Mais do que o valor definido para casa bolsa prevalece o aspecto social que emerge desta decisão tomada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ao associar-se ao Comité Olímpico de Portugal.
Na verdade, este é o primeiro passo para que os (alguns) atletas olímpicos portugueses possam ter uma “almofada” de conforto num dos vectores que é dos mais importantes para o futuro destes cidadãos após a carreira desportiva, que é ter formação superior que os encaminhe para uma vida normal.
Outra das áreas ainda em equação é o que se relaciona com a simbiose que deve existir entre a carreira desportiva e a carreira académica, onde falta encontrar um “calendário” apropriado.
Neste desenvolvimento do programa de responsabilidade social do Comité Olímpico, a adesão dos Jogos Santa Casa é um facto de extremo impacte para a área da Educação que, com a bolsa ora atribuída, “alivia” o bolso dos atletas com as despesas que tiveram que suportar com os gastos no ano letivo 2013/2014, no valor pecuniário de 3 mil euros para cada um.
Vinte e quatro atletas, das modalidades de Atletismo, Canoagem, Ginástica, Judo, Natação, Remo, Rugby e Taekwondo, que integram o Programa de Preparação Olímpica Rio 2016 foram os beneficiados e que aqui se registam:
Patrícia Mamona, Marcos Chuva, Susana Feitor, Marco Fortes (atletismo); Teresa Portela e Helena Rodrigues (canoagem); Gustavo Simões e Diogo Abreu (ginástica); Ana Cachola e Joana Ramos (judo); Diogo Carvalho (natação); Nuno Mendes (remo); Rui Bragança, Jean Michel Fernandes, Joana Cunha, Júlio Ferreira e Mário Silva (taekwondo); António Marques, Bernardo Seara Cardoso, Miguel Lucas, Duarte Marques, Frederico Oliveira, Vasco Mendes e Martim Correia e Ávila (rugby).
José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico, salientou “o papel desempenhado pelos Jogos Santa Casa no apoio ao desporto nacional, fundamental para o seu desenvolvimento, não apenas ao desporto propriamente dito, como às questões sociais a ele inerentes, como é o caso destas bolsas de educação”.
Fernando Paes Afonso, Vice-Provedor da Santa Casa, referiu que “os atletas personificam os valores da Santa Casa. Devemos vê-los como um exemplo para toda a sociedade, especialmente os jovens e crianças, pela sua perseverança e ambição. Por isso, é com grande orgulho que nos associamos a este projeto, visando apoiar os atletas também na sua formação”.
João Neto, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, ressalvou a importância da carreira dual – existindo já um grupo de trabalho governamental para analisar e definir um conjunto de regras que, ao fim e ao cabo, complementem este primeiro passo – salientou que “é com grande satisfação que vemos este apoio único e pioneiro que garante aos nossos atletas uma conciliação da carreira desportiva e académica, um tema fundamental na nossa agenda. Esperamos que este seja um projeto duradouro e de sucesso”.
A recolha de candidaturas para este projecto decorreu entre 15 de abril e 15 de maio e foi desenvolvida pelo Comité e Jogos Santa Casa, este último como parceiro oficial deste projeto na vertente de Educação, que reforça a sua política de responsabilidade social, permitindo o acesso dos atletas olímpicos a um plano de bolsas de estudos anuais, para a frequência de cursos em instituições de ensino superior ao nível de licenciatura e mestrado.
Para além da vertente da Educação, o programa de responsabilidade social do Comité está assente na identificação e acompanhamento das necessidades não só educacionais, mas também de Emprego e Saúde dos atletas que representam ou representaram Portugal nos Jogos Olímpicos, abrangendo todos aqueles que até hoje já participaram em Missões Olímpicas.