José Carvalho, o primeiro finalista olímpico português nos 400 metros barreiras e que tem sido o técnico de um dos melhores especialistas do momento, abandona carreira de treinador.No caso está João Ferreira, 4º melhor português de sempre na disciplina, com 49,63 (em 2011), com 27 anos de idade (nasceu a 20.10.1986), atleta que também é o sexto na lista dos melhores portugueses nos 110 metros-barreiras, com 13,97, marca obtida em 2010.
Numa carta dirigida, esta terça-feira dirigida ao atleta, José Carvalho enumera um conjunto de factores justificativos da não evolução nos dois últimos anos e entende que o atleta deve mudar de treinador.
O técnico referiu que “nas atuais circunstâncias – na minha opinião preocupante – a minha sugestão de escolha do teu novo treinador deve ter em consideração os seguintes requisitos: bons conhecimentos da especialidade e com capacidade de decisão ao mais alto nível técnico, ou seja, estar no “sistema” e com a “mão na massa”.
Isto porque, neste espaço de tempo, se verificou “um quadro competitivo pouco motivador para a realização de um trabalho na especialidade”, face a “um reduzido número de eventos anuais da especialidade” e a “uma ausência de um planeamento anual desta especialidade com oportunidades competitivas previamente calendarizadas, facto que tem sido mais um incómodo obstáculo a ultrapassar e, consequentemente, do atraso no desenvolvimento desta especialidade.”
José Carvalho sublinhou ainda que, “como treinador de atletas especialistas desta prova, considero incompreensível a inexistência de um calendário competitivo nacional sem um mínimo de 10 a 12 oportunidades competitivas anuais” e que “estas preocupações foram, reiteradamente, transmitidas aos responsáveis federativos e tornadas públicas na minha intervenção (comunicação) no seminário de meio fundo sobre o tema “constrangimentos regulamentares”.
O técnico salientou ainda outros factores desmotivadores para o atleta, agradeceu “a confiança depositada nos meus conhecimentos técnicos para ajudar-te a melhorar a qualidade dos teus resultados desportivos nos 400 metros barreiras”, salientando que “a melhoria desses resultados não aconteceu e, é por esta razão e pela relação de confiança e estima que criámos ao longo destes dois anos, que, sou impelido a dar-te neste momento a minha opinião como treinador e amigo.”
Um factor não referido expressamente mas implícito quando se referiu ao “quadro competitivo pouco motivador para esta especialidade”, poderá ter a ver com a ausência de João Ferreira do europeu de Zurique, em Agosto, para o qual não logrou conseguir o mínimo (51.10). O melhor que fez foi 51.57, em Espanha, no dia 13 deste mês de Julho.
José Carvalho rematou a missiva enviada a João Ferreira dizendo que “afasto-me da responsabilidade como teu treinador pessoal, não deixando de reconhecer que foram dois anos de relacionamento particular muito agradáveis e que representaram uma mais-valia na minha experiência como treinador, agora, interrompida por razões de consciência pessoal. Melhor sorte”
Um técnico de se lhe tirar o chapéu.