Exibição de luxo de Portugal frente à Chéquia carimbada com triunfo (30-27), mantém o registo invicto e a ambição intacta de estar no Main Round do Europeu de Andebol que decorre na Alemanha.
O último desafio no Grupo F será nesta segunda-feira, a partir das 19h30, diante da poderosa Dinamarca, com transmissão em direto na RTP 2.
A caminhada da seleção nacional segue de vento em popa e, neste sábado, o Andebol português voltou a ser dignificado ao mais alto nível. Os Heróis do Mar protagonizaram uma exibição imaculada diante da Chéquia, venceram por 30-27 e celebraram a passagem ao Main Round da competição no hotel. Isto porque o passaporte para a próxima fase chegou com a vitória da tricampeã do Mundo, Dinamarca, frente à Grécia.
No segundo duelo do Grupo F, voltaram a ficar de fora Gonçalo Vieira e Ricardo Brandão e Martim Costa carimbou 11 remates certeiros.
Com o sete inicial composto por Diogo Rêma Marques, Leonel Fernandes, Martim Costa, Miguel Martins, Francisco Costa, Pedro Portela e Luís Frade, Portugal falhou o primeiro ataque e, pouco tempo depois de ultrapassado o primeiro minuto de jogo, viu Luís Frade ser excluído. Diogo Rêma Marques começou cedo a mostrar as reconhecidas qualidades e os lusos sofreram apenas um golo nesta primeira situação de inferioridade numérica madrugadora (1-0).
De igual para igual, os Heróis do Mar responderam com um parcial de 0-2, por Martim Costa e Leonel Fernandes, para alcançar pela primeira vez a dianteira (1-2).
Seguiu-se um duelo intenso e equilibrando, com as duas defesas a mostrarem-se coesas e agressivas, com Portugal a segurar sucessivas vantagens mínimas, que até podiam ter crescido para dois golos, não fossem as intervenções do guardião Tomáš Mrkva, a ‘estrela da companhia’ desta seleção checa, que atua no THW Kiel. Aos 15 minutos, os Lusos lideravam por 5-6, altura em que apareceu nova exclusão, desta vez para Leonel Fernandes.
Em mais um livre de 7 metros, Diogo Rêma Marques voltou a dizer presente e a impedir novo empate contrário. Aos 16 minutos, Martim Costa foi o autor do 5-7, que colocou Portugal a vencer pela primeira vez – e finalmente – por dois golos de vantagem e, para melhorar o cenário, a Chéquia teve logo a seguir a primeira exclusão da partida. Face a este contexto, foi novamente o mais velho dos irmãos Costa a dilatar a diferença, desta feita para três golos (5-8).
A seleção checa começou a perder algum discernimento, para além de que Portugal continuava firme na defesa e aos 19 minutos apareceu um já esperado time-out por parte do espanhol Xavi Sabaté, logo após Pedro Portela marcar o 5-9. A pouco mais de 10 minutos do intervalo, eram já uns inéditos quatro golos a separar as duas seleções.
Após a paragem, o jovem guardião Rêma fez a quarta e a quinta defesas consecutivas e o recém-entrado Joaquim Nazaré marcou os dois primeiros da conta pessoal, para aumentar para seis a liderança portuguesa (5-11). Neste momento, aos 23 minutos, a Chéquia já não marcava há 10 minutos.
Até ao final da primeira parte, houve tempo para as habituais trocas no xadrez de Portugal, que chegou mesmo aos sete golos à maior (6-13) mas o grande destaque continuava a ser Diogo Rêma Marques que, manteve a eficácia checa a zeros no que toca aos livres de 7 metros: quatro defesas nessa situação do jogo. O jovem de apenas 19 anos terminou a primeira metade com 9 intervenções e 50% de eficácia.
Na segunda parte, estrearam-se Rui Silva, Fábio Silva e António Areia e Portugal precisou de apenas três minutos para voltar ao patamar dos sete golos (10-17), depois de um curto período de parada e resposta. A Chéquia teria de reagir se quisesse continuar a sonhar com a vitória e tal aconteceu mesmo, com os checos a aproveitarem uma situação de superioridade numérica para encurtar a diferença para cinco golos (15-20), aos 40 minutos. Paulo Pereira pediu de imediato o primeiro time-out da segunda parte e, na sequência, lançou Gustavo Capdeville para a estreia na baliza.
Portugal conseguiu estabilizar o rumo do jogo, não permitiu que a Chéquia ganhasse terreno e, a meio da segunda parte, voltaram a aparecer aos poucos alguns dos atletas que começaram a titular. Gustavo Capdeville justificou a aposta, brilhou entre os postes e, aos 48 minutos, Alexandre Cavalcanti – na primeira ação ofensiva em ataque organizado – apontou o 17-24, trouxe de novo os sete golos de vantagem e Xavi Sabaté não viu outra opção que não a solicitar um time-out.
A seleção checa saiu da paragem muito motivada e entrou num dos melhores momentos desde o início da partida. Com um 5:1 profundo a condicionar a ofensiva lusa, concretizou um parcial de 3-0 – finalizado aos 53 minutos – para reduzir a diferença para quatro golos (20-24), algo que já não se via desde o 5-9. Paulo Pereira parou o jogo a quatro minutos do fim.
Até ao final, os Heróis do Mar não tremeram, Martim Costa vestiu a capa de heróis e Portugal segurou um triunfo (30-27) muito importante para que o objetivo de chegar ao Main Round fosse cumprido.
O MVP e Top Scorer: Martim Costa – 11 golos (69% de eficácia) e 1 assistência
Para Paulo Pereira, selecionador nacional, “hoje decidimos jogar andebol a sério e foi fantástico. Estivemos muito bem na tomada de decisão. Eu costumo dizer que o bom erro é permitido e tivemos aqui alguns. Quando os jogadores conseguem chegar ao seu limite e erram, mas ainda conseguem ser criativos, isso para mim nem é erro. Tivemos uma grande exibição do Rêma, mas a defesa também o ajudou imenso. Temos alguns jogadores deslocados das posições em que costumam defender, por causa da ausência de jogadores chave, e há relações que só surgem com o tempo. Temos insistido muito na defesa, mesmo na preparação teórica, e parece que acertámos.”