O presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço, após assinar o termo de posse para o mandato de 2025/2028, elencou como prioridades deste mandato, entre outras, “o apoio ao desenvolvimento desportivo e ao projeto Esperanças e Talentos para que seja possível preparar e projetar a participação em Jogos Paralímpicos num horizonte mínimo de oito anos.
A cerimónia de tomada de posse dos Órgãos Sociais do Comité Paralímpico de Portugal para o quadriénio 2025-2028 teve lugar no Palácio Conde d’Óbidos, em Lisboa, numa sala repleta de muitas das figuras ligadas ao movimento paralímpico português e ao governo, tendo José Manuel Lourenço, presidente da Comissão Executiva e que agora inicia o seu terceiro mandato, lembrado que um longo caminho foi percorrido no sentido do reconhecimento dos movimentos Paralímpico e Surdolímpico nas suas múltiplas dimensões.
Salientou que também, tendo em conta as estatísticas nacionais e europeias que demonstram que a prática desportiva por parte da população com deficiência é muito inferior ao restante segmento da população, sublinhou a responsabilidade de continuar a contribuir para a mudança desse paradigma e trazer mais pessoas com deficiência para a prática desportiva, esse um desafio maior para os tempos vindouros.
“Se conseguirmos, através de uma prática desportiva mais ampla, aumentar a base de recrutamento, vamos assegurar o futuro do desporto paralímpico” tendo acrescentado que “no que diz respeito ao financiamento, insisto no que tenho afirmado: é importante que o financiamento do desporto para pessoas com deficiência se concretize em contratos específicos, que dotem as federações dos meios que lhes permitam recrutar e detetar talentos”, para além de outros vetores, consubstanciados em:
- Trabalhar no sentido de melhorar as condições para os atletas, ouvindo-os através da Comissão de Atletas ou em reuniões no âmbito dos programas paralímpicos e surdolímpicos;
- Incrementar a convergência com outras instituições de cúpula do desporto nacional, no sentido de promover mudanças no atual panorama do desporto, de modo a potenciar o aumento da prática desportiva e retirar o País das últimas posições do pelotão europeu;
- Operacionalizar o Contrato-Programa de apoio ao desenvolvimento desportivo 2025-2028 e, através dele, apoiar projetos estruturantes para o desporto para pessoas com deficiência;
- Contribuir para a alteração da legislação do dirigente desportivo, para que também aqui se possa processar a renovação e a criação de condições de trabalho, por forma a dignificar a função numa altura em que a sua exigência não é já incompatível com o tradicional modelo de voluntariado;
- Estimular a produção de conhecimento e parcerias com a academia, para mais e melhor conhecimento em diversas dimensões, potenciando investigação que melhor compreenda o fenómeno desportivo no seu todo e o desporto para pessoas com deficiência em particular;
- A normalização do Programa de Preparação Surdolímpica, o qual, nos últimos anos, não tem tido o apoio e reconhecimento que o Comité Paralímpico de Portugal julga ser justo;
- Promover junto do Instituto Português do Desporto e da Juventude a necessidade de as ações
de formação de treinadores serem mais ambiciosas nos conteúdos formativos relacionados com atletas com deficiência;
- Reforçar o trabalho com o desporto escolar, que deve tornar-se no verdadeiro viveiro de novos atletas, para que é importante haver uma melhor articulação entre as instituições desportivas e o desporto escolar, pretendendo o Comité Paralímpico de Portugal ser um parceiro ativo nesta missão;
- Trabalhar em conjunto com as federações na programação da preparação das próximas edições dos Jogos Paralímpicos e Surdolímpicos, garantindo as melhores condições possíveis de preparação e a equidade entre os diversos programas financiados pelo Estado, sempre numa atitude de transparência com todos os agentes envolvidos, em particular com os atletas;
- Aprofundar o programa de desenvolvimento da classificação desportiva para um maior e melhor conhecimento, contribuindo, assim, para uma classe mais justa e para uma melhor verdade desportiva»;
- Aprofundar parcerias com as autarquias, entidades responsáveis por uma grande fatia do desenvolvimento desportivo nacional, também no que diz respeito ao designado desporto para pessoas com deficiência;
- Potenciar o retorno aos parceiros e patrocinadores do Comité Paralímpico de Portugal, que tem de ser visto como tendo grande potencial para investimentos de patrocínio ou para ser parceiro em áreas de responsabilidade social.
