International Handball Federation / Sasa Pahic Szabo
A equipa portuguesa resistiu a 45 minutos de desvantagem, mas carimbou um triunfo importante em duelo especial ante o Brasil, conquistando o direito a passar à segunda fase do Mundial de Andebol, em jogo realizado em Oslo.
Mais “Heróis do Mar”, a formação nacional conseguiu racionalizar e começar a mudar o “ship” ao longo do segundo tempo, depois de ter ficado, pela primeira vez na partida, apenas a um golo, numa altura em que os brasileiros começaram a “dançar o vira” – o “estilo” apresentado por Portugal – ante o “forró” brasileiro, que só teve “pernas” até que “De Rosa”, o guardião do outro lado do atlântico, começou a “esfumar-se”!
Esta sexta-feira, foram exatamente 3/4 do jogo em desvantagem, diante de um conjunto ambicioso e moralizado, que abriu a competição com uma surpreendente vitória diante da poderosa Noruega, mas o espírito resiliente e a qualidade da equipa das Quinas fez a diferença. Com o segundo triunfo de Portugal em solo norueguês veio também o carimbo da passagem ao Main Round.
Com o 7 inicial composto por Diogo Rêma Marques, Leonel Fernandes, Martim Costa, Rui Silva, Francisco Costa, Pedro Portela e Victor Iturriza, o ponta Leonel Fernandes foi a única novidade na formação lusa face ao jogo inaugural e, do outro lado, Edy Silva, pivô do Sporting, era titular pela seleção canarinha. Portugal entrou mal na partida: três primeiros ataques e Victor Iturriza excluído com apenas 1’20 decorridos na Unity Arena.
Haniel Langaro, a estrela da companhia [autor de oito golos contra a Noruega no arranque do Mundial] assinou os dois primeiros golos do Brasil (0-2). Com a ajuda de Rangel da Rosa entre os postes, a manter a baliza inviolada, os brasileiros aumentaram o parcial em mais dois (0-4), com seis minutos decorridos. Portugal mostrava algum nervosismo e Paulo Pereira pediu o primeiro time-out aos 7′ numa altura em que a eficácia nula contrastava com os 80% do Brasil.
Após a paragem estrearam-se Fábio Magalhães, Luís Frade e Salvador Salvador e Portugal melhorou na defesa, dando seguimento no ataque com um parcial de 4-1 (4-5), com uma exclusão para o Brasil pelo meio. Nesta altura o Brasil já não marcava há quase 10 minutos.
A meio da primeira parte o Brasil vencia por 6-4 com Haniel Langaro em grande destaque ao apontar quatro dos seis golos brasileiros. Portugal conseguiu encurtar distâncias até ao mínimo por diversas ocasiões, mas o guarda-redes Rangel da Rosa estava inspirado e já levava 9 defesas em 20 minutos.
Na reta final da primeira metade, entrou em cena o 7×6 português – já com Gustavo Capdeville entre os postes – e a diferença voltou a tocar no mínimo (9-10), à entrada dos últimos cinco minutos. Mas com algum azar e falta de acerto no ataque, Portugal voltou a ver o adversário disparar até aos quatro golos (10-14), aos 28 minutos, para se concluir o primeiro tempo com um 15-12 para o Brasil.
As dificuldades persistiram no arranque da segunda parte, mas com melhorias na defesa e mais agressividade, Portugal reduziu para dois golos (16-18), seis minutos após o recomeço.
Em cima dos 40’ foi Salvador Salvador a assinar o 18-19, quando Gustavo Capdeville começava a mostrar serviço na segunda parte. Rangel da Rosa perdia força na baliza do Brasil e Portugal ia conseguindo responder de forma sistemática às investidas contrárias, mas a liderança teimava em não mudar de mãos. No entanto, aos 45 minutos, tudo voltou ao início, quando Rui Silva e António Areia desenharam o 22-22.
A tão procurada reviravolta apareceu aos 46’ pouco depois da oitava defesa de Gustavo Capdeville, pela mão de Martim Costa (23-22).
Depois de um time-out pedido por Paulo Pereira aos 50’ foi a vez de Francisco Costa assinar o 25-23 para dar dois inéditos golos de vantagem a Portugal e, logo a seguir, Martim Costa aumentou a contagem para 26-23.
Na sequência da paragem apareceu o 7×6 brasileiro e uma defesa profunda na tentativa de condicionar ao máximo a ação dos homens da primeira linha portuguesa. Mas Portugal estava em crescendo a todos os níveis: o recém-entrado João Gomes assinou o 27-23, Salvador Salvador aumentou a vantagem para cinco (28-23) e Gustavo Capdeville já somava duas mãos cheias de intervenções importantes, aos 56 minutos.
Até ao final, Portugal segurou a liderança e festejou uma fantástica vitória (30-26) que valeu também a passagem ao Main Round do Campeonato do Mundo.
Entretanto,
Martim Costa foi considerado o MVP & Top Scorer – 9 golos (64% de eficácia) e 2 assistências.
Paulo Pereira, selecionador nacional, salientou que “este grupo de jogadores vai aprendendo muito. Não quer dizer que não volte a acontecer… mas a verdade é que, anos atrás, nós provavelmente já tínhamos desistido do jogo e nunca desistimos. Fomos sempre à procura de soluções, e tem sido árduo, por causa das alterações de última hora que temos feito, estamos a jogar um pouco no escuro à procura destas soluções. O que é certo é que fruto da vontade de fazer bem deste grupo de atletas, tendo atletas como, por exemplo, o Salvador [Salvador] – vou citar só um, que tem um coração enorme, uma alma gigante e os outros vão atrás. Nós temos um grupo de pessoas que, dentro do que é a dificuldade, tenta encontrar soluções em conjunto e fico sempre muito orgulhoso quando estas coisas acontecem. Mas agora já só pensamos no jogo com a Noruega. Se queremos ter opção de chegar aos quartos de final, temos de lutar e nunca deixar de lado a hipótese de vencer aqui, na Noruega.”
Martim Costa, o melhor em campo, referiu que “o Brasil entrou muito agressivo na defesa, estava difícil superá-los e quando superávamos o guarda-redes [Rangel da Rosa] aparecia – fez uma belíssima primeira parte. Na segunda parte conseguimos fluir muito mais o ataque, criar melhores situações de remate e a bola começou a entrar e na defesa estivemos muito bem, sofremos 11 golos e tivemos muito tempo sem sofrer nenhum golo. Foi um grande jogo, uma vitória muito importante e agora é preparar o jogo com a Noruega”.
O terceiro jogo de Portugal esta fase de grupos, realiza-se no domingo (19h30), podendo ser visto na RTP2.
