Com sofrimento ao longo do período olímpico até Paris’2024, face às várias lesões que foram aparecendo, a judoca Patrícia Sampaio logrou, com subtileza de tato e de visão aberta, abrir o caminho para a conquista da medalha de bronze (- 78 kg) que “aliviou” – desejamos que sim – um certo desconforte que começou a surgir nas hostes da equipa olímpica portuguesa.
Nestas coisas do desporto, onde se “joga”, mas se “manipula” também, parece tornar-se fácil fixar que muitos são “candidatos” a muita coisa – por vezes exteriorizando um estado de espírito que pode apontar para isso – mas que não será positivo se os resultados previstos e no pensamento surjam “negativos” (ou que podiam ter sido melhores) na hora da verdade.
E isso foi quase a tónica geral nos primeiros cinco dias destes Jogos, primeiro por falta de condições ideais para a prática de alguns desportos (natação em águas abertas e triatlo, por o rio Sena não se encontrar nas condições exigidas, depois porque choveu e as provas skate foram senso adiadas, tal como as do surf, ou falta de ondas), o que começou a “roer” a menta de cada um dos atletas das modalidades referidas, alinhadas para o início dos Jogos.
Mas ao sexto dia (esta quinta-feira) a “bonança” começou a surgir com os desportos de pavilhão, como o judo, a natação e a ginástica artística, tendo a honra principal pertencido à judoca Patrícia Sampaio, que foi a primeira a chegar ao pódio olímpico.
Depois de uma “galopante” viajem sempre a subir (eliminou duas concorrentes de peso substantivo no ranking) Patrícia perdeu o combate (- 78 kg) para disputa da medalha de prata, mas entrou no “debate” para a conquista do bronze, depois de derrotar a japonesa Rika Takayama, que foi incapaz de (técnica, tática e mentalmente) aparar os “golpes” da portuguesa que, aproveitando um décimo de desconcentração, derrubou a japonesa, coisa que demorou alguns minutos para compreender.
No final, referiu que “é uma felicidade gigante, com poucas palavras para expressar o que estou a viver. Muita gratidão para as pessoas que estão comigo e por aquilo que vivi. Ainda não estou em mim.”
A judoca da lusa (atual 13ª do ranking) começou o dia a eliminar, na ronda de 32, a queniana Zeddy Cherotich (78ª), num combate resolvido por “ippon” que não chegou a durar 20 segundos. Saiu-lhe depois ao caminho a vice-campeã olímpica, a francesa Madeleine Malonga (6ª) e o resultado foi o mesmo, com nova vitória por “ippon”.
Nos quartos de final, Patrícia Sampaio voltou a ser contundente e desta vez derrotou a chinesa Zhenzhao Ma (5ª), também por “ippon”.
Na meia-final, Patrícia Sampaio defrontou a atual nº 1 mundial, a italiana Alice Bellandi – que se sagrou campeã olímpica – e perdeu por wazari, seguindo para o combate pelo bronze, fase em que teve pela frente Takayama (13ª).
Foi a primeira medalha que Portugal conquistou em Paris’2024 e a quarta para o Judo português em Jogos Olímpicos, depois dos bronzes conquistados por Nuno Delgado (Sydney 2000), Telma Monteiro (Rio 2016) e Jorge Fonseca (Tóquio 2020).
Depois do brilharete feito na fase inicial em qualificar-se, pela primeira vez em Jogos Olímpicos, para a fase final, Filipa Martins entrou na “prova dos nove” com o objetivo de melhorar a classificação do apuramento, mas um ou outro desacerto acabou por fazê-la baixar ao 20º lugar.
Posição na final do concurso geral de Ginástica Artística, passando a ser a primeira nas três participações olímpicas e também a primeira de sempre de Portugal nesta disciplina. Filipa somou 51.232 pontos, tendo 12.700 em trave, 12.466 em solo, 12.500 em saltos e 13.566 em paralelas assimétricas.
Diogo Ribeiro (natação), depois de vencer a eliminatória dos 50m livres com o tempo de 21.91 segundos, foi o 13º classificado da geral e qualificou-se para a meia-final, fase que não conseguiu ultrapassar, ainda que tivesse estado bem, mas o tempo final (22,01) foi impeditivo para continuar para a final, que fechou aos 21,64.
Na mesma prova, Miguel Nascimento estreou-se em Jogos Olímpicos com o 36º lugar com de 22,49s.
