Terça-feira 23 de Novembro de 5638

Portugal lançou bases para o europeu de crosse de 2025, em Lagoa

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Sportmedia/FPA

Rúben Amaral (sub23) e Lara Costa (sub20) foram os melhores portugueses no europeu de corta-mato que teve lugar em Bruxelas (Bélgica), este domingo, que deram boa conta nas respetivas provas, sinal de que, em Lagoa (2025), poderá ser muito melhor.

Numa manhã que acabou por se apresentar em boas condições para as corridas, mas sem melhoria no piso, os atletas portugueses, tal como muitos outros dos habituais atletas da frente, acusaram bastante a dureza do percurso e acabaram por não se destacar muito.

Ainda assim, dois nomes, que atingiram o top-15 da classificação, fizeram excelentes provas, como foram os casos de Ruben Amaral (sub23) e Lara Costa (sub20, que ainda é sub-18!).

Em termos coletivos, a equipa sub-23 masculina obteve um honroso sétimo lugar, prometendo bastante para o futuro.

A prova de sub-23 masculinos foi emotiva até ao final, com três atletas a lutarem pelas medalhas em disputa. Apesar do francês Valentin Bresc (bronze no ano passado) ter dominado grande parte do percurso, o britânico Will Barnicoat acabou por vencer graças ao sprint final muito forte. Mais para trás a equipa portuguesa, que até começou muito bem nas primeiras voltas, especialmente com o campeão nacional Etson Barros no top, acabou por ter algumas reviravoltas no decorrer de competição. De facto, Etson Barros quebrou bastante, perdeu muitos lugares, recuperou na última volta, mas tarde para um lugar de maior relevo. Não houve Etson, mas houve Ruben Amaral. O atleta da Amadora, que representa o Sporting, que acabou na 14ª posição, com 24.23, tendo pontuado ainda Etson Barros (31º, 24.50) e João Pais (32º, com 24.49). Pedro Amaro não terminou.

Em termos coletivos, Portugal classificou-se em sétimo lugar, igualando a melhor classificação de sempre no escalão (obtida em 2009, 2010 e 2021).

Para Ruben Amaral, “não estava à espera de ser o melhor elemento da equipa portuguesa, uma vez que estavam aqui bons atletas, especialmente o Etson, que habitualmente luta por medalhas. Mas a verdade é que eu trabalhei muito este inverno, cheguei a ter treinos em Monsanto tão duros que eu olhava para os olhos do meu treinador e não via ali bondade, via apenas exigência, e isso acabou por resultar nesta posição e nesta classificação. Posicionei-me bem no princípio da corrida, mas depois fui perdendo alguns lugares, porque estava com muito medo de cair e se isso sucedesse não tinha possibilidade de recuperar. Felizmente mantive um ritmo certo, fui ganhando lugares até ao final. Estou muito satisfeito”.

A primeira prova da manhã foi destinada às atletas Sub-20 e, logo após o tiro de partida, a britânica Innes Fitzgerald mostrou ao que ia. Com uma passada larga, cedo ganhou vantagem, que manteve e alargou até ao final, cortando a meta isolada, em 18.19. Mais para trás, as portuguesas lutavam pelos melhores lugares e quem melhor se adaptou ao percurso foi mesmo a jovem Lara Costa (a campeã portuguesa sub-18) que conseguiu fazer uma corrida de trás para a frente, galgando lugares a cada volta, para terminar em 15º lugar, uma excelente posição para a atleta que em Portugal representa o Várzea.

A portuguesa finalizou no 15º lugar, com o tempo de 19,52 minutos, liderando a equipa, que terminou em 12º lugar. Quanto às restantes portuguesas, Petra Santos foi 57ª (20.54), Stela Fernandes foi 60ª (21.16) e Diana Fernandes foi 69ª (21.57).

Atl-EuropeuCortaMato-LaraCosta-10-12-2023

Sportmedia/FPA

Para Lara “o objetivo era ficar muito perto das primeiras, melhorando o 47º lugar do ano passado. Mas este 15º lugar é que eu não esperava. Consegui adaptar-me ao percurso, mas escorreguei várias vezes, especialmente na partida, em que quase caí”, tendo acrescentado que “esta foi uma boa aprendizagem, pois tenho ainda mais dois anos neste escalão e sei que posso ficar mais à frente no futuro. Hoje tentei controlar a minha corrida, porque era 5 km e não estou muito habituada e o percurso era mesmo muito duro”.

