Grande lição de ética e integridade que Iúri Leitão deu ao mundo do desporto ao não aproveitar a queda – e consequente atraso – do francês Benjamim Thomas para forçar o andamento e marcar pontos que o levariam ao primeiro lugar na corrida, com o ouro à vista.
Iúri deixou de liderar, reparou que o francês estava bem e que podia retomar a prova, e não quis pontuar no controlo seguinte, porque entendeu que não queria “ser campeão olímpico dessa forma”, acabando por não conquistar a medalha dourada, mas conseguir, com tenacidade, resiliência e mente forte a de prata.
A proeza aconteceu no 13º dia dos Jogos Olímpicos de Paris’2024, podendo-se afirmar-se que Nossa Senhora de Fátima estava a “acompanhar” o esforço do ciclista luso e “ajudou” a que a Lei de Deus se fizesse cumprir, em pé de igualdade entre seres humanos que lutavam pelos lugares mais altos do pódio olímpico, tendo “contribuído” para a verdade desportiva fosse concretizada. Uma forma de superação ou de transcendência? Fosse pelo que fosse, a verdade ficou à vista: na ação solidária de desportivismo, Iúri viu (e terá sentido) que foi recompensado espiritual e desportivamente!
O prémio da ética já está definido.
O choro (a bem chorar) de Iúri foi vivido ao vivo e intensamente mesmo que o Hino que estivesse a tocar não fosse a “Portuguesa”, mas o francês, porque Benjamim Thomas não merecia perder. E não perdeu. Porque Deus estava atento!
Num fim de dia “louco”, em especial pela competitividade (a mais de 57 km/h) no ciclismo indoor, há ainda a realçar a superação conseguida por Salomé Afonso que, nas meias-finais dos 1.500 metros, voltou a bater o recorde pessoal, tornando-se na segunda portuguesa de sempre na distância, apenas atrás da “rainha” Carla Sacramento, ainda que não tivesse conseguido chegar à final.
Destaca-se ainda o 5º lugar (e 8º Diploma para Portugal) alcançado pela dupla formada por Diogo Costa e Carolina João na Vela, Classe 470, e pelo apuramento para a final do lançamento do peso conseguido por Jéssica Inchude.
Com um total de 153 pontos (extraordinário!!!), Iúri Leitão conquistou a segunda posição na competição de Omnium (ciclismo de pista) em Saint-Quentin-en-Yvelines, que correspondeu à segunda medalha de Portugal em Paris 2024, depois do bronze de Patrícia Sampaio no Judo.
O atual campeão do Mundo da disciplina, começou por ser 7º no Scratch, somando 28 pontos. Na corrida Tempo, foi 2º, sendo o primeiro ciclista em pista a somar pontos. Com mais 38 pontos averbados, passou a ter 66 no total e subiu ao 3º lugar da geral.
Na Eliminação, prova onde Iúri foi 7º e somou de novo 28 pontos, mantendo a 3ª posição, com 94 pontos, a quatro do 2º, o francês Benjamin Thomas, e com os mesmo que o 4.º, o alemão Tim Teutenberg, quando liderava o belga Fabio van den Bossche, com 106 pontos.
Na corrida por pontos, Iúri começou por baixar ao 4º lugar com os pontos ganhos pelo alemão Teutenberg, mas depressa reagiu e somou 20 pontos de uma vez, com a volta ganha ao pelotão, e passou para 2º classificado. Baixou depois para 3º por troca com o francês Benjamin e a luta com o francês subiu de tom, com quatro pontos a separá-los. Benjamin terminou na frente (164 pontos), apesar de uma queda, Iúri em 2º (153) e o belga Fabio van den Bossche (131) subiram ao pódio.
As palavras do vice-campeão olímpico no final da competição foram que “é extremamente especial ser selecionado para representar o meu país e tentei fazer a melhor prova possível, tanto pela seleção como por todo o nosso país. Acho que consegui fazer uma prova muito bem conseguida e estou muito feliz.
“Não tinha bem noção de quem estava comigo, já estava com as forças muito justas, e quando vejo que tinha 20 pontos de vantagem aí já começo a olhar mais para cima. Esta corrida foi sempre muito de trás para a frente. Se analisarmos a prova vemos que eu sempre respondi a quem estava atrás de mim e não a quem estava à minha frente. Tive de começar bastante conservador e no final consegui olhar mais para cima”.
Os ventos estavam de feição para Portugal e Diogo Costa e Carolina João conquistaram o diploma olímpico. Na geral, Portugal manteve o 5º lugar, com um total de 53 pontos “net”. Venceu a dupla austríaca – 38 pontos – seguida dos japoneses com 41 pontos e dos suecos com 47, no que foi mais um diploma para a equipa portuguesa.
No final, Angélica referiu que “o primeiro objetivo era fazer melhor do que 17º”, tendo concluído a maratona de águas abertas, em Paris 2024, na 12ª posição, naquele que é o melhor resultado de um nadador português, nesta disciplina, em Jogos Olímpicos.
