A quinta e última etapa, entre Faro e o Alto do Malhão, foi pautada pela alta velocidade e pelos múltiplos ataques. Remco resistiu a todos e ainda tentou ganhar a etapa, único objetivo não alcançado, porque a tirada foi para o colombiano Daniel Martínez (BORA-hamsgrohe). O português António Morgado (UAE Team Emirates) foi décimo na geral final e ganhou a classificação da juventude.
Os 165,8 km superaram todas as expectativas: começaram em ritmo violento – 50 quilómetros percorridos na primeira hora de corrida – e sem tempos mortos. Na primeira meta volante assistiu-se a uma luta pelas bonificações, por parte do esloveno Jan Tratnik (Team Visma | Lease a Bike), e pela Camisola Verde Crédito Agrícola, com o belga Gerben Thijssen (Intermarché-Wanty) a passar em primeiro e a consolidar a vitória na geral dos pontos.
Depois disso, os homens da geral moveram-se na primeira montanha do dia, na Picota, provocando um primeiro fracionamento do pelotão. Deu-se, depois, uma fuga de 20 corredores, que seria o foco das atenções até à subida de terceira categoria para Alte, a cerca de 40 quilómetros da chegada.
Na curta, mas inclinada, dificuldade de Alte, Wout van Aert (Team Visma |Lease a Bike) atacou e desmembrou o pelotão. Levou com ele Ben Healy (EF Education-EasyPost), acionando os sinais de alerta na Soudal Quick-Step.
A ousadia de Van Aert e Healya – os quais só resistiu um dos fugitivos iniciais – Gijs Leemreize (Team dsm-firmenich PostNL) – obrigou a Soudal Quick-Step a gastar tudo o que tinha na perseguição. O belga da Team Visma chegou a ser virtual camisola amarela, mas a fuga chegou praticamente anulada à segunda subida para o Malhão.
Nessa fase final foi a vez de a BORA-hansgtohe endurecer o ritmo no grupo dos favoritos, reduzindo-o a muito poucas unidades. Estava em causa a tentativa de colocar Remco Evenepoel em dificuldades. Mas o belga não cedeu. E até foi o primeiro a acelerar, na tentativa de ganhar a etapa. No entanto, tal como aconteceu na Fóia, porquanto Daniel Martínez teve resposta imediata e superou o rival na luta pela etapa.
Daniel Martínez cortou a meta na frente, com 3h55m35s (média impressionante de 42,227 km/h), com Remco Evenepoel no segundo lugar, com o mesmo tempo. O terceiro foi o vencedor no Malhão em 2023, Thomas Pidcock (INEOS Grenadiers).
“Fizemos um excelente trabalho de equipa. Quando Van Aert atacou o diretor desportivo disse-nos pelo rádio para ter calma, porque ainda era muito longe da chegada. Foi um fantástico trabalho de equipa. Queria muito ganhar aqui, onde já fui segundo, há dois anos. É a etapa mais dura da Volta ao Algarve”, disse o colombiano, que, na mesma edição da corrida, enriqueceu o palmarés com vitórias na Fóia e no Malhão.
Remco Evenepoel foi coroado vencedor da 50ª Volta ao Algarve. O belga, vencedor em 2020, 2022 e 2024, igualou o máximo de triunfos, até agora exclusivo do português Belmiro Silva, primeiro em 1977, 1981 e 1984, tendo adiantado que “estou feliz com esta terceira vitória. É uma sensação muito agradável vir aqui e ter uma semana muito bem-sucedida para regressar a casa com três vitórias e dois segundos lugares. Tivemos de sacrificar muita energia dos rapazes porque eles perseguiram um pouco mais cedo do que esperávamos. Mas acho que mostrámos como esta equipa é mentalmente forte. Nunca entramos em pânico numa determinada situação, especialmente como a que o Wout criou”.
O sucesso não foi isento de percalços porquanto “tive de fazer a subida final com a pedaleira 54. Tive um problema mecânico, não conseguia passar para a mudança pequena. Foi uma pena, porque fazer uma subida com rampas que rondam os 20 por cento com 54 é bastante difícil. Isso deu cabo das minhas pernas, mas acho que na minha cabeça fiquei bastante calmo. É uma pena, porque sou um tipo que gosta de andar com uma cadência alta. Especialmente na primeira parte, acho que me deu cabo das pernas. E a minha aceleração foi um pouco menor no final, devido à grande perda de potência causada pela engrenagem mecânica. Mas a vida é assim mesmo, acho que há coisas piores”.
O campeão mundial de contrarrelógio subiu ao pódio para vestir a Camisola Amarela Turismo do Algarve, sendo acompanhado Daniel Martínez, que ficou a 43 segundos, e por Jan Tratnik, a 1m21s. Daniel Martinez conquistou a Camisola Azul-Água é Vida, da Montanha.
Igualado o recorde de Belmiro Silva, Remco Evenepoel promete não se ficar por aqui. “É claro que gosto muito de correr aqui, é sempre um nível elevado. E é sempre uma corrida muito boa para testar as pernas no início da época. Gosto muito de cá estar, o país, os adeptos, as estradas, toda a gente e tudo é agradável. Por isso, não sei quanto ao próximo ano, mas de certeza que vou voltar”, frisou o belga.
António Morgado ganhou a luta pela classificação da juventude, levando para casa a Camisola Branca IPDJ. A Team Visma | Lease a Bike impôs-se por equipas.
“Esta camisola sabe muito bem, é fruto do trabalho que tenho realizado nos últimos quatro meses. Tenho estado a sentir-me bem, com boas sensações, tanto a treinar como a competir. Tenho-me surpreendido a mim mesmo. Fiquei muito satisfeito com o desempenho na Volta ao Algarve, mas também um pouco surpreendido”, confessou o jovem português.