Com um 26-20 aos 50’ de jogo, Portugal acelerou o processo a caminho do triunfo e, a partir daí, a formação da Grécia “gelou” por completo, ante uma ação continuada de força e psicológica, que abriu os horizontes para a segunda fase do europeu de Andebol, na Alemanha.
Em Munique, a seleção nacional justificou o favoritismo no jogo de estreia no Grupo F do EHF Euro 2024, frente à Grécia, mas demorou a libertar-se do nervosismo natural de início de uma grande competição, para confirmar uma vitória segura, por 31-24.
O lateral Gonçalo Vieira e o pivô Ricardo Brandão foram os escolhidos por Paulo Pereira para ficarem de fora, numa tarde que viu o pivô Fábio Silva estrear-se pelos Heróis do Mar e logo com quatro remates certeiros.
Com o 7 inicial composto por Diogo Rêma Marques, Leonel Fernandes, Salvador Salvador, Miguel Martins, Francisco Costa, António Areia e Luís Frade, a formação lusa seguiu sempre na frente do marcador (ainda que com alguns empates de permeio), chegando, no primeiro tempo, a um 14-9 inspirador, reforçado depois num 18-14 com que terminaram os primeiros trinta minutos.
Frente a uma Grécia em estreia absoluta e em 6:0 defensivo, a equipa nacional viu o guardião Petros Boukovinas fazer a primeira defesa do jogo e, logo a seguir, Nikolaos Liapis assinar o histórico primeiro golo grego numa fase final de um Europeu. Portugal respondeu com um golo de Luís Frade, antecedido de uma defesa de Diogo Rêma Marques, que abria o livro para o que viria a ser uma exibição sólida a nível individual. Apesar da boa prestação de Petros Boukovinas entre os postes, a juntar a uma baixa eficácia dos lusos, Portugal respondeu com um parcial de 4-1 e não só chegou pela primeira vez à liderança, como agarrou a primeira vantagem de dois golos do jogo, aos seis minutos (4-2).
Pouco depois, Diogo Rêma Marques fez-se herói e impediu que a Grécia chegasse ao empate, mas no ataque, as investidas dos Heróis do Mar esbarraram quase consecutivamente no guardião helénico. O empate acabou mesmo por aparecer aos 11 minutos, pela mão de Christos Kederis, numa altura em que Portugal continuava a mostrar pouca segurança e objetividade nas ações ofensivas (6-6). Nos dois minutos seguintes, um parcial de 2-0, começado por Alexandre Cavalcanti e finalizado por Gilberto Duarte (com a contribuição do jovem ‘Rêma’), trouxe de novo dois golos a favor de Portugal (8-6).
A meio da primeira parte, na sequência do primeiro livre de 7 metros do encontro, Francisco Costa assinou o 10-7 e deu uns inéditos três golos à maior. Aos 17’ apareceu o primeiro time-out do jogo, pedido por Paulo Pereira, que pediu expressamente que os Heróis do Mar melhorassem no capítulo da recuperação defensiva. Após paragem, a Grécia reduziu para o mínimo (10-9) e aos 19 minutos apareceu a primeira situação de inferioridade numérica para Portugal, que até se revelou benéfica, já que o marcador disparou até aos cinco golos de vantagem (14-9), numa altura em que todos os postos específicos já tinham sido refrescados, à exceção de Luís Frade e Diogo Rêma Marques, que se mantinham desde o início.
Nos últimos sete minutos da primeira parte, Portugal teve algumas contrariedades e perdeu força, mas o melhor que a Grécia conseguiu foi reduzir para três golos (16-13). A primeira metade fechou com uma fantástica jogada aérea finalizada por Leonel Fernandes a passe de Rui Silva, que selou o 18-14 com que os Heróis do Mar recolheram aos balneários do Olympiahalle.
Para a segunda parte, Paulo Pereira deu ordem de estreia a Gustavo Capdeville e Martim Costa mas Portugal não foi feliz, apesar de uma situação de superioridade numérica madrugadora. A Grécia, não estando igualmente a ser brilhante, assinou dois golos sem resposta e encurtou de novo a diferença para dois (18-16), após cinco minutos. Miguel Martins assinou o primeiro golo português na segunda parte, seis minutos após o recomeço (19-16).
As dificuldades acentuavam-se para Portugal, os gregos ganhavam cada vez mais confiança e perto dos 40 minutos apareceu nova diferença mínima (19-18). O cenário pior ficou quando Anastasios Papadionysiou fez o tão festejado golo do empate (19-19), o que motivou um pedido de time-out por parte de Paulo Pereira, a 20 minutos do fim.
Após paragem, Joaquim Nazaré estreou-se e entrou logo para a lista de marcadores no primeiro ataque e, no minuto seguinte, foi o também estreante e pivô Fábio Silva a cumprir o sonho de representar Portugal. Os Lusos precisaram de cinco minutos para assinar um parcial de 4-1 (23-20), que deu algum alento. O marcador só não disparou ainda mais porque o guardião Petros Boukovinas já pintava com 10 defesas uma exibição para mais tarde recordar.
O selecionador grego pediu time-out, mas nem isso travou o crescimento da Seleção Nacional, impulsionado por Gustavo Capdeville. Portugal assinou um parcial de 4-0 depois de novo momento de pausa (28-20), chegou a uns inéditos oito golos à maior, numa altura em que os gregos já não marcavam há quase 10 minutos e o guardião luso já somava sete intervenções. A tão esperada tranquilidade tinha chegado para ficar.
Até ao final, Portugal limitou-se a gerir a confortável vantagem que havia alcançado e fechou as contas com sete golos à maior. Joaquim Nazaré terminou o jogo com dois golos marcados e foi o autor do remate mais potente do encontro, que atingiu uns impressionantes 127.8 Km/h, terminando o encontro com um folgado 31-24.
MVP: Alexandre Cavalcanti – 4 golos (100% de eficácia) e 1 assistência
Top Scorer: Francisco Costa – 6 golos (67% de eficácia) e 1 assistência
Alexandre Cavalcanti, lateral dos Heróis do Mar, e um dos maiores ativos neste encontro, tanto em funções ofensivas como defensivas, deu o seu olhar sobre a estreia, afirmando que “acho que não entrámos bem, cometemos muitos erros, tanto ofensivos como defensivos e não estivemos no nosso melhor. Tem sido assim nas últimas grandes competições, mas acabámos por ganhar o jogo com alguma vantagem, embora não a que nós queríamos. No final das contas, a segunda parte conseguiu compensar um bocado da primeira e conquistámos dois pontos, o que é o mais importante. Acho que não subestimámos a Grécia, sabíamos que tem uma boa equipa como os jogadores pequenos, mas entrámos mal na primeira parte. Acontece. Agora vamos visualizar o jogo e tentar melhorar estes erros que cometemos, que nos levaram a demorar algum tempo a conseguir entrar em jogo e a conseguir ganhar a vantagem. E pronto, agora é descansar bem para entrar bem no próximo jogo.”
Partida que terá lugar no sábado (17h) no Canal RTP2 em direto, com Portugal a defrontar a Chéquia.