Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 serão um dos maiores eventos desportivos realizado em França.
Cem anos após os Jogos Olímpicos Paris 1924, a competição irá decorrer ao longo de 12 dias na capital francesa, de 28 deste mês a 8 de setembro de 2024, reunindo os 4.400 melhores atletas paralímpicos do mundo.
Serão 182 países, 22 modalidades, 549 eventos medalháveis, 19 arenas de competição, 3.000 jornalistas acreditados e 3.7 milhões de espectadores em todo o mundo, números notáveis naquele que é o segundo maior evento multidesportivo à escala global.
Paris 2024 tem a ambição de incrementar ainda mais o interesse do público em geral pelo desporto para pessoas com deficiência, muito através da ideia de que os Jogos Paralímpicos são muito mais que um evento desportivo: eles oferecem uma oportunidade única de destacar o desporto e a deficiência, inspirar indivíduos, promover mudanças sociais e oportunidades inclusivas para as pessoas com deficiência.
Depois da receção pelo Presidente da República e do estágio concluído na Cidade do Futebol (Federação Portuguesa Futebol), a Missão Portuguesa rumará a Paris a seguir ao almoço deste domingo, partindo do Aeroporto Humberto Delgado, onde se fará a concentração dos atletas a partir das dez horas da manhã.
No grupo dos apurados (e inscrição aceite pelo Comité Paralímpico Internacional), entre repetentes (Simone Fragoso pela quarta vez, desta vez não na Natação, mas no “powerlifting”) e estreantes (sete), estão atletas que tem conquistado medalhas para Portugal.
Norberto Mourão conheceu a canoagem em 2011, pouco depois do acidente que lhe provocou a amputação das duas pernas. E não foi para brincadeiras: cedo decidiu que estava ali para competir.
A evolução decorreu com naturalidade e Norberto Mourão chegou a estar na disputa por uma vaga para o Rio 2016, embora sem sucesso. Dois anos mais tarde mudou de embarcação – do caiaque para a canoa – e os resultados começaram a aparecer.
O registo vitorioso foi exponencial e nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020 Norberto Mourão arrecadou uma brilhante medalha de bronze. Após esta conquista, o foco de Norberto Mourão projetou-o para mais cinco medalhas em Europeus e Mundiais, incluindo o título de Campeão da Europa em 2024.
Para Além de Atleta, focado, sempre com os olhos nos seus objetivos, Norberto conciliou a exigência do alto rendimento com a felicidade de ser pai pela primeira vez e manteve o sucesso habitual. E aos 43 anos, mais alegrias estão para vir.
Filipe Marques gostava de jogar futebol, mas cedo percebeu que este desporto não seria o seu forte. Tentou ainda o futsal, também sem grande sucesso. Seguiu-se a natação, inicialmente apenas para aprender a nadar, e foi aí que tudo começou.
Tinha apenas 11 anos quando o seu treinador sugeriu que experimentasse o triatlo, modalidade da qual não sabia nada! Foi-se afeiçoando e começou a competir na vertente regular, sem resultados expressivos já que a limitação no pé esquerdo, que condiciona a força muscular na perna, o colocavam em desvantagem especialmente nas vertentes de bicicleta e corrida.
O desânimo fez Filipe abandonar o triatlo e só aos 20 anos – quando lhe foi dado a conhecer o triatlo paralímpico – regressou à prática regular. E aí o panorama competitivo mudou!
Já depois de ficar à porta da qualificação para Tóquio 2020, Filipe Marques conquistou uma medalha de prata e uma de bronze em campeonatos da Europa e três resultados no top-6 em campeonatos do Mundo. Segue-se a estreia em Paris 2024, que será também a estreia paralímpica nacional no triatlo.
Para Além de Atleta, Filipe Marques é estudante de Ciências do Desporto e com as aulas, os exames e as três horas de treino diárias, divide o seu dia-a-dia entre as duas margens do Tejo. Uma azáfama diária encarada com o positivismo que o caracteriza.
