A fechar o europeu de atletismo de Roma, esta quarta-feira, Portugal voltou a estar em evidência ao conquistar mais uma medalha (41ª) nos campeonatos absolutos do Velho Continente, com a jovem Agate Sousa a receber a de bronze no salto em comprimento.
Depois de Pedro Pichardo ter chegado à prata (triplo salto) e Liliana Cá a outro bronze (disco), Agate fechou com honra a presença lusa em terras italianas, depois de uma excelente luta até ao último ensaio, relevando-se ainda o recorde de Portugal novamente batido pela equipa de estafeta de 4×400 metros (masculina).
O dia até conheceu um preâmbulo, pois Pedro Pichardo subiu ao pódio, na Praça das Medalhas, junto ao Estádio Olímpico, para receber a medalha de prata referente ao segundo lugar no triplo-salto, onde voltou a saltar acima dos 18 metros.
Na final do salto em comprimento, com mais um grande momento de Portugal e uma grande final. A alemã Malaika Mihambo fez um salto a 7,22 metros e deixou a concorrência em “sentido”, mas a portuguesa não se assustou e foi fazendo a sua prova. Abriu com 6,82 m, melhorou para 6,86 e 6,93, a marca que deu o bronze (mas então estava na prata). Fez um nulo, saltou 6,83 e fechou com 6,62 m. Ainda viu a alemã Assani saltar 6,91, mas no último salto, a italiana Larissa Iapichino saltou 6,94 m, melhor marca europeia sub-23.
“Um belo resultado. Já estive em várias competições com elas, sei o que valem e sabia o que tinha de fazer. É a minha primeira internacionalização e como disse vim para lutar pelas medalhas e consegui alcançar esse objetivo. Estou muito feliz”, afirmou a atleta, que está ainda a saborear este sonho.
“Durante a prova eu estou sempre focada no meu trabalho, mas não deixo de ver o que elas estão a conseguir, para tentar também responder. Eu estava capaz de saltar os sete metros, aquele ensaio nulo foi bem longo”.
Agora, “há que continuar a trabalhar, temos os Jogos Olímpicos de Paris, onde ainda haverá mais concorrência e eu quero voltar a estar a competir entre as melhores”, referiu.
E foi com o concurso do comprimento a decorrer que chegou a hora de outra final, a dos 4×400 metros masculinos, e que grande prova fez o quarteto português, culminando com mais um recorde de Portugal, agora em 3m01s89”, o reflexo do sexto lugar conseguido pelos atletas Ricardo dos Santos, Ericsson Tavares, João Coelho e Omar Elkhatib. Uma presença inédita na final do Europeu.
A equipa, que mereceu esta vaga na final, conseguiu uma excelente prestação e um bom recorde nacional. “É reflexo de um trabalho que temos vindo a fazer ao longo do tempo, não temos feito muitas estafetas, mas temos trabalhado bem individualmente, uma aposta conjunta”, disse o jovem Ericsson Tavares.
“Estivemos na final porque merecemos, e cumprimos, voltando a fazer recorde nacional”, concluiu. Estando fechado o acesso aos Jogos Olímpicos de Paris’2024, este resultado é esperançoso. “Abre-se aqui uma porta para o futuro. Estas marcas conseguidas em Roma podem dar-nos uma entrada para as grandes competições do próximo ano, já com os Europeus de pista coberta. Aí, há que conseguir confirmar a média para o ar livre. Consoante isto, só temos de provar à FPA que somos uma grande aposta para competições europeias e mundiais”, referiu João Coelho, numa fase em que as outras seleções começam a reparar nesta estafeta de sucesso.
Ainda estávamos no rescaldo destas competições e Isaac Nader estava a correr a final dos 1500 metros. Sempre bem posicionado, o português viria a claudicar no final, terminando em 10º lugar com 3m34s22”.
“Os últimos 200 metros já os corri no limite. Ficar em 10º lugar não era o meu objetivo, Toda a gente sabe que eu queira lutar pela medalha, foi para isso que trabalhei, mas não consegui”, referiu, adiantando, quando perguntado, não saber “se foi o esforço da recuperação após a queda que me deixou assim. Não sei. A verdade é que as regras ou se cumprem ou devem ser alteradas. Se assim continuar mais vale cairmos, rebolarmos e sermos classificados para uma final. Eu não perdi por isso, perdi porque não consegui dar mais”, referiu, visando agora a continuidade do trabalho para os Jogos de Paris.
“Não há descanso. Amanhã há que recomeçar o trabalho. Ainda não foi desta que consegui a medalha, mas estou firme na vontade de continuar a trabalhar para o conseguir”, concluiu o atleta.
Portugal fechou os Campeonatos Europeus de Atletismo de Roma na 21ª posição das medalhas, com uma de prata (Pedro Pichardo no triplo, e duas de bronze, por Liliana Cá, no disco, e Agate Sousa, no comprimento). Com estas três, o pecúlio global é de 41 medalhas (16 de ouro, 15 de prata e 10 de bronze).
Foram batidos cinco recordes nacionais e alcançados oito lugares de finalista. Na pontuação, Portugal fechou no 15º lugar, com 36 pontos, o que é extraordinário entre os 48 países presentes.
Os últimos elementos da delegação portuguesa viajam esta quinta-feira, para Portugal, com Pedro Pichardo a chegar às 8h05 da manhã, ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
As outras chegadas estão previstas, para Lisboa, às 13h20 e às 19h45.