Pela terceira vez consecutiva, Iúri Leitão sagrou-se hoje campeão da Europa de Scratch, impondo-se com autoridade na corrida de 15 quilómetros, disputada no velódromo de Apeldoorn (Países Baixos).
A prova foi movimentada desde a primeira volta, com um ataque de arranque que não teve grande significado na definição da corrida, mas que fez o ritmo ser muito forte logo desde o início.
Na entrada na segunda metade das 60 voltas, o pelotão ficou partido, com cerca de metade dos participantes a dobrar os restantes. Ficou claro que seria entre esses dez a discussão do título.
Sucederam-se ataques desses homens, demonstrando vontade, mas também precipitação. Iúri Leitão leu bem a corrida. Não se desgastou nessas movimentações, que sucumbiram, mas ajudaram a endurecer a corrida.
Aproveitando o desgaste dos adversários, Iúri Leitão desferiu um ataque violentíssimo a nove voltas do final. Esteve prestes a dobrar o pelotão pela segunda vez três voltas adiante. Não chegou a fazê-lo, devido à reação do grupo. Mas manteve-se largamente na dianteira da corrida e foi o primeiro a cortar a meta no final das 60 voltas, conquistando o terceiro título europeu da carreira em Scratch, repetindo o feito de 2020 e 2022. O austríaco Tim Wafler ficou com a medalha de prata, deixando a de bronze para o dinamarquês Tobias Hansen.
O tricampeão, Iúri Leitão, a propósito da conquista de mais um título, salientou que “que é muito importante começar um ano tão importante como este com o pé direito. Depois do bom desempenho no Madison, vencer o Scratch é muito encorajador para tudo o que temos pela frente neste ano, e é a recompensa por todo o trabalho que temos vindo a realizar”.
O corredor minhoto explicou ainda que ”a corrida foi muito mexida, sendo necessário muito sangue-frio para não gastar energia demasiado cedo. A chave do sucesso foi essa gestão. Quando senti que os adversários estavam desgastados, fiz a minha jogada e resultou”.
Para o selecionador nacional, Gabriel Mendes, “o Iúri fez uma corrida fantástica. Foi uma prova difícil, muito movimentada, que obrigou a gerir muito bem as energias para estar sempre na discussão do pódio. No final, o Iúri aproveitou a oportunidade de forma exímia. Conseguiu surpreender com um ataque extremamente forte e é campeão da Europa com muito mérito”.
Maria Martins esteve em pista no concurso de Omnium, terminando na oitava posição, mas com um desempenho que abre boas perspetivas para a qualificação portuguesa para os Jogos Olímpicos de Paris. Entre os países que concorrem com Portugal pela entrada diretamente pelo ranking de Omnium, apenas as representantes da Noruega e da Polónia estiveram melhor do que Maria Martins.
O resultado foi prejudicado por uma entrada em falso da portuguesa, em que no Scratch, primeira corrida pontuável, não foi além da 14ª posição. A partir daí o desempenho e os resultados de Maria Martins foram muito consistentes. Após o sexto lugar na corrida tempo e na eliminação, a ciclista nacional chegou à corrida por pontos no décimo posto da geral.
Na prova decisiva, Maria Martins esteve muito ativa e taticamente perspicaz, movendo-se tendo em conta a classificação da própria corrida, mas também olhando às rivais em termos de ranking de qualificação para Paris. A portuguesa fechou a competição com 98 pontos – 24 somados na corrida final -, o que lhe valeu o oitavo posto.
Para o selecionador nacional, “a Maria fez um concurso regular e com muito bom nível, cumprindo os objetivos que tínhamos traçado. Está de parabéns. No contexto da qualificação olímpica, demos aqui um bom contributo o apuramento, aumentando a diferença para as nações que estão fora dos lugares de qualificação”, explica o selecionador nacional.
A norueguesa Anita Yvonne Stenberg dominou completamente e conquistou o título, com 142 pontos. Foi acompanhada no pódio pela britânica Neah Evans, com 136 pontos, e pela francesa Valentine Fortin, com 131.
O primeiro português a terminar a participação no Campeonato da Europa, na perseguição individual, foi Rodrigo Caxias, que conseguiu a 15ª posição no contrarrelógio de 4 quilómetros, que cumpriu em 4’22”735. Numa final entre britânicos, Daniel Bigham conquistou o título diante do compatriota Charlie Tanfield. O dinamarquês Rasmus Pedersen conseguiu o bronze.
Neste sábado, Portugal conseguiu dois quintos lugares no Campeonato da Europa de Pista, em Apeldoorn, Países Baixos, classificações alcançadas por Rui Oliveira em Omnium e Maria Martins em Eliminação.
Rui Oliveira iniciou o concurso de omnium com desempenhos de meio da tabela. Foi nono em scratch e 12º na corrida tempo. Na segunda metade da competição tudo mudou e o português foi dos mais fortes de todo o pelotão.
O representante nacional foi o segundo classificado na prova de eliminação e entrou no oitavo posto para a corrida por pontos, quarta e última prova pontuável. Na corrida de 100 voltas – 25 quilómetros – Rui Oliveira continuou forte e ambicioso da eliminação.
Ganhou uma volta ao pelotão e ainda pontuou em três sprints. Esteve na discussão pelo pódio, fechando na quinta posição, com 110 pontos. A vitória sorriu ao britânico Ethan Hayter, com 121 pontos, os mesmos do dinamarquês Niklas Larsen. O terceiro, com 118, foi o belga Fabio van den Bossche.
No lado feminino, Maria Martins esteve bem ao longo da maior parte da corrida, com disponibilidade física e visão tática para evitar várias situações complicadas de possível eliminação. Ficou junto das mais fortes, concluindo a participação no quinto lugar.
No pódio, além de Kopecky, foram consagradas a alemã Lea Lin Teutenberg, segunda classificada, e a britânica Jessica Roberts, terceira.
Apesar da dificuldade das adversárias, Daniela Campos manteve-se sempre na parte da frente do pelotão, com bom posicionamento. Não conseguiu, todavia, chegar aos pontos. Por isso acabou no 14º lugar. A belga Lotte Kopecky conquistou o título europeu, com 24 pontos, mais cinco do que a norueguesa Anita Yvonne Stenberg e mais seis do que a checa Jamila Machacova, que a acompanharam no pódio.
O selecionador nacional, Gabriel Mendes, fez o balanço positivo da jornada deste sábado, tendo referido que “não começámos da melhor forma o omnium, mas fomos corrigindo alguns aspetos e fizemos uma excelente segunda metade do programa. O quinto lugar é muito bom a este nível. A Maria está a melhorar a condição e esteve muito bem na eliminação. A Daniela participou numa corrida por pontos muito discutida a cada sprint, esteve sempre no pelotão da frente, mas não conseguiu atingir um objetivo que tínhamos definido, que era pontuar. Há que continuar a trabalhar e a evoluir”, diz o responsável técnico.
Diogo Narciso fecha, neste domingo, a participação de Portugal no Campeonato da Europa. Vai competir na corrida por pontos, marcada para as 14h05.
Sensivelmente uma hora mais tarde, os restantes corredores portugueses aterram no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.