Quinta-feira 23 de Novembro de 1555

Recorde mundial com paternidade portuguesa

Yohann Diniz

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EUROPEU DE ZURIQUE

O francês Yohan Diniz bateu o recorde mundial – e também europeu – dos 50 km marcha ao percorrer a distância no tempo de 3.32,33, superando largamente o anterior recorde e ultrapassando a linha de chegada com uma bandeira portuguesa numa mão e a francesa noutra, neste quarto dia do europeu de atletismo que decorre em Zurique.Diniz, com 36 anos de idade e é neto de portugueses que emigraram para França nos anos 30, cumpriu o sonho que perseguia há muitos anos, sendo este resultado o corolário de uma longa carreira, depois dos europeus Gotemburgo 2006 e Barcelona 2010 – onde também conquistou a medalha de ouro – preparando-se agora para terminar a carreira nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Aliás, Yohan tornou-se no primeiro aleta a conquistar três títulos europeus na prova dos 50 km marcha, o que revela bem a categoria deste campeão europeu e descendente de portugueses.

Diniz é agora membro de um grupo de elite que estabeleceram recordes mundiais nos Campeonatos Europeus de Atletismo, o que se verificou pela 35ª vez na história desta competição, tem licenciatura em enologia, vive em Reims e vai festejar este triplo triunfo com champanhe e vinho da região de Crozes-Hermitage.

No final Yohan salientou que “foi uma corrida muito louca. Quando comecei, não tinha a intenção para o recorde mundial mas apenas segui Mikhail Ryzhov, com quem tive uma grande batalha”.

Yohan explicou ainda que “foi uma grande batalha com Mikhail. No começo eu deixei-o na liderança, mas depois voltei para ele. Eu ataquei novamente a 36km, e ele não podia me acompanhar”.

“Eu não estava com medo de que a, qualquer momento, iria perder, mas eu percebi que cerca dos 40 km que eu poderia conseguir o recorde mundial, e eu queria fazer uma boa corrida e fazer mais do que apenas uma vitória. Estou muito feliz que Zurique, que tem visto uma série de recordes mundiais, agora tem outro. ”

A algumas centenas de metros antes da linha de chegada, Diniz parado por quatro ou cinco segundos para tomar posse de uma bandeira Português que ele brandia junto com o tricolor francês tinha tomado de um membro da equipe um pouco mais cedo.

“Meu avô era Português”, explicou Yohan, que acrescentou: “Muitos Portugueses vieram para viver na França na década de 1930 e, daí, as minhas raízes naquele país – e muitas vezes eu vou lá para treinar “.

A terminar, Yohan ofereceu a vitória ao seu colega Mehiedine, que se viu espojado da medalha de ouro dos 3.000 metros obstáculos depois de tirar a camisola ainda antes de chegar ao final da corrida, tendo acrescentado que “ele não devia ter feito o que fez, mas a desqualificação aplicada foi muito dura”Yohan acredita ainda que o seu colega de equipa vai ganhar uma medalha na final dos 1.500 metros, no último dia do campeonato (domingo).

Na prova esteve ainda o português, Pedro Isidro, que não foi além do 25º lugar – entre os 34 participantes – com o tempo de 4.07.44, bem longe dos 3.56.15 que tinha alcançado nesta época.

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Nesta sexta feira, mais dois portugueses estiveram em actividade, ficando-se pelas eliminatórias, como foi o caso de Irina Rodrigues, no lançamento do disco, enviando o engenho a 52,53 (um dos seus piores resultados comparando com o recorde de 62,91 e de ter confirmado a presença com 61,73), tendo ficado a quase dez metros e sendo 14ª entre 22 participantes.

Posição idêntica de Emanuel Rolim que completou os 1.500 metros no tempo de 3.42,22 (a quatro segundos do seu melhor registo neste ano), que correspondeu ao 21º posto entre os 32 participantes.

Num primeiro balanço, verifica-se que cerca de cerca de sessenta por cento da equipa nacional, composta por 44 atletas, 22 homens e 22 mulheres, ficou aquém do que se esperava, que era, no mínimo, confirmarem as marcas alcançadas antes da partida para Zurique.

Veremos o que os dois últimos dias nos reservam, atendendo a que vão estar em prova, este sábado, Edi Maia e Diogo Ferreira (na final do salto com vara), Jessica Augusto, Marisa Barros, Filomena Costa e Doroteia Peixoto (na maratona), Sara Moreira (na final directa dos 5.000 metros) e as estafetas de 4×100 metros masculina e 4×400 metros feminina, no apuramento para a final.

No domingo, a certeza da presença de Rui Pedro Silva, Ricardo Ribas, José Moreira e Hermano Ferreira na maratona, na expectativa de que a estafeta masculina de 4×100 metros possa ser apurada para a final, contando com a participação de Francis Obikwelu.

Em termos gerais e com excepção do recorde mundial hoje obtido pelo francês Yohan Diniz, nos 50 km marcha, os resultados técnicos também não tem sido por aí além, já que faltam as chamadas estrelas de primeira água, cada vez mais reduzidas ano após ano.

Por outro lado, o aperto cada vez maior e mais eficaz na luta contra a dopagem, é outro factor que não favorece os aventureiros, pelo que os resultados se ressentem e passam por vulgares de Lineu, valendo o despique que se verifica em cada prova realizada.

E as condições atmosféricas, por vezes, como a da tarde desta sexta-feira, não ajudaram, porque foram realizadas sob intensa chuva.

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