Em quatro horas de um programa que se pode considerar como fascinante, efervescente, maravilhoso, inédito, acrescentando a atuação de Lady Gaga (e outros) e o regresso de Celin Dion na última canção da noite, no que se pode considerar um quadro de “eternidade”, a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris não conseguiu a proclamada “trégua da paz”.
O que era praticamente impossível face à invasão russa da Ucrânia e a que se juntou o conflito israelo-palestino.
A Cidade Luz – que reluziu à altura dos seus pergaminhos e com um nível organizativo quase impecável – viu-se privada de utilizar a rede ferroviária pelos vários ataques feitos, em diversos locais, aos cabos elétricos, que impossibilitaram a circulação dos comboios de alta velocidade, prejudicando milhares de cidadãos de e para Paris, tendo outros sido desviadas para outras linhas para poderem chegar ao destino.
Daí que, os “todos unidos na procura da paz” só se possa implementar a partir do final desta 33ª olimpíada, a não ser que algo (mais) de anormal se verifique.
Até final da festa de abertura não houve notícia sobre o que se passou, mas as situações verificaram-se. Não se sabe por quem e porquê. Mas ficou o sinal de que algo podia ter corrida mal.
No desfile, inédito, ao longo do rio Sena, foi uma beleza ver a confraternização que se verificava nos vários navios a navegar, “carregados” com as maiores estrelas de cada país envolvido, no brilho de uma lua que não apareceu – antes uma chuva impiedosa que se iniciou pouco antes do desfile e se manteve até se fechar o pano da cerimónia – mas que os holofotes iluminaram e ampliaram a grandeza da ideia original que o povo francês criou para ganhar destaque e dar enfoque a um evento em que estão presentes cerca de 10.500 desportistas, de 206 países, no que é também o primeiro a ter uma igualdade entre géneros, isto é, metade dos atletas são homens, outra metade são mulheres.
“Sonhar é preciso!” Os franceses assim o fizeram ao “saírem para a rua”, “sem medos” e mostraram que o sonho tido, na altura certa, era uma aposta que podia servir como “bofetada sem mão”, ou “com luva de cetim”.
Pela primeira vez a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos saiu do Estádio e estendeu-se ao longo de seis quilómetros pelas margens do Rio Sena, onde 85 barcos desfilaram, para desembarcar nos Jardins do Trocadéro, num alinhamento que desafiou o tradicional.
Thomas Jolly, ator e fundador da companhia La Piccola Familia, foi o Diretor Artístico cerimónia que pretendeu ser um veículo de emoções de união, colocando os atletas como embaixadores e oferecendo um diálogo entre as várias heranças culturais de França, em conjunto com as mais recentes formas de expressão artística, num convite para a vida em comunhão, com o desejo da paz, respeito e diversidade.
Pelos palcos “plantados” no Sena e pelas sete dezenas de ecrãs gigantes (por onde passaram imagens recolhidas por 170 câmaras e 1000 altifalantes) foram proporcionadas as melhores experiências a todos.
Às caraterísticas do slogan oficial francês de “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, os quadros idealizados pela organização balizaram-se ainda por outros, como “Encantados”, “Irmandade”, “Desportivismo”, “Festividade”, “Escuridão”, “Solidariedade”, “Solenidade”, “Eternidade”, de acordo com o guião divulgado pela organização, que acentuaram tudo o que se pretende que envolva um evento desta natureza universal, ainda que seja de lamentar a existência de ódios mesquinhos, quando o povo apenas precisa de compreensão, diálogo, ser tratado como cidadão, para que toda a gente se entenda.
Reconhecendo ainda a presença da equipa de “Refugiados”, como aconteceu há três anos atrás.
Tenhamos, ainda, a esperança de que as “tempestades” presentes terminem, para que a paz seja duradoira.
Foi um espetáculo de razão e com emoção, de encontros e reencontros, com o objetivo de se trilharem os bons caminhos da paz.
Aproveitando ainda a chuva abençoada que caiu pela Cidade Luz, onde ninguém arredou pé para ficar com o coração mais quente. De Amor, em especial, porque Paris também é a Cidade do Amor!
Vinte e dois atletas portugueses participaram na Cerimónia de Abertura, com os porta-estandartes Ana Cabecinha (Atletismo) e Fernando Pimenta (Canoagem) a estarem acompanhados por João Ribeiro, Messias Baptista e Teresa Portela (Canoagem); Filipa Martins e Gabriel Albuquerque (Ginástica); Duarte Seabra e Manuel Grave (Equestre); Fu Yu e Jieni Shao (Ténis de Mesa); Eduardo Marques, Carolina João, Diogo Costa e Mafalda Pires de Lima (Vela); Miguel Nascimento (Natação); e Taís Pina, Jorge Fonseca, Patrícia Sampaio, Bárbara Timo, Rochele Nunes e João Fernando (Judo).
Portugal esteve representado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.
Portugueses em ação neste sábado:
07H00 – Yolanda Hopkins e Teresa Bonvalot (Surf)
09H30 – Manuel Grave (Equestre-Concurso completo individual)
10h00 – Catarina Costa (-48 kg, Judo)
12h00 – Gustavo Ribeiro (Skate Street)
12h00 – Nuno Borges (Ténis), singulares e pares (com Francisco Cabral)
15h00 – Marcos Freitas, Tiago Apolónia, Fu Yu e Jieni Shao (singulares)