Sob um céu nublado e uma temperatura de 19º, a humidade (95-92% no início e no final das duas corridas, neste domingo) acabou por ser o principal obstáculo para que os resultados pudessem ser melhores, porquanto o ambiente era de “estufa”, que conflituou com a respiração dos atletas.
Como é “padrão”, os africanos tomaram a liderança e foram correndo cada um no seu “tom”, comandados pelas “lebres” disponíveis que, desta vez, não surtiram os efeitos desejados face ao elevado índice de humidade do ar.
Na EDP Maratona de Lisboa (11ª edição) os africanos tomaram conta das unidades de comando, mas, a meio do percurso (21.097 metros em 1.03.15), passaram apenas a quatro, sendo que um era “lebre”, que acabou por parar cerca dos 25km.
Na segunda metade (1.05.18), o trio foi seguindo à vista até que (37 km) Kimeli tomou a dianteira e começou a caminhar para triunfar na Praça do Comércio, com o tempo de 2.08.33, à frente dos compatriotas Emmanuel Kipchumba e Edwin Tuitoek, respetivamente com 2.09.10 e 2.09.48.
Seguiram-se Justus Kipkorir (Quénia), 2.11.27 e Joshua Kemboi (Quénia), 2.12.52.
Bruno Lourenço, do JFD Running, foi o primeiro português a concluir a maratona, com o 11º tempo da geral masculina (2.26.44 horas), tendo José Sousa ocupado o 13º posto (2.27.17),
Laura Grilo, a representar o Clube de Praças da Armada, foi a melhor atleta feminina, no oitavo lugar (geral), com 2.57.03.
Wisley KimelI, o vencedor, salientou que “a prova foi dura. As subidas eram complicadas e até mesmo as descidas. E o vento não ajudou. Mas estava focado em conseguir um recorde pessoal. Consegui, dei tudo de mim para tal. Estou muito feliz. A corrida é muito boa. Gostava de voltar no próximo ano”.
Para Bruno Lourenço, o melhor português, “tentei gerir a minha prova pela elite feminina e não me preocupei muito com o lugar em que ficava. Eu vinha com duas horas e meia de recorde pessoal, consegui bater o meu tempo por quatro minutos. Tentei não me envolver muito até aos 30 quilómetros e, a partir daí, era gerir em função da energia que tivesse. Acredito que consigo correr um bocadinho melhor e recortar ainda um ou dois minutos”, afirmou Bruno Lourenço.
Laura Grilo expressou a felicidade pelo objetivo cumprido: “Este ano deu outra vez, é a terceira vez que cá venho. Estava vento e não era muito para tempos, era mesmo para ver como estava a máquina. Foi deixar fluir, de trás para a frente, como deve ser”.
Na Hyundai Meia-Maratona de Lisboa (24ª edição), com início na Ponte Vasco da Gama e final no mesmo sítio, o etíope Mosinet Geremew foi o primeiro em 1.03.09 horas (atletas de elite que partiram de Algés, fazendo o percurso pela Avenida Marginal)) sendo acompanhado no pódio do queniano Peter Kipsirat (1:03.16) e do ugandês Victor Kwemboi (1:03.23).
Mosinet Geremew, vencedor da Hyundai Meia Maratona, salientou que “a missão foi cumprida. Estou feliz pela vitória, mas não estou satisfeito com o tempo, não esperava tanto. Queria fazer 60 minutos. Não estou satisfeito, não queria acabar com este tempo. É um tempo normal! Depois de um tempo lesionado, era a primeira competição. Estou feliz por ganhar depois desse período de pausa. Mas como estou a preparar uma maratona, é um indicador positivo”
Na vertente feminina, Faith Kiprotich (Quénia), venceu com o tempo de 1.10.33 e a compatriota Faith Chepkoech ficou a apenas quatro segundos, em segundo, com a etíope Alem Nigus a concluir no terceiro posto, em 1.10.46.
Em relação aos portugueses, André Pereira (Benfica) foi quinto na tabela masculina, ao fechar o percurso em 1:05.51 horas, ao passo que Susana Godinho (RD Águeda) foi a sétima classificada na geral feminina da meia-maratona, em 1.13.24.
“Tinha na minha mente que conseguia baixar de uma hora e quatro minutos. Arrisquei no início, só que a partir dos 10 quilómetros o vento está oposto do que costuma estar em Lisboa. Foi sempre a levar com vento contra e comecei a sofrer. Tentei manter o ritmo, mas, a partir dos 17 quilómetros, as forças foram abaixo. Comecei a desanimar e foi só acabar. Saio desiludido, pois sei que estou a valer mais”, afirmou André Pereira.
Por outro lado, a atleta olímpica Susana Godinho fez um balanço positivo da prestação, embora considerando também que o vento que se fez sentir na capital não a ajudou, mas realçou a boa recuperação efetuada após a sua participação nos Jogos Olímpicos Paris2024.
“Esperava correr mais rápido, mas acho que o vento hoje não ajudou. Senti-me bem na prova, mas, nos últimos quilómetros, o vento estava muito forte. A meia-maratona faz parte do meu calendário competitivo e espero estar ainda em melhor forma daqui a algumas semanas, na meia-maratona de Valência. Senti boas sensações depois dos Jogos Olímpicos, melhores do que as que estava à espera”, frisou a atleta, de 32 anos.
Resultados:
Maratona (Homens)
1.Wisley Kimeli (Quénia), 2.08.33; 2º Emmanuel Kipchumba Kemboi (Quénia), 2:09:10; 3º Edwin Kipruto Tuitoek (Quénia), 2.09.48
Feminino
1.Rael Kinyara Nguriatukel (Quénia), 2.27.11; 2. Cynthia Kosgei (Quénia), 2.30.36 e Sheila Chebet (Quénia), 2.33.48.
Meia-Maratona (Homens)
1.Mosinet Geremew (Etiópia) 1.03.09; 2º Peter Kipsarat (Quénia) 1.03.16; 3º Victor Kemboi (Quénia) 1.03.23
Feminino – 1. Faith Chepchirchir Kiprotich (Quénia), 1.10.33; 2. Faith Chepkoech (Quénia), 1.10.37; 3º Alem Nigus (Etiópia), 1.10.46
Recordes da EDP Maratona de Lisboa:
Masculino: Andualem Belay Shiferaw, 2.05.45 (2023)
Feminino: Sarah Chepchirchir, 2.24.13 (2016)
Da Hyundai Meia Maratona:
Masculino: Titus Ekiru, 1.00.12 (2019)
Feminino: Peres Jepchirchir, 1.06.54 (2019)