José Manuel Lourenço disse quinda que “contem com a nossa colaboração e empenho no sentido de contribuir para a criação de melhores condições e colaborar, através dos nossos meios, para mais e melhor desporto».
O presidente do Comité Paralímpico de Portugal saudou também o homólogo do Comité Olímpico, Fernando Gomes, também presente na cerimónia, manifestando o desejo de que as duas instituições continuem a trabalhar em conjunto para encontrar as melhores soluções para o desporto.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, fez questão de elogiar e destacar “o trabalho notável que tem sido desenvolvido pelo Comité Paralímpico de Portugal, revelando que há um ano não conhecia José Manuel Lourenço, mas a ele ficando imediatamente rendido fruto da paixão e da teimosia positiva que o presidente da Comissão Executiva coloca na sua missão. Um trabalho que deixa a fasquia alta e a expectativa de que se continue sempre a melhorar”.
“Há razões que nos levam a acreditar que o futuro é promissor e que nos levam a esperar mais do que tivemos até aqui”, afirmou o governante, destacando, a propósito, o papel “transformador do desporto em muitas vidas através da inclusão e da autonomia”.
Pedro Duarte abordou ainda a “necessidade de se continuar a investir em infraestruturas e equipamentos para garantir que todos têm oportunidades”, lembrando que o XXIV Governo “definiu o desporto como área prioritária”, o que ficou espelhado num investimento extraordinário de 65 milhões de euros para o desporto e que será coordenado por Comité Paralímpico de Portugal e Comité Olímpico de Portugal”.
Na cerimónia de tomada de posse, marcaram igualmente presença, entre outras personalidades, o vice-presidente da Assembleia da República, Rodrigo Saraiva, o secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, a vice-presidente da Câmara Municipal de Loures, Sónia Paixão, o presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude, Ricardo Gonçalves, o presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), António Júlio Nunes e o presidente do Conselho Económico e Social, Luís Paes Antunes.
Nota também para a presença de Manuel Brito, que, entre outros cargos, esteve à frente do então Instituto Nacional do Desporto, do Conselho Nacional Antidopagem, do Conselho para a Ética e Segurança no Desporto e do Conselho Nacional Contra a Violência no Desporto, e para António Saraiva, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa.
Recorde-se que a Comissão Executiva e o Conselho Fiscal do Comité Paralímpico de Portugal são agora compostos pelos seguintes membros: Comissão Executiva Presidente: José Manuel Lourenço. Secretário-geral: Carlos Lopes. Tesoureiro: Jorge Correia. Vice-presidentes: Leila Marques Mota, José Carlos Pavoeiro, Ana Filipa Godinho, Sandro Araújo e Tiago Carvalho. Vogais: Patrícia Rosa e Daniel Videira. Conselho Fiscal Presidente: Ricardo Marques. Secretário: Rui Marta. Relator: Filipe Rebelo.
Ana Castro brilhou em Barcelona
A nadadora lusa participou no Para Swimming World Series e bateu recordes nacionais em todas as provas em que participou.
Ana Castro esteve a altíssimo nível no Para Swimming World Series que decorreu em Barcelona. A atleta nacional, que compete na classe S8, participou em quatro provas — 100m livres, 400m livres, 200m estilos e 100m mariposa — e em todas bateu os recordes nacionais, que, de resto, já eram sua pertença.
Ana, que representa o FC Porto, só nos 100m livres não chegou à final B da competição.
O seu desempenho valeu-lhe os mínimos para marcar presença no Campeonato do Mundo, que este ano terá lugar em Singapura entre 3 e 9 de outubro.
Na final B dos 100m mariposa, Ana Castro fez o tempo de 1.25,90 — bateu o recorde nacional que estava fixado em 1.28,45 — e classificou-se em 5º lugar; nos 200m estilos, terminou a prova com 3.17,06, menos dois segundos do que a anterior melhor marca nacional — 3.19,65 —, classificando-se em 4º lugar; na final B dos 400m livres, terminou no 1º lugar com 5.36,96 e pulverizou o anterior recorde nacional de 5.42,76.
Apesar de não ter conseguido a qualificação para a final B dos 100m livres, a atleta natural de Santa Maria da Feira conseguiu, igualmente, retirar quase dois segundos e meio ao seu anterior recorde, 1.18,99, terminado a prova preliminar com o tempo de 1.16,54.
Refira-se que em Barcelona também marcaram presença os nadadores Luís Nascimento e Ricardo Soares.