Quinta-feira 21 de Novembro de 2024

Evolução do programa olímpico, proteção do desporto e a inteligência artificial no encerramento do congresso da ANOC

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Com os temas em apreço, concluiu-se a reunião da Associação dos Comités Olímpicos Nacionais (ANOC), que decorreu durante três dias em Cascais e que reuniu cerca de oito centenas de delegados dos vários comités olímpicos dos países que se fizeram representar.

Sobre a evolução do programa olímpico, na perspetiva dos Comités Olímpicos Nacionais, o presidente do comité da Grécia e dos Comités Olímpicos Europeus, Spyros Capralos, foi orador principal do painel que discutiu a evolução do programa olímpico e a entrada de novas modalidades dos Jogos, bem como os desafios e oportunidades que isso apresenta para os Comités Olímpicos Nacionais.

Capralos destacou a importância das qualificações em Jogos continentais para minimizar o impacto que os processos qualificativos longos e dispendiosos podem ter para os atletas de países com menos recursos financeiros. Também relacionado com a nova Agenda Estratégica do Comité Olímpico Internacional, a possibilidade das cidades-sede proporem a inclusão de modalidades no programa, apresenta desafios para os CON, na sua opinião, uma vez que pressupõem o desenvolvimento, financiamento e preparação de modalidades e atletas que não integram os Jogos Olímpicos de forma permanente, pondo em causa o equilíbrio nos planos de preparação das nações com diferentes níveis de estruturas desportivas.

Peter Sherrard, diretor executivo do Comité Olímpico da Irlanda, apresentou as dificuldades de um pequeno país (onde Portugal se inclui, pelo que padece do mesmo mal) perante o gigantismo dos Jogos Olímpicos, focado nas questões de financiamento, tanto para as modalidades já integrantes do programa como para as que estão a fazer esse caminho.

A secretária-geral do Comité Olímpico da Nova Zelândia, Nicki Nicol, iniciou a sua apresentação com a situação do isolamento do país no panorama desportivo internacional, realçando depois que o “movimento desportivo é feito de pessoas e que por isso é necessário estabelecer um sistema que construa confiança e que realize uma transição pacífica entre as várias modalidades no programa olímpico”.

Joan Smith, secretária-geral do Comité Olímpico da Namíbia, apresentou os desafios e oportunidades para os países africanos com a inclusão de novas modalidades, considerando que o continente compete habitualmente nas modalidades consideradas tradicionais, sendo a participação nula ou residual nas restantes, devendo por isso ser pensada a evolução desportiva no continente.

Na “Descodificação e proteção do desporto: Estratégias eficazes para um desporto mais seguro”,

sendo a proteção do desporto uma prioridade para todos os CON, existe uma preocupação comum sobre as estratégias, responsabilidades e recursos à disposição. O Príncipe Feisal Al Hussein, Membro do COI e Presidente do Comité Olímpico da Jordânia, foi o orador do painel, e começou por alertar para a importância do tema que considerou crítico, sendo que o tempo de agir é agora.

Destacou que o “objetivo dos programas desenvolvidos e em desenvolvimento pelas instituições internacionais de cúpula no desporto têm como objetivo que os atletas possam sentir os benefícios completos do desporto, sem abusos físicos, emocionais ou sexuais”.

Considerando a confiança como um fator crítico no desporto, deixou clara a necessidade de realizar uma abordagem coordenada de vários parceiros, com as lições locais a serem relevantes para influenciar as decisões globais de proteção do desporto.

“É uma questão de direitos humanos, tem de ser uma prioridade de todos os CON”, foi assim que o secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal, iniciou a sua intervenção sobre os projetos em que Portugal está envolvido nesta área, destacando que “desde 2013 a integridade é uma prioridade, com o projeto “Pelo Respeito”, que desenvolve sessões, seminários e ainda ações de formação com jovens atletas”.

Araújo apresentou também os projetos “Safe Harbour” – projeto europeu em que Portugal está envolvido e que se está a iniciar, pretendendo dar resposta à proteção do desporto nos países europeus de forma transversal; e ainda o projeto europeu “Safer Grassroots Sport”, liderado por Portugal, que avalia a proteção da comunidade desportiva, focando-se nos clubes da base desportiva”.

