Contra-relógio à … portuguesa!
Quatro ciclistas portugueses confirmaram a força da raça lusa no contra-relógio que marcou a penúltima etapa da Volta a Portugal Liberty Seguros e que este sábado ligou a Praia de Pedrógão a Leiria, na distância de 34,2 km.
Contra a total supremacia do espanhol Gustavo Veloso, que venceu com 40.41 e aumentou para 2.21 a distância para o segundo classificado – para o caso outro português, Jóni Brandão, que não entrou nos cinco primeiros da prova – quatro representantes do país de Luís Camões deram “banho” nesta corrida, ocupando quatro das cinco primeiras posições neste contra-relógio.
É obra! Só que a rolar e a subir – com a excepção de José Gonçalves, que chegou entre os primeiros em algumas etapas – é que as “coisas” não funcionaram em pleno.
Ainda na etapa deste sábado, José Gonçalves (correndo pela espanhola Caja Rural) foi 2º (a 26 segundos), Rafael Reis (Tavira) foi 3º a 35 segundos, Ricardo Mestre (Tavira) foi 4º a 50 segundos e Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista) foi 5º a 56 segundos, numa grande jornada lusa.
Com esta vantagem, Veloso por certo que não deixará fugir mais um triunfo nesta Volta a Portugal num passeio de 132,5 km desde Vila Franca de Xira ao coração da cidade de Lisboa (Avenida da Liberdade), onde terminará esta 77ª edição da mais emblemática prova ciclística de Portugal.
Depois do triunfo, Gustavo Veloso sentia um alívio como ainda não tinha sentido apesar de estar de amarelo desde o terceiro dia de prova. “Sinto-me com a sensação de objetivo cumprido, mas durante a prova estive 40 minutos a “ganir até à morte”. Sabia que tinha rivais duros e não podia facilitar. Hoje é o primeiro dia em que já consigo respirar um pouco de alívio”, afirmou Veloso que, além de ser o quase vencedor acumulará a camisola amarela com a vermelha do Banco Bic (por pontos) e ainda o Prémio “Kombinado”.
Após as contas do contra-relógio, Veloso passou a dispor de 2 minutos e 21 segundos sobre o segundo classificado Jóni Brandão, enquanto Alejandro Marque, também da Efapel, subiu à terceira posição (a 2.28); Delio Fernández (W52-Quinta da Lixa) desceu para 4º (a 3.06), tendo sofrido uma avaria técnica. Em 5º está Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista), a 3.07.
Na montanha, Bruno Silva (LA Alumínios-Antarte) já tinha garantido a camisola azul Fundação do Desporto e a camisola branca RTP, da juventude, manteve-se na posse do russo Aleksey Rybalkin (Lokosphinkx).
Nas equipas, com a W52 a liderar à vontade, com num total de109h27m35s, tendo a Radio Popular/Boavista a 6.29 e o LA Aluminios Antarte a 7.36. Para o quarto lugar subiu a EFAPEL, que está a 16.08, com o Louletano a descer ao quinto lugar, a 18.41.
Nos pontos, Veloso soma 138, à frente de Delio Fernandez (103), Davide Vigano e Jóni Brandão, ambos com 73 pontos.
Na montanha, como se referiu, Bruno Silva é o vencedor (embora na última etapa haja a última contagem) com 77 pontos, à frente de Delio Fernandez (50) e Gustavo Veloso (44).
Na derradeira etapa, além de se consagrar o rei da volta, presta-se também homenagem ao que foi, em dois anos consecutivos (1982 e 1983) o melhor mecânico de bicicletas no mundo, Francisco Araújo, o privativo do saudoso Joaquim Agostinho.
Trinta e nove anos depois da última vez, Vila Franca de Xira será o local partida (13h30) da ligação até Lisboa, com 132,5 km, prevendo-se a consagração de Gustavo Veloso ao longo de toda a prova.
Pelo caminho, mais propriamente em Sacavém, o director de prova vai adiantar-se à corrida e parar na Praça Francisco Araújo para, em nome da organização, associar-se a um grupo de amigos e prestar homenagem ao histórico mecânico do ciclismo português. Em pleno percurso da Volta e na presença do próprio “Chico” Araújo, de 80 anos, a prova vai, por instantes, centrar-se na figura que sempre acompanhou e ajudou Joaquim Agostinho.
Quando a corrida chegar ao coração da capital portuguesa haverá um circuito final percorrido sete vezes passando o pelotão pelo Rossio, Avenida da Liberdade, Praça do Saldanha, Avenida da República (ponto de retorno no cruzamento com a Avenida de Berna) e regresso à Avenida da Liberdade, junto ao Marquês de Pombal onde estará a meta. A apoteose será o momento de consagração das diversas classificações e do Rei da 77ª Volta a Portugal Liberty Seguros.