Apesar de uma badalada campanha nacional que se iniciou anos atrás, tendo como pivot o Comité Olímpico de Portugal – ou não seja o “guarda-mor” do sistema federativo desportivo em Portugal, especialmente no âmbito das modalidades olímpicas, as de maior impacte na sociedade – a luta contra a manipulação de resultados, a verdade é que os resultados até agora conhecidos não são tão bons como se poderia esperar.
“Não há atalhos para um campeão: Joga Limpo, Joga Seguro, Joga com Verdade” – são frases da literatura que o COP implementou, na altura do lançamento, apelando a outras frases, como “Reconhece, Resiste, Reporta” – a regra dos 3R’s – para que os desportistas, em caso de serem envolvidos nalgum esquema de “Match Fixing”, pudessem comunicar às autoridades envolvidas o que se passava em Portugal.
Um processo que foi implementado através não só do COP, versando as federações desportivas, para o que foram criados e disponibilizados vários canais (mails) de comunicação, para que os atletas reportassem as situações.
Os procedimentos foram sendo implementados, realizaram muitas ações de informação e o IPDJ introduziu nos contratos programas que, por norma, assina com o sistema desportivo, uma cláusula que, em caso de incumprimento, seriam aplicadas sanções a quem não implementasse o referido esquema de “reportar” situações anómalas.
Ciente da importância que esta questão (entre outras, como a dopagem, o racismo, a violência), o sistema desportivo implementou um conjunto de procedimentos que levou à criação, em especial, da “comunicação” por via direta e confidencial.
Ações que tem vindo a ser levadas a cabo por várias organizações que laboram na área da Ética, como é o caso do Panathlon Clube de Lisboa, que promoveu um debate sobre “Integridade e manipulação de resultados”, que contou com a presença do diretor-geral do COP (João Paulo Almeida), o primeiro a liderar este processo; Rute Soares (responsável pelo assunto na Federação Portuguesa de Futebol), no “mundo” que é o mundo do futebol; Fábio Figueiras (vice-presidente do Panathlon) e o brasileiro Thiago Santos (investigador da Sport Evolution Aliance), sob a moderação de Diogo Guia (Diretor de Políticas Públicas do Desporto no ICSS).
SEA que é uma organização não governamental formada por iniciativa de um grupo de gestores desportivos com significativa experiência na gestão e implementação de bolsas europeias.
Prestam serviços que procuram uma intervenção diferenciadora e soluções avançadas para o desenvolvimento de políticas no domínio da saúde, educação e cultura, com particular enfoque no desporto, sendo o Centro Internacional para Segurança Desportiva (ICSS) uma organização global, independente e sem fins lucrativos, que trabalha para enfrentar alguns dos desafios e questões mais importantes que o mundo do desporto enfrenta hoje, bem como para protegê-lo de ameaças emergentes e futuras.
Para reforçar a realidade do que se passa nalgumas partes do mundo, onde este flagelo também está a ser combatido e sendo conhecidas situações reais de manipulação, contadas pelos próprios infratores, apanhados na rede de contatos – que acabaram por ser sancionados e “devolvidos” à sociedade após suspensões mais ou menos alargadas, porque se redimiram ao contarem como foram na “onda”.
Ainda que em Portugal se tivesse avançado com rapidez na divulgação das normas entretanto definidas, com a prestação do sistema federativo, a verdade é que, passada uma década, o número de denúncias é diminuto e, desses processos, não se conhece se foram sancionados ou não.
Quiçá porque, no desporto, o que mais interessa é o resultado e as peripécias surgidas em cada jogo – que ser de “sumo” específico para todos os debates – não se concluindo pela divulgação de algo que, ao que parece, não existe. Até porque, sendo processos confidenciais, não podem ser divulgados, tendo sido revelado que em Portugal foram aplicadas cerca de duas centenas e meia de sanções até 2023.
Mas o que é certo é que o valor das apostas feitas tem subido gradualmente ano após ano, tendo a “contabilização” começado em 2015, com um valor da ordem de 1,3 milhões de euros para, no final de 2023, ter chegado aos 37,9 milhões, o que diz bem do impacte que as apostas tem neste “mundo” global, sendo certo que a maior percentagem provêm de apostas ilegais, o que prejudica ainda mais o apoio ao desporto, porque usado noutros “negócios”.
Sendo “um labirinto que não leva a lado nenhum”, foi divulgado o trabalho que continua a ser feito, desde a publicação de um livro sobre match fixing, em banda desenhada, para cativar os mais jovens para este problema, subordinado ao tema “Teu Jogo, Tua escolha!”, baseado em três pilares como Prevenção, Educação e Sensibilização; Regulação e Disciplina e Capacitação das pessoas envolvidas no processo.
Panathlon Clube de Lisboa que tem previsto, para este mês de abril, outro debate, desta vez sobre o “Desporto para o desenvolvimento e a paz”, cujo Dia Internacional se comemora no dia 6.