Portugal fez-se gigante e derrotou a Noruega no arranque do Main Round por 37-32 e sonha agora mais alto no Europeu, defrontando de seguida a Eslovénia, a partir das 14h30 desta sexta-feira, com transmissão em direto na RTP 2.
A equipa nacional estreou-se na Barclays Arena, em Hamburgo, com uma vitória sensacional diante da Noruega, como já não acontecia desde 2003, para somar os primeiros pontos do Main Round e reforçar a ambição da presença no Torneio Pré-Olímpico.
Diante de uma seleção norueguesa com um estatuto de impor respeito, mas ferida pela derrota diante da Eslovénia, que fez com que chegasse ao Main Round sem pontos – tal como Portugal – os Heróis do Mar tremeram no arranque, mas deram a volta ao texto e fizeram história… ao seu estilo!
Com Diogo Rêma Marques, Leonel Fernandes, Martim Costa, Miguel Martins, Francisco Costa, Pedro Portela e Luís Frade no sete inicial, o jogo começou com um período de parada e resposta, com um ritmo rápido e intenso, que durou cerca de três minutos (2-2). Apenas nessa altura é que Portugal dispôs do primeiro ataque organizado. Aos cinco minutos, a Noruega colocou-se pela primeira vez na frente do marcador e agarrou dois golos de vantagem, depois de dois ataques perdidos por falhas técnicas dos Heróis do Mar.
Valia a Portugal as já quatro intervenções de Diogo Rêma Marques, que ia impedindo que os nórdicos disparassem no resultado. A Seleção Nacional mostrou-se pouco assertiva e desconcentrada no ataque. Com 13 minutos decorridos, Portugal até melhorou, mas a Noruega chegou aos três golos à maior e, para piorar a situação, beneficiou da primeira exclusão, para Salvador Salvador. O capitão, Rui Silva, estreou-se de seguida.
A dois minutos dos 20’, e já com Joaquim Nazaré em campo, Leonel Fernandes assinou o 11-10 para voltar a trazer esperança. A parte daqui tudo haveria de mudar, para felicidade dos portugueses.
Paulo Pereira pediu time-out aos 22 minutos, numa altura em que Portugal se mostrava sólido na defesa, mas ainda algo inconstante no ataque e com o marcador em 13-11. Após a paragem… parcial de 0-4 de Portugal e o tão esperado golo da reviravolta apareceu, com os lusos a voltar à liderança, como já não acontecia desde o 1-2 e a alcançar dois golos à maior, de forma inédita.
A cinco minutos do intervalo, logo após ter surgido a primeira exclusão para a Noruega e Portugal ter assinado o 13-15, o selecionador nórdico pediu time-out para tentar estancar a quebra de rendimento. Mas na sequência de nova paragem… Portugal aumentou o parcial em mais dois golos, depois da sexta defesa na conta pessoal de Diogo Rêma Marques, para aumentar ainda mais a vantagem (13-17). A Noruega marcou pouco depois, ao fim de cerca de 7 minutos, e o intervalo chegou com 15-18.
No início da segunda parte, uma exclusão madrugadora para o lado português, permitiu à Noruega assinar um parcial de 3-1, para voltar a trazer a diferença mínima, em apenas cinco minutos. Aos 40 minutos, a Noruega perdia pela mesma diferença (21-22), com o jogo a decorrer a um ritmo alucinante e longe de estar decidido.
Depois de uma ação defensiva de esforço, Portugal foi recompensado com um parcial de 0-2, para voltar aos três golos à maior (21-24), um deles apontado pelo ponta-esquerda, Pedro Oliveira, o único atleta que ainda não tinha marcado qualquer golo no EHF Euro 2024, à exceção dos guarda-redes.
Os Vikings recusavam-se a deitar a toalha ao chão e Alexandre Blonz fez o 25-26, de livre de 7 metros, para trazer nova diferença de um golo, com cerca de 15 minutos para se jogar em Hamburgo. Os lusos bem tentavam, mas não conseguiam descolar dos nórdicos e aos 48 minutos foi a vez de Paulo Pereira pedir time-out.
Depois da paragem, Portugal cometeu uma falha técnica e deixou a Noruega com via aberta para o empate…mas o recém-entrado Gustavo Capdeville disse presente e somou uma defesa importantíssima para o desfecho do jogo.
Nos últimos dois minutos, Gustavo Capdeville fez duas defesas decisivas e acabou definitivamente com as ambições norueguesas.
Após o soar da buzina, os Heróis do Mar festejaram a merecida vitória e a respetiva conquista dos primeiros dois pontos no Main Round, com o resultado a fixar-se em 37-32.
MVP & Top Scorer: Pedro Portela – 8 golos (100% de eficácia)
Para Paulo Pereira, selecionador nacional, “a Noruega está entre as melhores seleções do mundo mas já em 2020, quando nós perdemos em Trondheim, eu fiquei com a sensação que aquele jogo com alguns detalhes melhor aproveitados podia ter caído para nós, ainda para mais na Noruega. Portanto, foi hoje. Já há mais de dez dias que disse aos nossos atletas que a Noruega era uma equipa que, embora excelente, eu achava que podíamos vencer. Creio que eles foram acreditando à medida que fomos preparando o jogo e aquilo que senti foi que todos estavam convencidíssimos de que podíamos entrar e competir com eles e mesmo ganhar. O nosso objetivo está intacto e é esse objetivo que queremos, que é somente atingir o Torneio Pré-Olímpico, está um bocadinho mais perto, mas ainda está longe. Portanto, é isso que vamos fazer.”
Acrescentou ainda que “nós só conseguimos esta vitória, tendo em conta todas as circunstâncias que vivemos para preparar esta competição e os adversários que temos tido. Só com pessoas deste nível, com a competitividade que eles têm é que nós conseguimos fazer isto. Portanto, só porque temos este tipo de atletas altamente competitivos, estamos a aprender muito também. E se essa aprendizagem se mantiver, é certo que nos voltaremos a apresentar competitivos também contra a Eslovénia. Nós só pensamos na Eslovénia, não pensamos em rigorosamente mais nada.”