Damaris Young, membro do COI e diretora-geral do Comité Olímpico do Panamá, apresentou o projeto “Deporte Seguro” desenvolvido no país, com apoio das autoridades políticas nacionais e que está a ter impacte na atenção sobre o tema, com o objetivo de minimizar os casos. Young apelou também a que “cada CON tenha um plano estratégico, no qual introduza estratégias de proteção do desporto e dos atletas”.

A fechar o tema, Donald Rukare, Presidente do Comité Olímpico do Uganda, também expôs as “atividades inseridas no Plano Estratégico da sua organização que passa pelo desenvolvimento de uma política de proteção do desporto, com ações de formação e Código de Conduta, com o objetivo de aumentar o conhecimento sobre a temática.

O impacto da Inteligência Artificial (IA) e a sua influência no futuro do Movimento Olímpico foi reconhecido pelo COI com o lançamento da Agenda Olímpica dedicada à IA. É crucial a contribuição dos CON neste tema, para que se possa gerar o potencial pleno da IA, bem como prever os riscos e projeção de uso futuro.

O orador principal, Varvn Aryacetas, Chief Futurist da Deloitte Ventures UK, centrou a comunicação na evolução da IA e na forma como está a transformar não só o mundo, mas as suas lideranças. Admitiu que “é necessário saber como navegar na incerteza que a mudança traz, mas também que a IA está em constante evolução e que, por isso, terá ainda mais capacidades no futuro”.

De entre as que podem ser úteis na área do desporto, destacou a seleção de dados e a definição de estratégia pelos líderes, o que ajuda ao crescimento das organizações.

O diretor-geral do Comité Olímpico de Marrocos, Amine Kouame, resumiu a “importância da IA para a otimização das organizações desportivas nas seguintes áreas – análise e melhoria do desempenho desportivo, identificação de talento, prevenção e recuperação de lesões, melhoria da experiência e retenção de adeptos, avaliação e ajuizamento”.

Já o presidente do Comité Olímpico da Dinamarca, Hans Natorp, apresentou o projeto “DIF Innovation Lab” que o “país desenvolve desde 2017 e que junta federações, universidades, atletas e empresas com o objetivo de dar mais ferramentas ao desporto dinamarquês, enquanto pretende impactar a vida das pessoas através do desporto e da inovação”.

Matej Machytka, do Comité Olímpico da Chéquia, “demonstrou como a IA ajuda a criar conteúdos para a promoção das atividades do seu Comité, especialmente para distribuição nos canais digitais, e lançou o debate sobre se a IA irá substituir as equipas criativas na produção de conteúdos ou se irá melhorar o desempenho das pessoas nas suas funções nas organizações desportivas”.

Conduziu a sessão Ilario Corna, Diretor de Tecnologia e Informação do COI, que aproveitou a ocasião para mostrar a parceria entre o COI e a Intel que está a ser desenvolvida no Senegal e que permite identificar jovens talentos do desporto através da inteligência artificial.

 

ANOC homenageou José Manuel Constantino

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A Assembleia Geral da Associação dos Comités Olímpicos Nacionais (ANOC), reunida em Cascais, prestou tributo a José Manuel Constantino, falecido presidente do Comité Olímpico de Portugal.

Perante mais de 800 delegados de 204 Comités Olímpicos de todo o Mundo, o presidente da ANOC, Robin Mitchell, e a secretária-geral, Gunilla Lindbergh, entregaram um troféu à família de José Manuel Constantino, representada pela viúva, Manuela Araújo, pelos filhos Pedro e Bruno, e pelo neto Vasco.

“A sua liderança visionária e o compromisso com o desenvolvimento do desporto, em Portugal, deixaram uma marca indelével na comunidade desportiva. O legado de Constantino vai continuar a inspirar gerações de atletas, treinadores e entusiastas do desporto”, disse Gunilla Lindberg.

Na abertura da Assembleia, o Presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco, teve também palavras de elogio para o “histórico presidente do Comité Olímpico de Portugal”.

 

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