A nadadora da Equipa Portugal fez os 10 quilómetros de Natação no Rio Sena em 2.06.17, tendo ao longo da prova sido 21ª (800m), 14ª (1,5 Km), 12ª (2,5 km), 18.ª (3,2 km), 15.ª (4,2 km), 21.ª (4,9 km), 19.ª (5,9 km), 16.ª (6,6 km), 15.ª (7,6 km), 14.ª (8,3 km), 15.ª (9,2 km) e 12.ª no final. Em Tóquio 2020 tinha sido 17.ª classificada.
Ganhou Sharon von Roudenwaal, dos Países Baixos, com 2.03.34,2.
Angélica André: “Foi uma prova em crescendo e na parte final a tentar fazer um melhor resultado. Eu queria vingar-me de Tóquio. Eu sabia que estava numa boa posição para chegar ao fim e obter um bom lugar. O primeiro objetivo era fazer melhor que 17.ª. O tempo em si não é muito importante nesta modalidade, mas normalmente fazemos a prova em duas horas e hoje foi em 2:06, foram mais seis minutos a nadar, a corrente estava bastante forte. [Em relação à qualidade da água do Sena] Nós tomámos as nossas precauções e o Comité Olímpico esteve sempre acompanhar-nos. Tomámos probióticos para nos prepararmos.”
Jéssica Inchude, com um ensaio a 18,36, conquistou a presença na final do lançamento do peso, depois de abrir o concurso com um lançamento nulo, para depois lançar 18,36 metros o que a colocou imediatamente dentro do grupo das 12 atletas (9ª) que avançaram para a final. A terceira tentativa foi também inválida.
Na estreia olímpica Eliana Bandeira alcançou o 15º posto, fora da progressão para a final que fechou a 18,16 metros. Eliana começou com 16,86 metros, melhorou para 17,97 e terminou com 17,76, tendo referido que “tenho a sensação que dei o meu melhor e fico contente com a minha prestação. Tentei gerir, no último lançamento lutei para conseguir acima dos 18 metros, mas estou contente com o trabalho que estou a fazer”.
Salomé Afonso terminou a participação na prova dos 1500 metros nas meias-finais com uma nova melhor marca pessoal de sempre – 3.59,96.
A portuguesa concluiu os segundos Jogos Olímpicos correndo pela primeira vez abaixo dos quatro minutos. Inserida na segunda meia-final concluiu no 16º geral, sem progressão para a final, uma vez que apenas as seis primeiras de cada série avançavam.
Salientou que “não tenho palavras. Tive a perceção óbvia que o ritmo ia mesmo forte, e ainda nem quero acreditar. Ainda foi mais rápido do que pensava que ia ser, estou super orgulhosa”, porquanto fez o segundo melhor tempo nacional de todos os tempos, a seguir à campeoníssima Carla Sacramento.
Secretário de Estado chegou, viu e … Iúri Leitão ganhou a prata
O Secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, visitou o edifício de Portugal na Aldeia Olímpica de Paris 2024, acompanhado pela adjunta do Gabinete, Joana Pratas.
Pedro Dias foi recebido pela Chefia de Missão aos Jogos Olímpicos Paris 2024, Marco Alves e Catarina Monteiro, e pelo Secretário-Geral do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Araújo, aproveitando para conviver com atletas e oficiais da Equipa Portugal.
Uma presença que deu sorte à comitiva lusa e que poderá ter um efeito “balístico” de alto gabarito para os últimos três dias de competições, onde ainda há medalhas em disputa e em que Portugal está envolvido.
O quadro de provas para os portugueses, nesta sexta-feira, é o que aqui se apresenta
Destaca-se a presença de João Ribeiro e Messias Batista na meia-final do K2 500 metros (canoagem) – que poderão ser apurados para a final (12h20) – bem como se aguarda com grande expetativa a atuação de Pedro Pichardo (triplo salto) a fechar o dia (19h10), com Portugal a poder chegar a mais uma medalha.
Estados Unidos da América lideram, mas China “morde” no medalheiro
Os Estados Unidos da América somam e seguem no comando, com 103 medalhas (30-38-35) mas apenas com uma de ouro de vantagem sobre a China, com 73 (29-25-19), mantendo-se no terceiro lugar do pódio a Austrália, com 45 (18-14-13).
Seguem-se: França, com 54 (14-19-21); Grã-Bretanha, com 51 (13-17-21); Coreia do Sul, com 28 (13-8-7); Japão, com 33 (13-7-13); Países Baixos, com 25 (11-6-8); Itália, com 30 (10-11-9) e Alemanha, com 22 (9-8-5).
Portugal subiu ao 67º lugar, com 2 (0-1-1), com as medalhas de prata e de bronze alcançadas pelo ciclista Iuri Leitão e a judoca Patrícia Sampaio (+ 8 Diplomas), com 85 países a contabilizar medalhas conquistadas.