Desde o tiro de partida que os vencedores se instalaram no comando das operações atléticas da que foi a 33ª EDP Meia Maratona de Lisboa, com a prova masculina a ter maior impacte pela luta homem a homem, enquanto no feminino a liderança ficou definida praticamente nos primeiros metros.
Com uma temperatura a rondar os 18º no primeiro metro, acompanhados de uma humidade relativa de 83%, os heróis da EDP Meia Maratona de Lisboa – 33ª edição – bem tentaram “fintar” o calor que foi aumentando para chegar aos recordes do percurso, mas o objetivo não foi completamente obtido por cada um.
O etíope Dinkalem Ayele e a queniana Brigid Kosgei tornaram-se os mais “fortes” e conquistaram os títulos em disputa, em corridas que se iniciaram na Cruz Quebrada/Dafundo e terminaram na Praça do Império, palco dos conquistadores portugueses de outrora.
Com um pelotão, ainda que pequeno (aos 10’ apenas uma dúzia seguia no comando, que se foi reduzindo à medida que os quilómetros ficavam para trás), tudo foi suficiente para demonstrar a qualidade de cada um e, mais uma vez, com o continente africano a estar em alta, ou não sejam os recordistas e campeões mundiais nas pequenas, médias e grandes distâncias.
Aos 12 minutos, o grupo ficou reduzido a 10 e à meia hora apenas resistiam sete. Na passagem aos 10 km, apontava-se para um final dentro da uma hora e 18 segundos, numa altura em que apenas seis concorrentes seguiam na frente, entrando-se na parte crucial da corrida masculina, com o grupo a ficar reduzido a apenas cinco atletas: Ayele, Kiptoo, Kiptarus, Faniel e Kitiyo.
Quinteto que seguiu junto até ao 19º km, ponto onde Ayele forçou o andamento, isolou-se e foi aumentando a vantagem (ainda que pequena) sobre os demais concorrentes que, por si só, também se foram distanciando à medida que a “frescura” física se tornou mais morna.
Na passagem pelos 20 km, apenas Ayele, Kiptarus e Petros (que veio de trás) entraram no que seria a zona de “sprint” prolongado, para os dois primeiros disputarem a vitória nos últimos quinhentos metros.
Mais forte, o etíope Dinkalem Ayele adiantou-se e venceu com o tempo de 1.00.36 (algo longe do recorde do percurso – 57.31, de 2021, alcançado por Jacob Kiplimo), seguindo-se o queniano Dominic Kiptarus (1.00.40) e o alemão Amanal Petros fechou o pódio com 1.00.56.
Seguiram-se: Dennis Kitiyo (Quénia), com 1.00.58; Bravin Kipoo (Quénia), com 1.01.10; Thabang Mosiako (África do Sul), com 1.01.42; Sikias Misganaw (Etiópia), com 1.02.03; Timothy Kipchumba (Quénia), com 1.02.07; Edward Pinguia (Quénia), com 1.02.20 e Eyob Faniel (Itália), com 1.02.26.
Para Ayele, “foi uma prova competitiva de principio a fim mas consegui ser mais forte do que os outros atletas, que me seguiram sempre até perto dos 20 km, quando forcei o andamento para ganhar, numa vitória que foi saborosa, num percurso muito bom e numa cidade maravilhosa”.
Nos portugueses, o melhor foi Rui Pinto (Sporting), com 1.04.32, seguido de João Valente (Thomar Athletics), com 1.08.21; João Fernandes (Académica da Bela Vista), com 1.08.52; Ricardo Ribas (Olímpico Vianense), com 1.09.25 e Hélio Gomes (Sporting), com 1.10.41.
Para Rui Pinto, “é sempre especial para mim correr a Meia Maratona de Lisboa, uma das principais corridas de Portugal que apresenta sempre um lote de atletas de excelência. Fui novamente o primeiro português, mas em termos de marca fiquei um pouco aquém daquilo que tinha previsto. No entanto, aceito o resultado porque o contexto assim o ditou. Aproveito para agradecer à organização pela forma como nos presenteia com este magnífico evento assim como a todas as pessoas que estiveram nas ruas para nos apoiar.”
Na corrida feminina, a vencedora esteve sempre na linha da frente e, por isso, nada faltou para Brigid Kosgei chegar a um triunfo folgado (1.05.51), apenas a vinte e um segundos do recorde da prova (1.05.30), feito o ano passado pela vencedora, a etíope Almaz Ayana.
As também etíopes Bosena Mulatie (2ª com 1.09.00) e Tigist Menigstu (3ª com 1.09.14) fecharam o pódio, seguindo-se Betty Kibet (Quénia), com 1.09.35 e a compatriota Vivian Melly, com 1.09.41.
Brigid Kosgei, a vencedora, salientou que “esta prova foi uma preparação para a Maratona de Londres do próximo mês. Estou muito feliz, gostei muito do que fiz hoje. Agradeço aos organizadores o que fizeram por mim”, tendo acrescentado ainda que “sinto-me muito feliz, porque vim a Portugal com as minhas crianças. Elas celebraram comigo no final a minha vitória. Estavam muito, muito felizes por aquilo que eu fiz”
Nas portuguesas, Susana Godinho (com mínimos para os Jogos Olímpicos de Paris) foi a melhor, representando o Recreio de Águeda, com 1.13.17, seguindo-se Ana Mafalda Ferreira (Sporting), com 1.14.06 e Dulce Félix (Benfica), com 1.18.36, esta última provavelmente a terminar a carreira a nível de alta competição.
Susana Godinho que referiu que “o objetivo principal era bater o meu recorde pessoal, mas infelizmente não consegui. Senti algum cansaço da prova de ontem do corta-mato. Além disso, a temperatura e humidade foram fatores que prejudicaram a minha performance. Mas saio satisfeita por ter sido a melhor portuguesa”.