“Viemos para fazer uma explosão de federados na base e para ganhar troféus no topo. Ou não dissesse o nosso hino que é preciso levantar de novo, todos os dias, o esplendor de Portugal” – referiu Pedro Proença, candidato à Federação Portuguesa de Futebol.
Perante os 63 delegados subscritores da candidatura (75% do colégio eleitoral), representantes de Associações Distritais, de todas as Associações de Classe e dos Clubes, o candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol apresentou a equipa e um programa de Governação para 12 anos, estabelecenfo prioridades (Formação; Governação, Arbitragem, Justiça, Quadros Competitivos) e relançando a ambição desportiva, sobre o mote de “Unir o Futebol”.
O principal auditório da casa do futebol nacional acolheu cerca de 170 convidados, entre os quais os 63 delegados à Assembleia Geral da FPF, que subscreveram e apoiaram pubicamente a Lista encabeçada pelo ainda presidente da Liga Portugal.
No discurso formal, Pedro Proença começou por dizer ao que vinha, salientando que “no próximo dia 14 deste mês de fevereiro, as delegadas e os delegados à Assembleia Geral vão escolher o 35º Presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Se a felicidade é uma prenda que não se deve esperar, mas aproveitar… então hoje é um dia feliz. E sendo um dia feliz é um dia para aproveitar ao máximo. Sou formalmente candidato ao cargo que será a maior responsabilidade de toda a minha vida profissional: Presidente da Federação Portuguesa de Futebol”.
E além dos representantes de 13 Associações Distritais, de todas as Associações de Classe e dos Clubes, marcaram presença notáveis da Comissão de Honra, demais personalidades e ex-futebolistas (Carlos Queiroz, Armindo Monteiro, Valentim Loureiro, Luís Osório, Gilberto Madail, Eduardo Barroso, Dias Ferreira, João Braz Frade, João Vieira Pinto, João Paulo Rebelo, António Oliveira, António Simões, Pedro Santana Lopes, Joaquim Oliveira, Miguel Relvas, D. Américo Aguiar, Mónica Jorge, Arménio Pinho; Ricardo Quaresma, Costinha, Beto Severo, Beto Pimparel, Helton, Alan Osório, Sílvio e Jorge Andrade).
Num discurso em que estabeleceu as prioridades para Federação Portuguesa de Futebol, atravessando as diversas áreas de intervenção, Pedro Proença relacionou Formação, a ambição desportiva e excelência governativa, como forma de implementar uma renovada fase de sucesso no futebol nacional.
A propósito, referiu que “não é habitual amedrontar-me. Viemos para fazer uma explosão de federados na base e para ganhar troféus no topo. Ou não dissesse o nosso hino que é preciso levantar de novo, todos os dias, o esplendor de Portugal. Até por essa responsabilidade tão forte de carregar as quinas ao peito, a Federação precisa de sujeitar-se a um novo modelo de governação. Exigente, integrado, sujeito a escrutínio e certificado por entidades independentes. É outra missão para uma década. Todas as áreas e todos os processos da Federação Portuguesa de Futebol que sejam certificáveis vão passar por esse caminho. Estamos no século XXI e a seriedade não se afirma em palavras, escrutina-se nas ações”.
Pedro Proença anunciou a proposta de criação de novos órgãos consultivos na maior federação desportiva nacional, desde logo, “o Conselho Superior, o Conselho Estratégico e a Comissão dos Delegados”, frisando que “vamos fazê-lo porque o nosso lema é unir, unir, unir. E porque quem confundir divergência com divisão não sabe o que é a primeira e irá alimentar-se sozinho da segunda. Não me desviarão deste sonho: um futebol português unido, a uma só voz, mas com muitos pensamentos”.
O candidato mostrou a visão de uma FPF que seja “motor de uma mudança irreversível de mentalidades”, abordando temas como desporto jovem e a “baixíssima taxa de prática de atividade física na juventude, situação que prejudica a vida das federações desportivas, o sucesso e a excelência em todas as modalidades. E, porque não assumir, desperdiça uma oportunidade de prevenção de boa saúde pública”, acrescentando que “esta será a causa das nossas causas. A maior de todas num chapéu comum que será a nossa futura Fundação”.
Destacou que a Federação “não é uma organização política”, porque “não defende partidos nem os ataca”, insistiu que a sua missão deve centrar-se “nos atletas e para os atletas”. Em particular, no Futebol Feminino: “Sei, e não negligencio, que se fez um fortíssimo investimento no feminino, mas sem medo de palavras, temos todos de fazer mais. A defesa das mulheres é uma causa que nos toca. Como ator e agente social, precisamos de fazer a bola andar mais depressa e para isso precisamos de mais treinadoras e árbitras. Entendo bem o investimento em promoção da prática e os esforços no topo da pirâmide mais mediática, mas falta um trabalho sólido na base”.