Camila Rebelo, nos 200 metros costas, terminou no 19º lugar das eliminatórias (2.11,26), depois do 5º lugar na sua série. Ficou a três lugares da meia-final.
Eduardo Marques (vela) finalizou o primeiro dia de regatas da classe Dinghy (Ilca 7), no 3º posto, com 16 pontos.
Nas águas de Marselha, onde decorrem as competições, Eduardo foi 5º na primeira regata e 11º na segunda, numa frota com 43 embarcações classificadas.
Lidera o peruano Stefano Peschiera, com sete pontos, sendo 2º posicionado o australiano Matt Wearn, com 14 pontos. Para esta sexta-feira estão previstas mais duas regatas, sendo o total de dez as que apurarão para a “medal race”.
Sem grandes pretensões, Ana Cabecinha marchou os 20 km para terminar, na última posição (43ª), com grandes dificuldades, face ao estado de saúde (tinha sido mãe três meses antes), cumprindo a missão até ao fim, enaltecendo-se o esforço feito e cumprida a última competição ao serviço de Portugal, depois de ter participado em cinco edição dos Jogos Olímpicos.
Ana Cabecinha terminou em Paris uma carreira de 28 anos de conquistas. Foram muitas as provas, internacionais e nacionais, em que demonstrou toda a sua classe e valia. Atingiu classificações de finalista em três Jogos Olímpicos (6ª em 2016, 6ª em 2012 e 8ª em 2008), quatro Campeonatos do Mundo (4ª em 2015, 5ª em 2011, 6ª em 2017 e 7ª em 2013 – e foi 9ª em 2019) e quatro Campeonatos da Europa (6ª em 2014, 7ª em 2010 e 8ª em 2018 e 2022). Nas Taças da Europa foi segunda em 2017 e terceira em 2023. Sagrou-se campeã ibero-americana em 2006 e 2010 (segunda em 2004, terceira em 2022). É a recordista nacional 10000 m, 20 km, meia-hora e 3000 m (pista curta) e sagrou-se 34 vezes campeã de Portugal em 20 km estrada (11), 10000 m pista (12) e 3000 m pista coberta (11, das quais 9 consecutivas), além de mais cinco títulos nacionais juvenis, 6 juniores e 9 sub’23. Um currículo de luxo!
Com azar no sorteio, o campeão mundial de judo (- 100 kg), Jorge Fonseca, apanhou pela proa de abertura nada menos que o campeão olímpico em título – o japonês Aaron Wolf – tendo sido eliminado de imediato (ippon).
No surf e depois de teresa Bonvalot ter ficado pelo caminho na primeira ronda, Yolanda Hopkins conseguiu um 9º lugar na terceira fase, depois de perder – e ser eliminada – pela costarriquenha Brisa Henessy.
Sexta-feira com início para a modalidade (Atletismo) rainha dos Jogos
Lorène Bazolo (100 metros), Isaac Nader (1.500m), Mariana Machado (5.000m), Liliana Cá e Irina Rodrigues (disco), Francisco Belo e Tsanko Arnaudov (peso) são os representantes lusos a abrir as hostilidades durante todo o dia.
Gabriel Albuquerque entrará em ação nos Trampolins (qualificação), com o judo a terminar a competição feminina com os combates na categoria de +78 kg, onde estará a portuguesa Rochele Nunes.
Na natação, Diogo Ribeiro estará nas qualificações dos 100 metros mariposa e Camila Ribeiro nas dos 200 metros costas.
Na vela, continuará Eduardo Marques (ILCA) e Diogo Costa e Carolina João estarão no 470 Misto.
China continua a mandar no mealheiro
Com 24 medalhas conquistadas (11 de ouro, 7 de prata e 6 de bronze) a China continua a comandar o medalheiro dos Jogos Paris’2024, tendo os Estados Unidos da América subido à segunda posição, com 37 (9-15-13) e a França desceu ao terceiro lugar, com 27 (8-11-8).
Seguem-se Austrália, com 18 (8-6-4); Japão, com 16 (8-3-5); G. Bretanha, com 20 (6-7-7); Itália, com 16 (5-7-4); Canadá, com 8 (3-2-3) e Alemanha, com 6 (2-2-2).
Portugal entrou para a classificação com a medalha de bronze alcançada pela judoca Patrícia Sampaio, estando no grupo dos 46ºs, com 50 países contabilizados com medalhas ganhas.