Para Além de Atleta, é otimista! É com este estado de espírito que Filipe Marques vai disputar a prova de triatlo, no centro de Paris.
Carla Oliveira era uma menina que adorava correr e brincar na rua, como qualquer criança. Tinha 10 anos quando foi diagnosticada com uma doença que a impossibilitaria, pouco tempo mais tarde, de andar. Mas nunca permitiu que a cadeira de rodas anulasse os seus sonhos – apenas teve de adaptá-los à nova realidade.
A vida prosseguiu, Carla Oliveira cresceu e concluiu a sua licenciatura. O primeiro contacto com o Boccia tinha acontecido ainda em adolescente, mas a modalidade não a seduziu; aos 20 anos voltou a experimentar e deixou-se apaixonar, à boleia do convite do clube do seu coração, o FC Porto.
O trabalho e a dedicação rapidamente deram frutos com a participação nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o título de campeã da Europa de pares em 2017 e o quarto lugar em pares em Tóquio 2020. Logo de seguida, Carla Oliveira cumpriu o sonho de ser mãe e regressou pouco tempo mais tarde à competição com o título de campeã da Europa individual em 2023. Segue-se Paris 2024!
Para Além de Atleta, Carla Oliveira trabalha na secção de desporto adaptado do seu clube e contribui para que mais pessoas com deficiência se dediquem à prática desportiva. A história pessoal é fonte de inspiração para muitos jovens, alguns deles futuros atletas.
Para Além de Atleta, determinada: uma determinação que pautou toda a vida de Carla Oliveira e que a transporta as suas ambições para os desafios que se avizinham.
Miguel Vieira começou a praticar judo desde criança, por influência do irmão. Aos 20 anos, numa sesta depois do almoço, acordou cego. Uma condição que se revelou definitiva e que nem as múltiplas operações conseguiram contrariar.
O infortúnio afastou Miguel Vieira do desporto e só meia dúzia de anos mais tarde, em 2011, reencontrou o judo e nele estabeleceu uma nova forma de vida. Evoluiu até ao cinturão negro e daí em diante há tanto para contar.
Miguel Vieira estreou Portugal na modalidade de judo em Jogos Paralímpicos no Rio 2016 e em 2023 alcançou a sua melhor versão com os títulos de campeão da Europa e do Mundo. É com este duplo estatuto que vai combater em Paris 2024.
Para Além de Atleta, Miguel Vieira é pai, tirou uma licenciatura e exerce a sua profissão com o mérito de a conjugar com a exigência de treinos bidiários. É ainda vocalista de uma banda de música, outra das suas grandes paixões.
Com um percurso tão rico, é com naturalidade que Miguel Vieira se sente, para Além de Atleta, Realizado. E muitos combates ainda estão para vir.
Luís Costa sempre gostou da adrenalina. Foi paraquedista de profissão e em 2003, no dia em que fazia 30 anos, um acidente de mota obrigou-o à amputação de parte da perna direita.
O mundo não desabou. Regressou ao ginásio e, por obra do acaso, encontrou o ciclismo paralímpico na televisão. Experimentou, gostou, dedicou-se, chegou aos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e, anos mais tarde, a Tóquio 2020.
Depois de quatro diplomas paralímpicos e de três medalhas de bronze e uma de prata em Europeus e Mundiais, Luís Costa compete em Paris 2024 aos 51 anos com a ambição imparável que o caracteriza.
Para Além de Atleta, Luís Costa desenvolve a sua atividade profissional e concilia-a com os inúmeros quilómetros percorridos todos os dias em treinos de estrada.
Para Além de Atleta, é Resiliente.
Pela hora de jantar deste domingo, toda a comitiva estará em Paris para se preparar para obter os melhores resultados que, de acordo com o estabelecido no Contrato-Programa para estes Jogos Paralímpicos, foram estabelecidos na conquista de um mínimo de quatro lugares de pódio e 25 atletas com Diploma (1º ao 8º).