Com atletas desta – mais que provada – categoria, não se podia esperar outra coisa que não fosse um “festival” de juventude de fibra de alto calibre, a pensar no futuro que se avizinha, com maior celeridade e onde pretendem reconfirmar ou confirmar a real categoria que tem desfilado ao longos dos últimos anos.
Aconteceu no decorrer da 31ª edição dos Campeonatos Nacionais de Estrada, em que o Sporting voltou a ceder – ao Benfica e ao Sporting de Braga – os títulos alcançados nos anos anteriores, com a cidade de Tomar a estrear-se também em competições de primeira categoria nacional, no que foi um êxito que pode ser o “ressurgir” do meio fundo e fundo português para ser relançado no plano mundial, recordando-se que faz este ano (2024) 40 anos da conquista da primeira medalha olímpica para o desporto nacional, alcançada por esse extraordinário atleta que dá pelo nome de Carlos Lopes! Aleluia!
Isaac Nader e Mariana Machado acabaram por ser os expoentes da reconquista dos títulos coletivos das respetivas equipas, Benfica (quatro anos depois) e Sporting de Braga (mais de 20 depois).
Numa competição marcada pela chuva que caiu durante a manhã em Tomar, as duas corridas foram bem disputadas, começando pela corrida feminina, com a campeã do ano passado, Mariana Machado, a não se mostrar complacente, antes mostrar, desde os primeiros metros, ao que vinha.
Apesar de “não ser a zona de conforto”, como a atleta afirmou, a sua determinação foi suficiente para triunfar com sete segundos de vantagem sobre a espanhola Ester Navarrete, uma vez mais um “trunfo” para a formação minhota, que ainda teve Solange Jesus no terceiro lugar, três “pontas de lança” para um triunfo coletivo que ainda contou com Sara Duarte na 12ª posição.
O Sporting, apesar de contar com a queniana Fancy Cherono, não conseguiu revalidar o título conquistado no ano passado e foi mesmo ultrapassado pela equipa do Recreio de Águeda, que colocou todas as suas atletas até ao 10º lugar!
No final da corrida, Mariana Machado mostrou uma felicidade intensa, ao referir que “foi mais um título, especial para mim individualmente, mas acima de tudo pela história do Braga. Passados mais de 20 anos voltamos a vencer coletivamente na estrada, juntando mais um capítulo triunfante à grande história do clube e isso é muito positivo”.
Acrescentou ainda que “foi muito bom vencer, embora numa distância fora da minha zona de conforto. 10 km é um bocadinho mais do que eu estou habituada, mas nesta fase acho que não me faz mal, é um pouco mais que um treino. O meu objetivo nesta altura está virado para a pista coberta, nos 3000 metros, que pretendo correr nos Mundiais de Glasgow”.
A corrida masculina foi mais disputada, com tudo a decidir-se na fase final da corrida, onde Isaac Nader surgiu muito forte, obtendo destacado o seu primeiro título individual, com o sportinguista Rui Pinto a ficar a dois segundos do vencedor. Nos 10 primeiros só chegaram atletas do Benfica e do Sporting, com as águias a fecharem a pontuação coletiva com o sétimo lugar de Pedro Amaro, o primeiro atleta sub -23. Foi a reconquista de um título perdido em 2019/2020.
O Sporting, foi intercalando lugares com o queniano Vincent Rono (oitavo) a fechar a classificação para o clube, que não revalidou o triunfo do ano passado.
No final da corrida, o campeão nacional, Isaac Nader, mostrou-se “feliz por ajudar a equipa, que era o mais importante. Sabia que numa prova não muito rápida que eu poderia aguentar bem. Consegui acompanhar o ritmo da frente, mesmo quando liderava o atleta africano e sabia que se estivesse bem colocado podia conseguir o título”. Nader confessou também que “vencer aqui é muito importante, pois passei aqui parte da minha infância, é como uma terceira casa. Gostei muito disso e do percurso”.
Sendo esperado na véspera para a milha, Isaac explicou que a opção “pelos 10 km em detrimento da milha foi tomada por ser mais importante para o Benfica. Para mim, o importante era ajudar o clube. Nada tinha a ver com a prova de hoje ou com a milha”, explicou, reforçando que o seu “objetivo passa por estar no Mundial de Glasgow, em pista coberta, por isso a ideia de estar aqui foi para ajudar o clube, que era o mais importante. E mostrámos que somos a melhor equipa de meio-fundo. O Benfica ganhou no corta-mato, ganhou hoje nos 10 km, ganhou ontem na milha e isso é que conta”.
Principais resultados:
Femininos
1.ª Mariana Machado (Sporting Braga), 33.18; 2ª Ester Navarrete – Esp (Sporting Braga), 33.25; 3ª Solange Jesus (Sporting Braga) 33.31; 4ª Fancy Cherono – QUE (Sporting) 33.41; 5ª Ana Mafalda Ferreira (Sporting), 33.47; 6ª Susana Cunha (Recreio Águeda) 33.48; 7ª Carla Salomé Rocha (Sporting) 34.06; 8ª Carla Martinho (Recreio Águeda) 34.10; 9ª Rafaela Fonseca (Rrecreio Águeda), 34.15; 10ª Joana Ferreira (Recreio Águeda) 34.30; 11ª Lara Costa (União Várzea) (1ª S23 e 1ª S20), 34.39;…; 15.ª Ana Marinho (CD S. Salvador Campo) (S23), 35.09; 16ª Diana Fernandes (CD Feirense), 35.20; 20.ª Beatriz Rocha (Maia AC) (S20) 35.55; 29.ª Maria Pimentel (CF Oliveira Douro) (S20) 37.42.
Por equipas: 1.º Sporting Braga, 18 pontos; 2º Recreio Águeda, 33; 3º Sporting, 37; 4º S. Salvador do Campo, 81; 5º Run Tejo, 134. Desporto Adaptado: 1.ª Íris Silva (CD Feirense), 55.08.
Masculinos
1.º Isaac Nader (Benfica) 29.07; 2º Rui Pinto (Sporting) 29.09; 3º Duarte Gomes (Benfica), 29.11; 4º Miguel Moreira (Benfica), 29.16; 5º Miguel Marques (Sporting) 29.16; 6º Rúben Amaral (Sporting) 29.19; 7º Pedro Amaro (Benfica) (S23), 29.20; 8º Vincent Rono – QUE (Sporting) 29.22; 9º Luís Oliveira (Benfica), 29.25; 10º André Pereira (Benfica) 29.28;…; 12.º João Amaro (Benfica) (S23) 29.41; 28º Rúben Pires (CD S. Salvador do Campo) (S23) 30.24; 56º Evandro Pires (Run Tejo) (S20) 31.34; 104º João Ferreira (Sporting) (S20) 32.49; 108º Rodrigo Martins (Sporting) (S20) 32.57.
Por equipas: 1º Benfica, 15; 2º Sporting, 21; 3º Sporting Braga, 73; 4º Vitória FC, 95; 5º CD S. Salvador do Campo, 159. Desporto adaptado: 1.º João Monteiro (Penta Clube da Covilhã) 35.48.