Como vai sendo cada vez mais habitual, os “treinadores de bancada” vão dissertando sobre os esquemas que a seleção portuguesa poderá utilizar para tentar dar a volta ao jogo, metendo mais golos que os adversários.
Por norma, o 4x3x3 pode ser o mais perfeito, porque mais global; como o 4x4x2, como o 5x3x2, como outro qualquer – ou até utilizar o hexágono ou, ainda, o quadrado ou em cunha, utilizado no hóquei em patins – recordando ainda o de carrocel, em que todos rodam e progridem dessa forma para chegar à baliza adversária.
A juntar, é natural que os “estrategas” recorram ainda a ajudas complementares como, por exemplo, a saúde mental, a saúde física, o estado de “cansado”, se pensa em problemas de ordem familiar, e por aí fora, situações que podem acontecer quando os artistas (jogadores) estão muito tempo fora do ambiente familiar e de amigos.
Depois do que se viu no Portugal-Eslovénia, onde a formação lusa encontrou muitos problemas para conseguir montar uma estratégia vitoriosa no tempo regulamentar – com a agravante de ter tido uma oportunidade única para marcar quando da grande penalidade defendida pelo guardião esloveno – há que “arrepiar” caminho e definir quem faz o quê e como!
Saber criar espaços que que abram (pelo centro ou pelas alas, ou mais por estas) o caminho para a baliza contrária é o objetivo. Só os jogadores é que terão de definir a forma como o fazer. São os únicos que estão dentro das quatro linhas. Por vezes, não é preciso jogar depressa. Uma jogada pensada leva mais tempo, mas os resultados poderão ser mais positivos.
Saber estar e saber ser! Ter visão e audição ativa é uma das armas para as “escapadelas” indispensáveis. A articulação dos jogadores dentro dos setores e quando avançam para outros deve ser feita com cálculos de ação/reação rápida, para ganhar vantagens nas progressões, sem esquecer que também é preciso recuar. Mas não muito.
Jogar no meio-campo adversário é outro fator de primordial importância, com domínio da posse de bola e olhos postos em todas as direções para se chegar a uma execução efetiva.
É pensar um pouco. É reter a bola, mas sem perder tempo! A bola é para girar.
Mais logo (20 h) se verá quem melhor articulará a atuação da respetiva equipa para poder ser superior à outra. Em pé de igualdade! E que a sorte volte a sorrir a Portugal.
Para o efeito, Roberto Martinez, selecionador nacional foi preparando o terreno ao dizer que “sofrer faz parte da vida, do futebol … o importante é o fim feliz”, acrescentando que “se podemos prometer o mesmo, vamos dar tudo, jogadores focados em jogar este grande momento do futebol português. Mas o futebol é um desporto de equipa. Não é um jogo entre dois jogadores. São incríveis. Têm uma influência no desporto mundial. Vai continuar. O Cristiano tem no Mbappé, o Mbappé teve noutros. Hoje é um jogo que a equipa precisa de ter um bom nível para ganhar.
“Acho que os 23 estão preparados. Olho para os jogadores e pode haver dúvidas se estão preparados… Todos tiveram minutos. Estão a trabalhar muito bem. Não é uma questão de qualidade, mas psicológica. E todos estão preparados”.
Questionado sobre se haverá muitas mudanças, Martinez respondeu que “não posso revelar. Ainda não falei com os jogadores, mas estamos recuperados. O período de jogo durante a Eslovénia não terá importância amanhã. Tivemos 4 jogos com os 23 jogadores. A França jogou 18 jogadores de campo. Estão todos aptos e preparados”.
Referiu também que “há dois pontos a reter neste Euro. O primeiro é que os jogos são muito competitivos, os adversários trabalham muito bem. Não concordo que não arriscamos. Somos a que mais arrisca, chegadas, remates… O golo é diferente, mas quem chega no último terço… Isso são as estatísticas, não a minha opinião. Mas queremos melhorar. Com a Turquia foi muito bom. É uma equipa que está nos ‘quartos’. Há uma mistura. Há coisas bem feitas, para manter, e outras que precisamos de melhorar. Mas não concordo que não arrisque, que não tenha personalidade no último terço. Tivemos 36 cantos. Há muitos dados que mostram o risco e a chegada, que queremos utilizar o talento para ganhar jogos. Mas precisamos de marcar mais, claro.”
Reagiu a outros pormenores, referindo que “acho que críticas fazem parte do meu trabalho. Tenho informação, critério, o que preparámos. Há muitos dados que precisamos para tomar decisões. Mas faz parte. Agora num ano e meio, as críticas mostram uma paixão que há pela seleção. E aceito isso. Acredito que temos jogadores muito importantes, mas a competitividade no balneário, eu vejo-a. As críticas fazem parte. Tivemos um apuramento com 10 vitórias e tive críticas. O foco para mim não é ouvir os comentários, mas é fazer com que o desempenho hoje seja o melhor possível. É isso que posso prometer aos adeptos”.
Finalizou salientando que “não gosto de comparar gerações [2016 vs 2024] porque é muito subjetivo. Um momento incrível como selecionador, todos falamos do que significa jogar pela seleção. Isso mostra a preparação do Eder, para estar preparado no momento. E a oportunidade de criar memórias. O Euro é um jogo que não gosto de comparar. Esta geração tem o seu caminho. Espero que esta geração possa motivar as do futuro.”
Por seu lado, Bernardo Silva, referiu que “não sei se de fora parece mais fácil, mas jogar uma competição como esta, contra equipas organizadas e que defendem baixo, que se metem todas atrás da linha da bola, não é fácil criar ocasiões de golo que queremos. Sabendo que há muito a melhorar, volto a dizer que a seleção não está num mau lugar. Não me queixo porque recebemos muito dinheiro. A nossa profissão tem muito consumo das pessoas. Estamos num ótimo lugar para lutar pelo Euro. Vou dar sempre o meu melhor. Quando o treinador achar que não é suficiente, lá estarei”.
Recordou ainda os últimos minutos do jogo frente à Eslovénia, dizendo que “foi um grande alívio e felicidade [no final do jogo com Eslovénia] Não é fácil ir aos penáltis. Já vi pessoas criticarem o que o nosso treinador disse, mas a verdade é que um relvado mau dificulta muito as nossas ações. Sentimos que merecíamos a qualificação. Ficámos felizes. Tivemos um grande herói, que foi o Diogo. Não sei como a França vai jogar. Olhando para as caraterísticas deles, não é uma equipa montada para defender. Pode haver mais espaço.”
Referiu ainda que “A nível posicional estamos a ocupar as mesmas posições que ocupávamos na qualificação. O Bruno jogava como 8 ou 10 e eu mais à direita. São dois momentos diferentes. Na qualificação jogámos com seleções inferiores. São duas realidades diferentes. Podemos fazer melhor, claro que sim, mas é completamente diferente jogar uma qualificação e um Europeu. Estamos numa boa posição para garantir o acesso às meias-finais e ficarmos perto de chegar à final.”
Concluiu que “é preciso Portugal a um nível altíssimo. Não estou de acordo quando dizem que não temos estado a um bom nível. Hoje podemos ir para casa ou ficar entre as 4 melhores da Europa. Para se estar aqui é porque o trabalho foi bem feito. Temos feito um trabalho espetacular. Frente à Eslovénia vou recordar para a minha vida. São momentos difíceis ir a um prolongamento, penáltis. Estar a uma curta distância de ficar fora do europeu. Foi um momento de grande euforia.”