Segunda-feira 23 de Abril de 7240

Panathlon Clube de Lisboa na Educação para a Ética

panathlon gcp 22 abril

Panathlon CLisboa

Num dos debates “mais vivos” dos últimos tempos – acompanhado por representantes de alguns dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) – o tema da Educação para a Ética como que “escaldou” face ao que os oradores foram falando na hora e meia da sessão.

Com maior acuidade porque se está na Semana de Ação Global pela Educação (UNESO) e porque, diga-se em abono da verdade, o tema da ética continua a estar na mó de cima, não só por alguns exemplos divulgados, mas, também, porque os oradores se mostraram à altura do acontecimento, pese embora continuem a faltar respostas adequadas aos problemas que surgem.

Isto porque não há uma linha pragmática que consiga unir todos os parceiros envolvidos nesta área de conhecimento – altamente indispensável para termos uma saúde mental, físico-desportiva e intelectual – porquanto as tangências são muito menos do que as abrangências.

Começando pelo princípio da formação de um ser humano – falando-se de crianças e jovens – com a maior parte do tempo (cerca de 40 horas) – como referiu José Carvalho, representante do Desporto Escolar – em ambiente escolar sem que haja um programa que possa ser do agrado de todos, incluindo para os pais e o papel destes na correlação dos filhos com a atividade desportiva – que não é a mesma coisa do que educação física – porque há regras a cumprir.

Manuel Nery (psicólogo, Universidade Europeia), quanto à formação dos agentes à volta dos jovens, referiu que “há cursos para tudo, até para ser pai” sendo que os tempos vão mudando mas o avanço na atuação não é tão rápido com se exige, com Joana Gonçalves (treinadora e ex-presidente da Federação Portuguesa de Hóquei) a citar o caso do próprio filho relativamente ao assunto em discussão, se bem que tivesse frisado que a situação até foi positiva pelas funções que desempenhou (e desempenha, no Comité Olímpico de Portugal) no desporto.

Reforçando a nota de que “a prática do desporto é muito importante e que o papel do treinador também é relevante” importa que “os discursos dos pais e treinadores para os jovens tem que se adaptar aos tempos de agora”, isto quando é possível.

Gonçalo Parreira (Confederação das Associações de Pais) salientou que “os mais importantes são as crianças, mas sabe-se que os pais não estão tão perto dos filhos para que, desde pequenos, iniciem a educação sob os princípios dos comportamentos humanos que se devem seguir, que vão dar à ética e a outros vetores a ela associados”. Significativos de mais para poderem ser “esquecidos” no crescimento da criança.

Com a ex-jornalista Cecília Carmo (uma referência da RTP em tempos mais recuados) – que também foi praticante de desporto – a ser a “advogada do diabo” quanto à moderação, no bom sentido, questionou-se ainda se “os pais devem presenciar as atividades desportivas que os filhos praticam”, uma situação que é difícil de gerir de vários pontos de vista, aliás como se tem verificado um pouco por alguns recintos desportivos no país, quando os pais dos jovens resolvem ofenderem-se e, até, chegar a vias de fato, por causa de uma substituição do seu filho pelo filho do seu vizinho.

Por este pequeno “artefacto” se percebe como ainda estamos muito longe de termos, todos, a ética como ela deve ser entendida, chegando-se a outra interrogação que é a “forma de viver” e concluir que “o que andamos aqui a fazer”!

Ao contrário, outros pais querem seguir a vida desportiva dos filhos, mas não conseguem por motivo profissionais, incluindo nos fins de semana que, estando cansados, ficam a descansar e os jovens ficam em casa.

Para além disso, é muito provável que os pais pensem que os filhos estão na escola e, por isso, cabe aos treinadores acompanhá-los às competições. É evidente que há justificações, mas se não houver vontade de fazer mais e melhor pelos filhos, os jovens tendem a não ter apetência para a prática do desporto e vão ficando pelo caminho, perdendo-se muitos que poderiam vir a ser campeões de tudo e mais alguma coisa.

A autoestima, a motivação, a vontade de querer fazer mais são predicados dos jovens que não devemos deixar que se percam. Mas tudo isso passa pela disposição dos pais para poderem cumprir a sua missão.

Num recente estudo realizado nas escolas, numa centena de projetos analisados nada se referia ao desporto, situação que não é compatível com o que se pretende no presente e para o futuro,

tendo sido dito que a “escola perdeu a noção do brincar e do que fazer” para reforçar a autoestima de cada um.

A este propósito, Manuel Nery salientou que “a questão não se aplica apenas à escola mas também às sociedades ocidentais”, porque é preciso brincar para criar espirito de missão, devidamente orientada, abordando-se ainda a questão de muitos jovens serem levados a utilizar produtos farmacêuticos para “acalmar” a hiperatividade com que regressam a casa, porquanto na escola nada fizeram que os “obrigasse” a correr, saltar e o que mais se pode fazer em ambiente escolar, criando “déficit de atenção” quando nas aulas.

Abordou-se também o fator da competitividade porque todos “querem ganhar” e não “tentar ganhar”, o que seria sobre isto que se devia educar os jovens, como forma de “aprender a competir”.

Mas também não é bom dizer aos jovens que “podes ser o que quiseres”, porquanto passível de criar objetivos acima das possibilidades de cada um.

Há responsabilidades de todos (pais, professores, educadores, treinadores) para os males que vão surgindo no dia a dia.

É tempo de todos se unirem em torno de um modelo de educação (global) em que todas as vertentes contribuam para o bem-estar de cada criança e jovem, envolvendo todos os “stakeholders” num projeto de envolvimento global para se obter o melhor de todos para aumentar o número de praticantes desportivos e tornando-os ases do país. Com Ética!

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