Num terreno muito seletivo e enlameado, os atletas participantes vão ter algumas dificuldades na 29ª edição dos Campeonatos Europeus de Corta-mato, que se realizará este domingo em Bruxelas (Bélgica).
O Parc de Laeken, situado entre o castelo real e o Atomium, a famosa escultura criada como “bandeira” da Expo’58 em Bruxelas, receberá as diversas provas deste campeonato.
José Regalo, antigo campeão português e líder da comitiva lusa, referiu que “é um percurso muito seletivo, num parque, com variadíssimas dificuldades de terreno, todo ervado, com muita lama, e que vai exigir muito de todos os corredores”, depois do reconhecimento ao percurso que a equipa portuguesa fez na manhã de ontem (sábado).
“Na altura do reconhecimento já estava difícil e ainda se espera que seja pior, porquanto foi palco das corridas para os ‘masters’ (veteranos), mormente se continuar a chuva miudinha, pois durante a manhã, antes dos Europeus, realizam-se provas dos campeonatos jovens da Bélgica”, tendo José Regalo acrescentado que “ será um terreno muito complicado para os portugueses, e não só, muito exigente em termos de força, pese embora a expetativa dos atletas portugueses, que estão muito motivados para dar o seu melhor e que saiam daqui com bons resultados”.
Esperando que a jovem seleção possa adaptar-se bem ao percurso, José Regalo acredita que as equipas masculinas seniores e sub-23 possam sair de Bruxelas com uma classificação honrosa e, também, “especialmente os estreantes, mas toda a equipa que é muito jovem, possa aproveitar esta oportunidade como a motivação extra de ganharem experiência e ambição para poderem continuar a evoluir e possam estar noutro patamar em 2025, quando Portugal, em Lagoa (Algarve), organizar a 31ª edição destes Europeus.
As provas começarão às 11h25 (hora portuguesa, menos uma hora que em Bruxelas) e terão transmissão em direto (streaming) na plataforma All-Athletics. Em Portugal este serviço estará bloqueado pois a RTP2 vai transmitir a prova a partir das 12h30 (sub-23 femininos) até às 15 horas, sendo que a RTP Play transmitirá toda a competição a partir das 11h15.
Recorde-se que a edição inaugural (1994) foi excelente para Portugal, com um triunfo coletivo masculino e medalha de bronze em femininos, e com triunfo individual de Paulo Guerra (Domingos Castro foi vice-campeão). Participaram então 172 atletas em representação de 23 países.
Em 1996, Charleroi recebeu a integração dos atletas sub-20 e a participação subiu para 249 atletas de 25 países, e os números foram aumentando até aos recordes de participantes (559, em 2017, Samorin, Eslováquia) e de países (40, em 2019, Lisboa, Portugal, e em 2022, em Turim, Itália).
No historial da competição, apenas 15 países contam a totalidade de participações na prova (28 edições), incluindo Portugal, que segue em quinto lugar na tabela dos países medalhados com 59 medalhas (19 de ouro, 20 de prata e 20 de bronze).
Na lista dos mais medalhados seguem os portugueses Paulo Guerra, com cinco medalhas (quatro títulos), Dulce Félix, com quatro (duas de prata e duas de bronze), Jessica Augusto com três (duas de ouro, uma como sénior, outra como júnior, e uma de prata), e Inês Monteiro, com três (uma de ouro e outra de prata como júnior e uma de bronze como sénior). O ucraniano Serhiy Lebid é o mais medalhado (12 medalhas, sendo 9 de ouro) em masculinos, e a norueguesa Karoline Bjerkeli Grovdal é a mais medalhada (9 medalhas, duas de ouro, uma de prata, quatro de bronze, e duas como júnior, de ouro e prata).
Entre os homens, o ucraniano Lebid também é o campeão de participações (19 presenças), com Paulo Guerra a somar 10 participações, tal como José Ramos (12º lugar como melhor); António Silva conta nove presenças (25º como melhor) e Rui Pedro Silva com oito (um quinto lugar como melhor).
Já nas mulheres, destaque para a irlandesa Fionnuala McCormack, atualmente com 39 anos de idade, que no domingo passado correu a maratona de Valência em 2h26m19s, e que vai para a sua 18ª presença! Iniciou-se em 2001, já venceu a competição em duas edições (2011 e 2012) e, em 2021, foi nona classificada.
A segunda atleta com maior número de presenças é a portuguesa Inês Monteiro, que soma 15 presenças. Iniciou-se em 1997 (em Oeiras, 25ª júnior), foi segunda júnior no ano seguinte e venceu nessa categoria e 1999. Conseguiu uma medalha de bronze em 2008, precisamente na edição de Bruxelas, e fechou a sua carreira em 2018.
Ainda no quadro de honra de todas com 12 presenças, seguem Jessica Augusto (campeã absoluta em 2010, campeã júnior em 2000), Ana Dias (9º lugar como melhor), Salomé Rocha (7º posto como melhor) e Anália Rosa (um sétimo como melhor). Com 10 presenças está Sara Catarina Ribeiro (10º lugar como melhor), Dulce Félix tem nove (quatro medalhas, duas de prata e duas de bronze), tal como Helena Sampaio (5º lugar como melhor).