os terroristas contaram com a cumplicidade da população”, como referiu.

Uma situação que não devia ter existido, houve falhas (cometidas pela população) porque não fizeram chegar às autoridades do que viram e sentiram (cheiros de um líquido que foi derramado na casa onde foram montados os explosivos), dando azo que daí saíssem as “armas” que fizeram mortos e feridos no coração da Europa.

Daí o facto de Pezarat Correia – que publicou cinco livros, participação em cerca de três dezenas de obras de múltipla autoria, colaboração em obras de outros autores, dezenas de comunicações, centenas de textos na comunicação social, onde os temas privilegiados são: segurança e defesa, estratégia, geopolítica e geoestratégia, conflitos internacionais, descolonização, guerra colonial e 25 de Abril – ter o à vontade suficiente para abordar este tema, dando uma autêntica lição de estratégia militar, nelas integrando as situações verificadas com o desporto, que não é de agora.

Como recordou, o terrorismo não é de agora. “O primeiro acto verificou-se nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, seguindo-se os Jogos de l986, em Atlanta, passou pelo Rali Dakar (2008), a Maratona do Sri Lanka (2008), o Campeonato Africano de Futebol em Angola (2010), a Maratona de Boston (2015), sem falar dos actos relacionados com Paris e Bruxelas, embora noutro contexto mas com o mesmo sentido”.

Passou em revista vários princípios fundamentais, como os do olimpismo, como filosofia de vida; salientou as posições públicas tomadas, sobre a matéria, por Noronha Feio e Manuel Sérgio, ou outros pensadores estrangeiros, para quem “a paz deve ser vista pela positiva, de forma directa, estruturada, cultural e transversal, onde se incluem a educação, o desporto, a cultura, o ambiente, o desenvolvimento e a paz”.

Interrogou-se (e respondeu) sobre “de que falamos quando abordamos a guerra? e “de que falamos quando abordamos a paz?”, que “o terrorismo moderno se integra no quadro das Novas Guerras”, onde ainda faltam meios para “eliminar” o problema, salientando os “grandes eventos desportivos estão dentro da guerra”.

Salientou que o objectivo do terrorismo é “intimidar a população, prejudicar gravemente o evento, desestabilizar as estruturas políticas fundamentais, constitucionais, económicas e sociais”, dentro de um quadro em que ainda não estão “regulamentadas” as articulações entre as forças policias e as forças armadas”, citando alguns exemplos.

Uma resposta linear, no que se refere ao combate ao terrorismo podia ser uma aposta na “guerra global contra essa praga para se chegar à Paz” mas a situação não é assim tão fácil. Na paz ou segurança, o que é ameaça ou risco, referiu que “deve-se considerar o terrorismo não como uma ameaça mas como um risco. Um questão que tarda e ser definida.”

Pezarat Correia – que teve Pedro Adão e Silva, jornalista, comentador e professor universitário como moderador – referiu que, no âmbito da segurança aplicada aos grandes eventos, devem ser considerados alguns pontos cruciais, como “a discriminação e a exclusão, a perversão do ideal desportivo (profissionalização e desporto espectáculo), que chega ao desporto/negócio/espectáculo, que termina na questão biopolítica.”

Outras “chaves” referidas foram as que se refere a “temos de nos habituar a conviver com a ameaça terrorista” que requer “cabeças frias e não histeria”.

Esclareceu que não entende a questão dos refugiados como “um veículo de terrorismo” mas que é preciso estar a atento a todas as movimentações” e ser indispensável que “se explore os erros cometidos pelos terroristas, dentro de um planeamento e preparação de resposta rápida”, sendo que foi dito que a “guerra do terrorismo passou para um sistema de guerra convencional”, devendo-se assumir a iniciativa e não ficar à espera de que aconteça outra vez.

Pezarat Correia concluiu que o “desporto tem armas na sua essência para vencer o terrorismo.”

No curto período de perguntas, um representante da embaixada do Brasil em Portugal deu a conhecer que os gastos com o policiamento e defesa vão aos chegar a mais de quatrocentos milhões de euros.

Salientou ainda que já foram feitas reuniões com o Corpo Diplomático, realizou-se um exercício de simulação de atentado e que pelos espaços vão andar cerca de oitenta e cinco mil policiais e outras forças de segurança.

Tornou-se por isso premente debater e aprofundar estratégias para suprir as vulnerabilidades de segurança dos grandes eventos desportivos no quadro de uma nova ordem mundial, bem como o contributo que o desporto, e o olimpismo em particular, podem prestar ao serviço de um mundo mais tolerante, solidário e humanista, empenhado na promoção da paz.

Foi premente debater e aprofundar estratégias para suprir as vulnerabilidades de segurança dos grandes eventos desportivos, no quadro de uma nova ordem mundial, bem como o contributo que o desporto, e o olimpismo em particular, podem prestar ao serviço de um mundo mais tolerante, solidário e humanista, empenhado na promoção da paz.

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