Quinta-feira 30 de Janeiro de 2025

Memorável e Inesquecível: Portugal garantiu as meias-finais, ante a Alemanha, no Mundial de Andebol em Oslo

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Sasa Pahic Szabo / kolektiff / FAP

Em jogo de uma vida, numa colossal exibição de alto nível que ficará para sempre gravada nos corações de milhões que viram o jogo desta quarta-feira, Portugal deu mais um importante passo para se tornar uma das quatro melhores equipas no Mundo do Andebol.

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Para isso, começou da melhor maneira, ao obter o primeiro golo, mantendo uma vantagem que chegou a ser de quatro golos, depois ora de um, ora de dois golos, até completar os 60’ minutos de jogo com um empate (26-26), numa partida jogada a ritmo indescritível, com fatores positivos e menos positivos para uma e outra equipa, que acabou por levar as duas formações para um prolongamento (5+5’) para desempatar.

Num prolongamento de um duelo de loucos, a equipa portuguesa voltou a fazer história ao integrarem o lote das quatro melhores seleções à escala planetária, com o duelo a valer um lugar na final a decidir frente à tricampeão do mundo Dinamarca, esta sexta-feira, após vencer a poderosa Alemanha no prolongamento e voltou a colocar mais uma estrela numa campanha sem precedentes no panorama do Andebol português, que é já a melhor participação de sempre numa grande competição sénior.

No sete inicial, Portugal apresentou-se com Diogo Rêma Marques, Leonel Fernandes, Martim Costa, Rui Silva, Francisco Costa, António Areia e Victor Iturriza.

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Os guarda-redes Diogo Rêma Marques e Andreas Wolff apareceram bem cedo numa partida com um início atípico, marcado por ataques curtos e eficácia nula para os germânicos após três minutos, depois do golo inaugural de António Areia (1-0). Aos 5’ Andreas Wolff já levava cinco defesas, mas o homónimo português tinha três e 100% de acerto.

Aos 6’ Victor Iturriza assinou o 2-0 antes de Renārs Uščins abrir a contagem para os alemães (2-1). Com excelentes indicadores defensivos, Portugal cumpriu no ataque e chegou aos três golos à maior (4-1), pela mão do capitão Rui Silva, aos oito minutos.

Aos 10’ Luís Frade estreou-se em funções ofensivas, no mesmo ataque em que Portugal dilatou a diferença para uns inéditos quatro golos (5-1). Com apenas um golo marcado em 10 minutos, a intranquilidade dos alemães era cada vez maior e o selecionador Alfreð Gíslason pediu o primeiro time-out da partida.

No reatar do jogo após a paragem, estreou-se Juri Knorr – uma das estrelas – e a Alemanha começou a mostrar sinais de melhoria, depois de reduzir para 5-2. Aos 13’ surgiu a primeira exclusão para os Heróis do Mar que, ainda assim, conseguiram manter-se a uma distância de três golos (6-3).

Paulo Pereira optou por parar o jogo aos 19’ depois da Alemanha se ter aproximado (7-5), numa altura em que a produtividade no ataque tinha baixado. Após a paragem, os alemães continuaram a crescer na defesa e reduziram até à diferença mínima (7-6), à entrada dos últimos 10 minutos da primeira parte. Para “ajudar à festa”, o guardião Andreas Wolff somava oito defesas.

Com 21 minutos decorridos, Portugal quebrou – finalmente – o longo período sem golo (8-6), em superioridade, e ganhou ânimo, disparando de novo até aos quatro golos (11-7), aos 25 minutos, com algum azar à mistura para os germânicos.

Uma nova exclusão para Portugal abriu caminho a uma nova aproximação contrária (11-9), perto do soar da buzina, mas havia ainda um último truque na manga dos portugueses, materializado em parcial de 2-0. Francisco Costa era o melhor marcador ao intervalo com quatro golos marcados intervalo (13-9).

