Sábado 23 de Novembro de 2024

EDP-Meia Maratona de Lisboa – Mo Farah com recorde europeu

mofaryApesar de Mo Farah poder não ter tido um início mais fogoso do que eventualmente se pretendia, para quem podia estar preparado para atacar o record mundial – face ao ter “acordado” para a vitória a cerca de dois quilómetros da chegada – a verdade é que o duplo campeão olímpico bateu o recorde europeu da meia-maratona.

Com o trabalho dos ”pace” (nome ora aplicado aos que antes se chamavam lebres, porque o efeito é o mesmo) realizado, a última parte da corrida masculina foi só para as estrelas tentarem brilhar a caminho da melhor marca mundial de sempre.

Aí, não há dúvida que os grandes animadores foram os quenianos Stephen Kibet e Alex Korio, que chegaram a ter uma grande vantagem do britânico (cerca de 100 metros), que seguiram sempre atrás das “lebres (pace), se bem que Kogo foi quem mais puxou ao longo do percurso.

Mo só “surgiu” na luta para o título – tacticamente ou não – nos últimos dois mil metros, quando imprimiu um andamento mais vivo, chegando-se e ultrapassando Kibet, primeiro e, depois, Korio, aqui a cerca de mil metros do fim.

Um triunfo e um recorde europeu (e também pessoal) com 59.32, retirando vinte segundos ao anterior registo (59.52) do espanhol Fabian Roncero, datado de 2001. Os restantes lugares do pódio foram alcançados pelos quenianos Micah Kogo (59.33) e Stephen Kibet (59.58), os únicos que correram abaixo da hora, ficando o cheque de cem mil euros – para um novo recorde mundial que não aconteceu e que continua a pertencer ao eritreu Zerzenay Tadese, com 58.23 – fechado na “arrecadação” para o próximo ano.

O melhor português foi Ricardo Ribas (14º com 1.04.23), à frente de Nélson cruz (1.05.26), tendo os africanos dominado tudo e todos, como se esperava.

Para Farah “cumpri o que pretendia fazer, apesar de ter começado a prova de forma algo lenta, chegando Mais à frente à medida que me comecei a sentir que tinha que acreditar em mim e tentar ganhar, uma vez que a meta estava cada vez mais perto”, acrescentando que “foi o que fiz e funcionou a minha ponta final para vencer com um recorde pessoal e europeu, o que considero muito bom”.

Quanto ao melhor português, Ricardo Ribas salientou que “fiz uma corrida normal, sem entrar em euforias, numa luta sempre desigual com os atletas africanos”.

Na prova feminina, a queniana Rose Chelimo dominou sempre a prova desde que o grupo da frente se começou a “desfazer”, onde Dulce Félix e Sara Moreira nele tenham andado até que também começou a fazer-se a selecção final.

Ao longo dos 21.000 metros, percebeu-se que Chelimo esteve sempre melhor, enquanto Sara se alinhou bem perto da queniana Prisca Jeptoo, tendo as duas caminhado quase a par até muito perto da linha final. Com a meta a aproximar-se, Sara “puxou” os galões para cima e acabou com um novo recorde pessoal a 1.09,19 (56 segundos depois da vencedora) mas menos três segundos do que Jeptoo, a quem coube a medalha de bronze.

Seguiu-se outra queniana, estreante em Lisboa, Purity Rionoripo (1.10.24) e Dulce Félix completou a prova no 5º lugar, com 1.10.27.De registar ainda o feito de Vanessa Fernandes, que chegou no 13º posto, com 1.14.21, a terceira portuguesa entre as quinze primeiras.

Sara Moreira estava muito satisfeita com o segundo lugar e com o recorde pessoal, tendo salientado que “pensei mais na marca do que no lugar de chegada, esse sim o principal teste em função da participação na maratona de Londres, no próximo mês, pelo que estou muito satisfeita”.

Por seu lado, Dulce dava nota de que “não estou triste mas talvez tivesse podido fazer um pouco melhor”, acrescentando que “fiz a minha prova sem pensar em mais nada, nem mesmo que fui campeã duas vezes à frente da Sara e agora não ganhei” o que salientou ser “um facto normal porque em desporto tudo é possível”.

Vanessa Fernandes salientou que “cumpriu a sua missão, sem ter em conta o andamento” e que “vou continuar a trabalhar todos os dias como tenho feito até aqui”, não decifrando o enigma que referiu ser “uma missão que está no segredo dos deuses”, pese embora esteja num projecto, com outros atletas profissionais, denominado “Run4Excelence”.

Na prova de cadeira de rodas, o vencedor foi o britânico David Weir, com 43.21, o mesmo tempo atribuído ao segundo classificado, o suíço Marcel Hug, com o espanhol Rafael Botello a fechar o pódio, com 46.00. Alexandrino Silva foi o melhor português (12º) com 50.32, seguido de Alberto Batista (16º) com 51.58.

Entretanto, um participante alemão, cuja identidade está ainda a ser confirmada, faleceu no Hospital São Francisco Xavier, após ter necessitado de assistência médica durante a prova.

O atleta, com cerca de 43 anos, terá falecido por “causas cardíacas”, depois de se ter sentido mal, recebendo apoio médico de imediato e transportado para o São Francisco Xavier, onde veio a falecer.

Nas Bodas de Prata, a competição bateu o recorde de inscritos (15.000) tendo, em conjunto com a mini maratona, contado com 35 mil pessoas a atravessar a ponte 25 de Abril

Artur Madeira

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