O mundial de juniores, que este domingo chega ao fim na cidade de Eugene, no Oregon (EUA), termina, para a dezena de portugueses, da mesma forma como começou: não passar da primeira fase.
A situação só não se verificou em duas provas, porque participaram em finais directas (10.000 e 10.000 metros marcha), onde os três representantes lusos alcançaram novos recordes pessoais. Foi a única coisa positiva.
Ao quarto dia da competição (esta sexta-feira), André Pereira tomou parte na eliminatória dos 3.000 obstáculos, que completou em 9.22,56 (25º entre os 28 presentes), ficando bem longe do máximo pessoal (9.01,79) que lhe garantiu a viagem.
Verdade seja dita que não se esperam outros resultados que não fossem estes, mais coisa menos coisa – sendo de realçar Miguel Marques, Mara Ribeiro e Mariana Mota, que cumpriram da melhor forma, ao obter novos recordes pessoais – se bem que a situação mais “intrigante” se refira à saltadora Teresa Carvalho que, num ápice, bateu o recorde nacional de juniores e de sub-23, numa ascensão meteórica, chegando aos 6,52 e no campeonato apenas chegou aos 5,97.
Presume-se que os técnicos e os pais e tio (três ex-campeões e internacionais portugueses e um finalista olímpico) já tenham feito a análise do que poderá ter acontecido. Se não, seria bom que fosse feito e visto de vários primas: técnico, psicológico, condições atmosféricas, diferença horária (8 horas), etc.
Desde 1994 – quando Susana Feitor obteve a última medalha na categoria (prata) – nunca mais se ganhou outra ao nível do mundial de juniores. Passaram 20 anos, ou seja, dez edições da competição. Não será tempo de mais? Tem sido feito algum esforço para se verificar onde está (ou estão) os problemas?
A competição começou em 1986 e em 1988 Fernanda Ribeiro ganhou a prata e Mónica Gama chegou ao bronze. O que foi repetido dois anos depois, com o ouro de Susana Feitor (ainda com idade de juvenil) e o duplo bronze de Lucrécia Jardim. Em 1994, Susana ainda era júnior e conquistou a prata.
Mas mais nuvens negras pairam sobre a modalidade.
Lutando com falta de meios financeiros devido aos cortes promovidos pelo governo, sem patrocinadores suficientes, a Federação prepara-se para taxar fortemente tudo e todos a partir de 1 de Janeiro de 2015. Um benjamim, a base da modalidade, terá de desembolsar um montante ainda a definir, mas que poderá andar na ordem dos oito euros por época.
Quais e quantos clubes que apostam na formação terão hipóteses de continuar com o excelente trabalho que tem sido desenvolvido? É que as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, que tem suportado os custos com estes escalões, também não têm os dinheiros suficientes que já tiveram.
Vamos aguardar pelas decisões para ver como as “modas” vão andar…