No recomeço de jogo, Salvador Salvador integrou a primeira linha em detrimento de Martim Costa e houve trocas nas pontas, com Diogo Branquinho e Pedro Portela a estrearem-se.

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Equilíbrio foi palavra de ordem até aos cinco minutos, altura em que apareceu a maior contrariedade para Portugal em todo o jogo: Luís Frade foi desqualificado, depois de uma ação defensiva, numa decisão com recurso ao Video Replay.

Era a prova de fogo para os Heróis do Mar… que conseguiram não perder o rumo até voltarem a estar em igualdade numérica. Aos 39’ Portugal vencia por 17-14.

Aos 40’ foi a vez da Alemanha ficar a jogar com menos um elemento, mas a reação foi irrepreensível e a diferença mínima voltou a aparecer (17-16), com Portugal a ter marcado apenas dois golos em oito minutos.

Aos 43’ Paulo Pereira pediu time-out quando a Alemanha voltou a reduzir para 18-17.

Na sequência da paragem, o azar bateu à porta dos portugueses e o empate apareceu à entrada dos 15 minutos finais (18-18), algo que não se via desde o início do jogo.

O cenário ficou pior quando Portugal teve que jogar cerca de dois minutos com menos dois elementos em campo, depois de uma exclusão para Rui Silva e para o Selecionador Nacional, Paulo Pereira. A Alemanha aproveitou para consumar a reviravolta e passar pela primeira vez para a frente (18-19). Com a ajuda de Andreas Wolff [que seguia com 45% de eficácia], os alemães dobraram a vantagem logo a seguir (18-20). No momento mais crítico, Paulo Pereira pediu time-out.

O guarda-redes alemão não dava sinais de quebra e chegou às 15 defesas aos 52 minutos, mas Gustavo Capdeville entrou para ser decisivo e ajudou Portugal a restabelecer o empate (22-22), com Fábio Magalhães em funções ofensivas.

Aos 53’ foi a vez da Alemanha passar pelo mesmo que Portugal: duas exclusões praticamente em simultâneo, aos 54 minutos. Alfreð Gíslason pediu time-out.

No reatar da partida, a Alemanha conseguiu não perder a vantagem em dupla inferioridade, também com grandes responsabilidades para o guardião de 33 anos do THW Kiel.

Uma exclusão para os alemães ajudou os Heróis do Mar e, com 40 segundos para jogar, o marcador ditava uma igualdade a 26 golos, com posse de bola para a Alemanha, em ataque trabalhado em time-out. Mas Portugal impediu o golo e o jogo seguiu para prolongamento, com justiça.

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Portugal entrou com tudo na primeira parte do prolongamento e foi Martim Costa a assumir as despesas: marcou o golo da reviravolta e também o que dobrou a vantagem (29-27), a pouco mais de um minuto do intervalo. A Alemanha ainda reduziu para. 29-28.

Depois da troca de lados, Andreas Wolff chegou às 21 defesas depois da Alemanha ter empatado a 29 golos. Numa reta final de loucos, Martim Costa deu o golo de uma vitória inesquecível (31-30).

Francisco Costa – 8 golos (53% eficácia) e 4 assistências – foi o MVP e também o melhor marcador.

Para Paulo Pereira, o selecionador nacional, “o tónico tem crescido desde o início até agora. Não sabíamos muito bem o que é que ia acontecer no início. Andámos à procura de soluções com a questão do Miguel [Martins] e do [Alexandre] Cavalcanti, a quem também, dedicamos este percurso. Fomos encontrando soluções, com toda a gente disponível para ajudar, e o que eu sinto é que esta malta cada vez tem um coração maior. Por vezes, não sei onde é que eles vão buscar forças para continuar com estas adversidades. E isto até é, de certa forma, comovente, ver como é que eles lutam. Tem sido orgulho fantástico.”