Recusando apresentar um programa como uma simples “lista de distribuição de recursos financeiros que não dão mais que uma notícia sem consequência”, Pedro Proença assumiu para a FPF a responsabilidade de “crescer com os seus associados, porque está viva e deve ser capaz de criar valor em conjunto. Crescer junta com os seus associados e não, como em tempos recentes podemos ter visto, a ritmos tão diferentes que uns sócios pareciam seres de outra galáxia enquanto o planeta FPF ia aumentando de tamanho”.
Neste domínio, evidenciou o momento das Associações Distritais, carecidas de um “plano sério de fortalecimento, de capacitação, de autonomia e de crescimento, o que só se faz com um futebol que se une e não se afasta. Com planos locais e regionais ambiciosos e recursos competentes. Nas dezenas e dezenas de conversas que mantive com as nossas associações estamos de acordo no diagnóstico. A próxima década terá de ser delas e do seu definitivo crescimento e afirmação regional”, assumiu.
Pedro Proença estendeu a sua visão unificadora às Associações de Classe. “A Liga e os sócios de classe não são adversários. São família. Vou repetir: a Liga e os sócios de classe não são adversários… são família. Vão ver-me, por isso, muitas vezes no Sindicato de Jogadores, na Associação de Treinadores, de Dirigentes, de Médicos e Enfermeiros, na Associação de Árbitros. Vão ver-me em todo o lado”.
Nesta lógica inclusiva, Pedro Proença nega o facilitismo de apresentar uma visão programática fechada. “Todas as boas ideias terão em nós análise e ponderação e todas as que nos chegarem serão decididas. Quem se achar senhor de uma só verdade vai enganar-se a si próprio e não vai deixar saudade”.
E num desígnio de aproximação à base, lançou a proposta de “avaliação e implementação de um polo desportivo e administrativo da Federação Portuguesa de Futebol no Norte de Portugal”, projeto que não pode ser adiado.
Urgência identificada no Programa Unir o Futebol é, igualmente, a implementação de um Plano Nacional de Arbitragem e de uma nova Justiça, célere e eficaz, porquanto “uma Federação forte não se faz com uma arbitragem fraca ou uma disciplina incompreensível. A competência da primeira e a compreensão da segunda podem inverter-se numa lógica que a ambas tem faltado”, afirmou, evidenciando que “este mandato a que me candidato não terminará sem uma profissionalização absoluta do setor da arbitragem. Uma realidade que passará pela implementação de um modelo empresarial para a gestão do setor”.
A Disciplina “exige um caminho de dedicação tendencialmente exclusiva para os seus protagonistas principais. Essa evolução foi feita na Federação em 2016, mas foi abandonada no mandato que agora termina. Em nossa opinião foi um erro que procuraremos corrigir. Só com uma arbitragem totalmente profissional, uma disciplina dedicada a 100% e ambas absolutamente autónomas de qualquer interferência de outros órgãos federativos se constrói o respeito que é há muito devido e para o qual não estamos todos a fazer o que podemos”.
Ponto central no programa da candidatura é também a revisão dos quadros competitivos, numa abordagem que será transversal. “Estamos todos a assistir aos modelos das provas europeias e de como os organizadores das competições as podem tornar mais imprevisíveis e emocionantes. Da Supertaça à Taça de Portugal, do feminino ao futebol de formação, do futsal ao futebol de praia, nada deixará de ser revisto, analisado e proposto”.
Pedro Proença lançou a possibilidade de disputa no estrangeiro de alguma provas “nomeadamente uma Supertaça totalmente relançada no calendário desportivo”, em complemento à missão internacional das Seleções. “Não podemos continuar a fingir que Portugal e o nosso futebol se promovem exclusivamente pelas nossa Seleções. Não é verdade. Os nossos clubes são embaixadores e “players” que precisam de ser todos os dias mais globais. E a Federação tem de liderar esse novo caminho”.
Focando-se novamente no domínio da Formação, o candidato chamou a atenção para as eleições autárquicas em outubro e para a necessidade de “olhar para os programas eleitorais dos municípios, percebendo quem quer genuinamente ajudar o desporto a subir de nível”. Um momento que exige “uma grande articulação com as associações distritais de futebol” porque, mais uma vez, “sem a base de recrutamento subir muito, a luta pelas conquistas nas Seleções ficará cada vez mais difícil”.
Sobre e as Seleções em particular, “as mais poderosas embaixadoras da marca Portugal no Mundo”, Pedro Proença identificou a necessidade de “cultivar uma ambição de vitória e de valores permanentes”, assegurando “estabilidade”. Salientou ainda que “em nenhum azulejo destes balneários faltará apoio, ambição e luta. A exigência terá, no campo desportivo, de ser acompanhada de prudência. A Federação tem selecionadores de qualidade inegável, em quem confiamos para implementarem esta política de ambição permanente. A transição normal e saudável da gestão federativa não precisa, especialmente a meio de uma época desportiva, de ser acompanhada de revoluções ineficientes. Máxima confiança, máxima responsabilidade”.
Finalizando com a máxima de “fazer tudo o que ainda não foi feito”!