Por norma, o primeiro de dezembro de cada de ano foi o dia escolhido para a realização do almoço de confraternização dos antigos e atuais atletas do Benfica, com o objetivo de reunir a família do atletismo.
Este ano, nesta sexta-feira, Dia da Restauração da Independência de Portugal – quando, em 1640, um grupo de nobres e letrados portugueses, conspirados, pôs fim ao domínio espanhol que subjugava Portugal há 60 anos. Guerra da restauração que foi um dos conflitos mais sangrentos da nossa História, e que terminaria apenas a 13 de fevereiro de 1668, com a assinatura do Tratado de Lisboa – a tradição voltou a concretizar-se e com a presença de mais de duzentos participantes, nos quais se incluíam antigos atletas não só do Benfica, como do Sporting, do Belenenses e de outros clubes da área de Lisboa.
No que foi a 44ª edição deste encontro-reencontro, o convívio e recordação de outros tempos – tendo por base os anos 50/60 e seguintes – houve oportunidade de lembrar os despiques das várias provas que cada um realizou com o objetivo de levar de vencido o adversário, para conquistar mais títulos, para além das peripécias que cada um foi encontrando ao longo de uma vida desportiva hiperativa, ao mesmo tempo que tinha que compatibilizar com a vida profissional, porquanto a grande maioria tinha que ter proveitos que não provenientes do desporto.
Nesse aspeto, os clubes contribuíram, em muito, na procura de empregos para os atletas mais credenciados, como fator de estabilidade, complementando o “orçamento” familiar com prémios em função dos resultados obtidos.
No evento deste ano, Manuel Arons de Carvalho – licenciado em Educação Física, atleta do Benfica, jornalista especializado em atletismo, preferiu seguir esta via, através de colaborações em vários jornais, em especial no Record, criando a Revista Atletismo e um site sobre todas as estatísticas, possíveis e imaginárias, que se podiam fazer em torno da modalidade – foi recordado com a ênfase que merece, por uma vida terrena (findada em tempos recentes) totalmente ligada ao atletismo português e à família.
Dos muitos milhares de leitores que teve, do convívio com todos, da disponibilidade que sempre demonstrou para e com todos (jornalistas inclusivamente), Manuel Arons de Carvalho voltou a ser lembrado, no encontro que contou ainda com uma representação do Benfica, através da presença do dirigente Alcino António, que ofereceu à viúva, Benilde Anjo, um artístico troféu (como a imagem inserta demonstra) do clube, como prova da agradecimento e reconhecimento para com os que tem servido ao mais alto nível.
Manuela Simões, uma das primeiras campeãs do Benfica no atletismo (incluindo nas provas de corta-mato) também esteve associada à festa (foto com Ilídio Trindade, antigo dirigente do Benfica).
Do Porto a Faro, de Tomar a Beja, de quase todos os lugares de Portugal, estiveram presentes antigos atletas que deixaram a sua marca (aplaudindo de pé Arons de Carvalho) da amizade construída ao longo de décadas.
Um exemplo de sociabilidade onde a Ética e o Fair Play marcaram presença, onde os homens e as mulheres presentes exprimiram a admiração por um ausente que continua, algures por aí, nas nossas vidas.
Continua em paz amigo Manuel Arons de Carvalho.