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Heróis do Mar bateram o recorde de golos marcados, superando os 219 de 2003

Paulo Pereira acredita que com este grupo de atletas Portugal pode sonhar até ao fim. A simplicidade tática revelou – uma vez mais – a alma destes Heróis que, garantem pelas palavras do seu técnico, vão ‘para cima deles’, tendo acrescentado que “houve uma coisa que aconteceu hoje que foi interessantíssima. Nós tínhamos várias coisas para jogar, mas com esta saída do [Luís] Frade isso ficou um bocadinho condicionado, mas o que é certo – e isto é um bocado teórico – é que nós regressámos ao básico do jogo, para ir procurar quase sem perder energia, sem dúvida nenhuma que era aquilo que tínhamos de fazer”.

Referiu ainda que “havia atletas que estavam tão metidos nas ações que eu acho que durante a maior parte da reta final do jogo, nós fizemos só uma ação e quase sempre encontrámos coisas. Mas isto tem a ver muito com o coração que as pessoas têm, de querer lutar até o fim, lutar contra o pré-estabelecido. Portanto, continuamos. Agora temos a Dinamarca, tricampeã do mundo e podemos garantir que nós vamos para cima deles. Agora, não sabemos o que é que vai acontecer em termos de resultado”.

O treinador português destacou a prestação do pivô Victor Iturriza que foi ‘obrigado’ a participar em todas as fases do jogo após a desqualificação de Luís Frade, tendo expressado que “em relação ao Victor [Iturriza], eu acho que foi o melhor jogo que eu vi fazer na vida dele, porque o facto do [Luís] Frade não estar presente fez com que nós lhe atribuíssemos praticamente o tempo todo de jogo em termos defensivos e ofensivos. E, ainda por cima, o modelo de jogo da Alemanha é um modelo que foca muito o início do ataque no defensor três, que é a posição dele. Sabíamos mais ou menos de que forma eles iam atacar a posição três. Em função da informação que tínhamos ele cumpriu e conseguiu resolver todos os problemas que ali aconteceram, desde o [Jurri] Knorr ao [Luca] Witzke. Foi muito difícil passar pelo Victor hoje e depois, ainda por cima, marcou sete golos ao [Andreas] Wolff, que é um dos melhores guarda-redes do mundo. Temos de estar muito agradecidos ao Victor, e não só, mas em termos ofensivos, o Rui Silva, os irmãos Costa.”

Quanto à exibição de Martim Costa, o selecionador nacional trouxe uma confidência, mas no fim o lateral esquerdo correspondeu e assinou o golo que garantiu a Portugal a presença nas meias-finais, tendo referido que “eu tinha-lhe dito, hoje de manhã, que ele ia fazer um grande jogo. Sentia isso. E no início do jogo percebi que provavelmente me tinha equivocado, mas pouco a pouco ele foi entrando no jogo e acabou por fazer esta parte final de jogo, que foi uma coisa brutal para além do golo da vitória. Foi lutar contra tudo e contra todos. A tática foi o mais simples possível e era o Martim [Costa] a resolver e a criar situações de desequilíbrio. Com atletas destes, podemos ir a qualquer sítio.”

francisco costa mvp 29 jan Outra confidência de Paulo Pereira foi sobre o seu sonho de conquistar uma medalha: “Eu tenho uma pedra escrita… e uma das coisas que eu escrevo lá é ‘WC’, World Champion. Não refiro lá nada, mas a minha sensação é que algum dia poderia ganhar uma medalha. Eu não sei se isso vai acontecer neste campeonato, mas o que é certo é que estamos muito perto. Para que isso aconteça, temos de ganhar ao tricampeão do mundo. Isso é realmente uma montanha muito alta de escalar. Toda a gente sabe o que é a Dinamarca, mas este sentimento eu já o tenho há muito tempo e trabalho para isso. Agora é muito difícil que isso aconteça e é preciso ter uma série de fatores que se reúnam, mas sobretudo ter um grupo de jogadores com estas características. Isto pode nos levar a qualquer sítio.”

 

 

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