Com o tema “Equipas na proteção da saúde dos atletas”, o Panathlon Clube de Lisboa promoveu mais um debate, reunindo cinco especialistas de renome nacional e internacional, dando relevo a uma das situações de grande impacte social para a saúde dos atletas de alto rendimento.
Ana Rente (atleta – trampolins – olímpica e médica, membro do Colégio Disciplinar Antidopagem), Ana Pereira (médica da Missão do Comité Paralímpico de Portugal), Nuno Piteira (médico da Federação Portuguesa de Triatlo), Sidónio Serpa (coordenador do Serviço de Psicologia do Comité Olímpico de Portugal) e Gonçalo Sarmento (ortopedista e presidente da Comissão Médica da Federação Internacional de Motociclismo) foram os oradores, ante a moderação de outro clínico, Luís Horta (médico especialista em Medicina Desportiva e Fisiatria).
Numa sessão presencial no Auditório do Comité Olímpico de Portugal e acompanhada em direto no YouTube, coube Sidónio Serpa abordar questões como a interação dos atletas nos vários ambientes (familiar, pessoal, estudante) ligados à sociedade onde vive, com valores e tendências em equação, a que se juntou também, como fator de relevo, a saúde mental.
Ao mesmo tempo, comparar com as caraterísticas do rendimento desejado, as capacidades a enriquecer e como se pode fazer o equilíbrio harmonioso para que o ser atleta (os dirigentes) saiba os seus limites, aproveitando todos os recursos técnicos e humanos que existam.
Ana Rente passou em revista o que foi a carreira feita como atleta olímpica nos trampolins, deixando também informações relevantes que, para o caso, também implicava o papel dos pais nos vários pontos de vista, incluindo alguma pressão por estes feita a determinada altura do percurso.
Ana Pereira abordou a questão dos riscos a que estão sujeitos os atletas portadores de deficiência, porquanto são seres humanos que também tem lesões, mas que demoram mais tempo a recuperar, comparativamente com os outros atletas que não padeçam delas.
Gonçalo Morais Sarmento teve oportunidade de falar sobre as lesões nos desportos motorizados, atividade desportiva que não é olímpica – ainda que cumpra regras estabelecidas para os olímpicos – com o fim da proteção dos pilotos, nas suas múltiplas vertentes.
Nuno Piteira entrou na mesma via da proteção dos praticantes, que surgem a três níveis considerando que o atleta tem de nadar, fazer ciclismo e terminar a correr, no que é uma sobrecarga que cria riscos acrescidos e onde, por vezes, os limites são ultrapassados.
Numa segunda parte, Ana Pereira recordou as quedas mortais que se verificaram, recentemente, no ciclismo, não se sabendo se por “ambição desmesurada”, tendo recordado a luta que foi quanto ao uso do capacete, que os atletas não queriam usar porque causavam desconforto.
Nuno Piteira, referiu que também a qualidade da água (natação) pode causar problemas à saúde se os parâmetros não estiverem de acordo com os padrões legais (como se verificou nos Jogos de Paris’2024, que levou ao adiamento de provas em águas abertas) determinados pela World Triathlon no respetivo Guideline.
Ana Rente contou que teve algumas dificuldades em conciliar as atividades desportivas e os estudos, citando o que aconteceu durante a sua carreira e em três momentos específicos, tendo passado períodos menos bons, situações que foram sendo estudadas e tomadas decisões mais de acordo com o alto rendimento, o que as carreiras duais vieram ajudar imenso.
Sidónio Serpa também se referiu que as redes sociais são riscos associadas às carreiras desportivas, pela envolvência tida, sendo indispensável educar os jovens para uma ética social, em que estas questões sejam afastadas da mente de cada um.
Entre excesso e reduzida capacitação, há que pensar que a sociedade não se cansa de exigir mais. Mas, como lidar com este processo?
Temas que seriam muito bem aproveitados para serem divulgados amiúde em encontros “face-to-face” para que todos os protagonistas de alto rendimento percebessem que tem de ter ferramentas para se defenderem dos riscos que podem acontecer quando menos se espera.