Ao contrário da prova anterior, houve muita emoção mesmo até ao final da corrida dos sub-20 masculinos, com três atletas a lutarem pelas medalhas até praticamente ao final e houve mesmo um sprint final com o dinamarquês Axel Van Christensen a conseguir ultrapassar o neerlandês Niels Laros, um dos favoritos, para triunfar com um segundo de vantagem.

Quanto aos portugueses, Lourenço Rodrigues – que representa a Juventude Ilha Verde – acabou por ser o melhor (34º) e salientou que “o meu objetivo era fazer o melhor para o coletivo, que era o meu principal pensamento. Queria chegar na melhor classificação possível e na minha estreia acho que ficar no top-35 é bom e acaba por estar dentro das expetativas. O percurso é muito duro, como se pode ver pela minha figura, todo enlameado. Não era duro pelos declives, mas por esta lama alta, que nos obrigou a ter bicos mais compridos, num terreno ao qual não estamos muito habituados em Portugal”.

Portugal terminou em 13º lugar na classificação coletiva, para a qual contaram o referido Lourenço Rodrigues (34º, com 17m29s), Rui Mineiro (67º, em 18.28) e André Geada (79º, em 19.00). André Barbosa nunca se sentiu bem, queixando-se das costas, sendo a segunda baixa da equipa, já que João Pedro Santos, adoentado, não seguiu para Bruxelas.

A prova feminina dos sub-23 foi dominada integralmente pela britânica Megan Keith. Campeã sub-20 há dois anos, vice-campeã sub-23 no ano passado, Keith não deu hipóteses às suas adversárias e venceu com a maior margem de sempre (quase um minuto e meio, sobre as restantes atletas).

Portugal só contava com Inês Borba, que terminou em 48º lugar (29m33s). Para a atleta estudante nos Estados Unidos e que representa o Sporting, “senti-me um pouco sozinha, é verdade. O crosse é muito de equipa. Como é muito exigente, o trabalho de equipa ajuda a manter-nos motivados. Também o percurso é duro, mas é para todas. Não estou habituada a tanta lama, não no sul da Europa nem nos Estados Unidos, por isso alterei a minha tática, começando mais atrás em corridas com muitas atletas. Hoje acho que comecei muito para trás, mas ganhei muitos lugares até ao final e isso motivou-me para continuar”.

Na principal prova feminina (seniores), a norueguesa Karoline Grovdal destacou-se cedo e conseguiu o terceiro triunfo consecutivo, derrotando, com grande avanço, a italiana Nadia Battocletti, a campeã sub-23 no ano passado.

Em masculinos, a prova desenrolou-se de forma diferente, e também foi decidida nos metros finais, com o francês Yann Schrub a derrotar o norueguês Magnus Tuv Myhre e o belga Robin Hendrix, com muitos dos favoritos a ficarem nem para trás. Mais para trás, os portugueses tentaram a melhor classificação possível e André Pereira chegou a andar muito tempo no top 20.

André que salientou que “hoje a experiência que tenho nestas provas não me ajudou. Subestimei um bocado o percurso. Arrisquei um bocado no início, porque me sentia bem e acreditava que era possível manter-me assim. Contudo, houve uma altura em que não me senti bem e tive de abrandar o ritmo para voltar a sentir-me capaz. Isso permitiu-me recuperar e ter mais forças para o final”.

André acrescentou também que “a experiência não esteve do meu lado. Deveria ter-me ficado pelos lugares entre o 25 e o 30 e depois estar mais forte no final, onde poderia ter conseguido um top 20, mas não foi assim”.

No final, em termos coletivos, Portugal fechou em 10º lugar. André Pereira (28º, com 31m15s), Miguel Moreira (34º, com 31.25) e Alexandre Figueiredo (57º, com 32.23) pontuaram para a equipa portuguesa. De fora da pontuação ficaram João Pedro Pereira (58º, com 32.28) e Duarte Gomes, que não terminou a corrida.

 

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