O Prof. Mário Moniz Pereira, que faria 104 anos em 11 de fevereiro deste ano, continua vivo na memória, em especial, de muitos atletas que por ele foram treinados ou orientados, neste último caso os que não pertenciam ao Sporting Clube de Portugal, o seu clube de sempre!
O Técnico que, no verão de 1975, teve a ousadia de apresentar um plano para a alta competição na modalidade, que tinha em vista criar condições semelhantes às que muitos atletas estrangeiros tinham há bastante tempo, o que foi percebendo ao longo da presença, cada vez mais assídua, nos maiores eventos internacionais, primeiro na área específica que respeitava ao meio-fundo e fundo.
Isto porque as distâncias mais longas foram as que começaram a sobressair mais depressa, em especial desde que Manuel Faria e Manuel Oliveira “saltaram” para as primeiras páginas da comunicação social nacional e internacional, face aos êxitos alcançados na São Silvestre de São Paulo (com triunfos de Faria) e também por Oliveira (na mesma prova) e depois que chegou a finalista dos 3.000 metros obstáculos nos Jogos Olímpicos, no que foi o primeiro português a chegar a este nível.
Antes disso, Moniz Pereira diria, ainda que “baixinho”, que “não me conformo enquanto não conseguir que um atleta português, por mim treinado, seja campeão olímpico, o hino português seja ouvido e a bandeira nacional seja colocada no mais alto mastro do Estádio”.
Não seriam nem Faria nem Oliveira, que estavam prestes a terminar a carreira, que chegariam a esse ponto. Nem havia no “arquivo” da Federação qualquer ficha de um outro atleta que se vislumbrasse como o candidato a esse desiderato!
Situação que não era – não foi – problema para Moniz Pereira, cognominado como Senhor Atletismo!
Mas eis que, a partir de 1967, para os lados de Viseu, vislumbrou-se um atleta que deu nas vistas aos primeiros passos.
De seu nome Carlos Lopes, este então jovem depressa “correu” para o céu que se começava a estrelar para Portugal.
Mas Moniz Pereira levou 39 anos para atingir a meta a que se tinha proposto, depois de fazer um “pacto” com o jovem Carlos Lopes para que os dois pudessem cumprir o sonho, sempre presente, primeiro em Moniz Pereira e depois também em Carlos Lopes.
Passaram 104 anos (e quase nove anos sobre a sua morte) e o feito de Moniz Pereira nunca mais foi igualado. Porque foi único. Porque nasceu de uma vontade férrea de duas almas que se completavam. Que eram os melhores. Que foram os mais ousados, resilientes, transcendentes para os dias que correm!
E que ainda não chegou a hora de Mário Moniz Pereira ser considerado o melhor cidadão do século XX, na área do desporto, para ser colocado no local a que devia ter direito!
Aguarda-se que, quem de direito, se lembre deste ser que merece o paraíso dos Deuses do Desporto em Portugal.