Como se previa – embora por pouco mais de duas dezenas de votos (um dos quais o de Portugal, fazendo recordar a “velha aliança” – o britânico e campeão olímpico Sebastian Coe foi eleito, esta quarta-feira, para presidente da Federação Internacional das Associações de Atletismo (IAAF na sigla inglesa e como é mais conhecida).
Coe somou 115 votos dos representantes de 207 países, tendo o ucraniano e também campeão olímpico e recordista mundial por mais de três dezenas de vezes Serguei Bubka obtido 92, o que demonstra algum equilíbrio, tendo por base, com naturalidade, o factor de ordem política em função dos vários blocos existentes.
O pendor para Coe terá tido como base, em especial, o papel desempenhado como presidente do comité organizador dos Jogos Olímpicos de Londres’2012, que teve um enorme êxito, a que se juntou a sua carreira de atleta ao mais alto nível e, provavelmente, o factor de ter sido parlamentar britânico, a que se juntou ainda a função desempenhada como vice-presidente da IAAF, aliás tal como Serguei Bubka.
Este foi o ponto mais importante do primeiro dia do 50º congresso da IAAF e o de maior significado, porquanto este debate entre duas figuras proeminentes chegou 40 anos depois do primado do então presidente Primo Nebiolo (eleito sem adversários) e com Lamine Diack, o presidente que agora findou as funções, a suceder ao italiano em 1999, por falecimento deste. Um debate que originou uma campanha árdua para estes dois campeões olímpicos.
Para Coe, o primeiro objectivo a “atacar” será a luta contra a dopagem no atletismo, face ao consecutivo aumento de casos positivos e, recentemente, à publicação pelo jornal britânico Sunday Times e o canal alemão ARD de reportagens denunciando que a principal entidade do atletismo mundial teria, supostamente, encoberto 800 casos de doping entre 2001 e 2012, com estes dois meios de comunicação a terem acesso a 12 mil exames de sangue de 5 mil atletas, o que colocou em suspeita um terço das medalhas conquistadas no atletismo em Mundiais e Olimpíadas nesse período de tempo.
“Esta luta é muito importante, mas não quero que pensem somente no atletismo, porque é um problema universal em todos os desportos”, disse Coe, defendendo a criação de uma agência antidopagem. “Tenho defendido isso, o que não questiona a capacidade dos nossos equipamentos em Mónaco (sede da IAAF), mas devemos reconhecer que há uma opinião geral de que há lacunas e provavelmente um sistema independente vai permitir acabar com qualquer dúvida”, disse o britânico após ser anunciado como futuro presidente da organização mundial do atletismo.
Sebastian Coe também anunciou que planeia aumentar para 200 mil dólares (o dobro do valor actual) os fundos que o Comité Olímpico Internacional (COI) transfere para cada uma das 214 federações nacionais de atletismo no período de quatro anos.
Artur Madeira