A campeã mundial e bi-campeã europeia da maratona Manuela Machado foi, durante este ano, alvo de vários momentos de homenagem, protagonizados pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, que esta quarta-feira se concluíram com a inauguração requalificação da pista de atletismo do Estádio Manuela Machado.
Pista que vai continuar o trabalho de um centro de acolhimento e treino de mais de um milhar de jovens na época de 2015/2016, sob a batuta (e da restante equipa técnica) da maratonista portuguesa mais medalhada (três de ouro e duas de prata), cerimónia que teve a presença de Emídio Guerreiro, secretário de Estado do Desporto e Juventude e do Presidente e restante vereação da edilidade vianense, para além do presidente da Federação Portuguesa de Atletismo e outras individualidades (e foram muitas) que se associaram ao acto.
Aliás, bem se pode dizer que foi uma parada de estrelas, já que se contou com a presença – embora no segundo acto, apresentação do livro “Manuela Machado – 20 anos de campeã” – como a campeã olímpica Fernanda Ribeiro, a olímpica e campeã europeia de crosse Jessica Augusto, a campeã mundial Aurora Cunha e a antiga equipa do Sporting de Braga, com Albertina Machado, Helena Lobo, Fátima Novais, campeã europeia de crosse e estrada durante muitos anos.
Dois actos recheados de simbolismo quer para a atleta, em especial, quer para a edilidade – decorreu até este dia também uma exposição com os dados mais relevantes da carreira da atleta e antes tinha havido uma Tertúlia sobre o tema Manuela Machado – que foram realçados em público ainda antes de ser conhecido o texto do livro que foi escrito por Luís Lopes, comentador na RTP.
Falar de Manuela Machado é recordar a extraordinária garra de atleta de Cardielos que, ao longo de cinte anos de carreira, levou dez para chegar ao top, onde se manteve durante outros dez e ficando sempre com “mágoa” de não ter conseguido uma medalha olímpica, embora, como referiu na cerimónia, tenha frisado que “sinto-me, agora, como se estivesse no pódio a receber a medalha de ouro ao som do nosso bonito hino.”
Jorge Vieira, Maria do Sameiro Araújo (a grande responsável pelos êxitos da atleta), José Maria Costa (Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo) e Emídio Guerreiro enalteceram, quase em uníssono, as qualidades atléticas e pessoais de Manuela Machado, que não conseguiu impedir que as lágrimas lhe viessem aos olhos, tal como à sua técnica, porque recordavam vinte anos de uma estreia ligação que, acrescentou Sameiro Araújo “ficou para a vida inteira”.
Jorge Vieira deixou a novidade de que a Federação está a considerar a nomeação de Manuela Machado para “Embaixadora Honorária”, acompanhando as selecções, pela força de carácter, espirito de sacrifício e, em especial, pela facilidade de criar simpatia, empatia e promover a boa disposição junto dos atletas.
Sendo um “activo” mui nobre de Viana do Castelo – situação pouco ou nada veiculado pelo nosso país, não só em relação a Manuela Machado mas também aos outros campeões olímpicos, mundiais e europeus – a Câmara Municipal promoveu um excelente trabalho ao relançar a campeã da terra para fortalecer a divulgação e promoção do atletismo a nível dos mais jovens, por onde tudo começa, aliás ficou patente nas palavras de uma jovem e nova atleta da equipa dos Cyclones, que referiu ter “gostado muito da Manuela Machado e da sua forma de trabalhar e motivar, pelo que vou ficar cá por muito tempo”.
Mais um dia em cheio para a Manuela Machado. Merece tudo e muito mais deste país. E antes que se apague o brilho (quase já escondido entre as brumas da memória) de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Aurora Cunha, só para falar dos fundistas, é preciso que a sua presença pública seja avivada com urgência.
Muito obrigado Manuela Machado! Um exemplo de uma mulher campeã na estrada desportiva mas não tanto na estrada de um completo ser humano. Mas está para durar!