Atletismo – Europeu de Zurique
Com um recorde (de presenças) alcançado ainda muito antes da partida para Zurique, Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo assumiu que “três medalhas seria um número razoável” e, acima disso, “seria extraordinário”.Começando pelas medalhas, parece evidente que o presidente federativo está a apontar para a “repetição” de há dois anos, em Helsínquia, quando Dulce Félix (ouro nos 10.000), Patrícia Mamona (prata no triplo e está no quarto lugar do ranking europeu deste ano)) e Sara Moreira (bronze nos 5.000) conquistaram três medalhas numa comitiva de 36 atletas, de um total de 272 (das quais 165 individuais, sendo 20 em Europeus de Pista ao ar livre) que o atletismo português já ganhou desde a primeira, alcançada pelo melhor atleta de todos os tempos, o campeão olímpico Carlos Lopes, quando se consagrou campeão mundial de corta-mato, em 8 de Fevereiro de 1976.
Jéssica Augusto (maratona) é uma hipótese para medalha e João Vieira (na marcha) também poderá ser, desde que recupere a condição física, ainda abalado com uma lesão recente como, na verdade outros poderão ser porquanto em desporto tudo é possível e os previstos podem passar para imprevistos e vice-versa, dado que factores como as condições atmosféricas – embora iguais para todos mas em que cada um reage de maneira diferente – estado de alma (psicológico), por exemplo, podem “interferir” no rendimento dos atletas.
Para já, a escolha final já deu resultados menos positivos: se se aceitou – e foi pacífico – que João Almeida fosse escolhido para os 110 metros barreiras, com 13,91 (e não confirmando os 13,90 que estavam determinados) porque não aceitar a substituição de Vera Santos (marchadora que se lesionou) por Susana Feitor, que era a quarta com mínimo, independentemente de ter participado ou não nos 10.000 dos Campeonatos Ibero-americanos? Era de toda a justiça, técnica (porque tinha mínimo) e moral (porque é uma atleta que já conquistou várias medalhas e quase sempre tem dado garantia de boas prestações.
Ou terá sido para “não dar o braço a torcer” – como se diz – porque Susana Feitor integra a direcção da Federação?
Marcos Chuva, que também tinha algumas hipóteses de estar na final no salto em comprimento, não confirmou os 7,80 (fez 7,45 no último dia de obtenção dos mínimos), mas ganhou esta quarta-feira uma prova efectuada em Copenhaga (Dinamarca) com um registo a 7,70, sinal de que está em forma, retomando os 7,97 feitos na Polónia (7 de Junho) e os 8,04 alcançados em Salamanca (12 de Junho), o seu pico alto da presente época, tendo-se lesionado de seguida.
Quanto aos restantes 37 (os que vão estar nas provas individuais, porquanto os outros 7 vão sem mínimos para as estafetas), prevê-se que poucos serão os que passarão à segunda fase (meias finais), pese embora sete provas (10.000 metros, masculinos e femininos, 20 km marcha (masculinos e femininos), 50 km marcha e maratona (masculinos e femininos) sejam finais directas, num total de presenças em 26 disciplinas, o que também é o mais elevado de sempre.
O campeonato inicia-se no dia 12 (terminará a 17) e, no primeiro dia, serão quinze portugueses a entrar em acção, três dos quais na final directa dos 10.000 metros, com Dulce Félix, Sara Moreira e Salomé Rocha, de acordo com o seguinte calendário:
Dia 12 – Marco Fortes (peso, cuja final terá lugar da parte da tarde); Maria Leonor Tavares, Marta Onofre e Cátia Pereira (salto com vara); Carla Tavares (100 m), Alberto Paulo (3.000 obstáculos); Ricardo dos Santos (400 m); Nelson Évora (triplo salto); Cátia Azevedo (400 m); Yazaldes Nascimento e Diogo Antunes (100 m); Sandy Martins (800 m); Dulce Félix, Sara Moreira e Carla Salomé Rocha (final dos 10.000 m), enquanto todos os outros estarão nas eliminatórias (corridas) e qualificações (saltos e lançamentos).
Dia 13 – João Vieira e Sérgio Vieira (final dos 20 km Marcha); Ricardo Ribas (final 10.000 m); Vera Barbosa (400 m. bar.); João Almeida (110 m. bar.); Patrícia Mamona e Susana Costa (triplo salto), estes nas eliminatórias e qualificações. Os que ficarem apurados do primeiro dia, juntar-se-ão ao programa.
Dia 14 – Ana Cabecinha e Inês Henriques (final dos 20 km marcha); Edi Maia e Diogo Ferreira (salto com vara) Carla Tavares (200 m); David Lima e Victor Ricardo Santos (200 m); Dulce Félix e Sara Moreira (5.000 m); e mais os eventuais apurados dos dias anteriores.
Dia 15 – Pedro Isidro (50 km marcha); Irina Rodrigues (disco); Salomé Rocha (3.000 m obst.) e Emanuel Rolim (1.500 m), mais os apurados dos dias anteriores.
Dia 16 – Jéssica Augusto, Marisa Barros, Filomena Costa e Doroteia Peixoto (maratona); selecção de 4×100 (Arnaldo Abrantes, Diogo Antunes, Edi Sousa, Francis Obikwelu e Yazaldes Nascimento); selecção de 4×400 (Andreia Crespo, Cátia Azevedo, Dorothé Évora, Filipa Martins, Miriam Tavares e Vera Barbosa) ; e os que forem apurados das provas anteriores.
Dia 17 – Rui Pedro Silva, Ricardo Ribas, José Moreira e Hermano Ferreira (maratona); mais os apurados das provas anteriores.
Os 44 atletas que integram a formação nacional representam oito clubes (ACR Senhora do Desterro, A Jardim da Serra, CN Rio Maior, CO Pechão, JO Monte Abraão, Maratona CP, Sporting CP e SL Benfica), estando representadas na selecção sete das vinte e duas Associações Regionais: Algarve, Braga, Guarda, Lisboa, Madeira, Porto e Santarém.
Ao contrário do que foi feito para o mundial de juniores, em que Teresa Carvalho (4ª no ranking mundial e candidata a medalha) não teve ninguém a acompanhá-la e “perdeu-se” por uma classificação mediana, para Zurique vão seguir (domingo próximo) nada menos do que 17 técnicos, o que corresponde a 50% dos atletas presentes.
Há que ter esperança de ”salvar” a época, como se diz na gíria do futebol.