A seleção portuguesa de futebol venceu, com naturalidade, a congénere do Liechtenstein, somando outros recordes, numa noite desinspirada, quase insípida, nível mediano, ainda que tivesse “derretido” a formação caseira.
Um dos recordes foi a nona vitória consecutiva, faltando vencer a Islândia (domingo, no Estádio Alvalade XXI) para se conseguir a plenitude de triunfos na fase de grupos; outro foi o da obtenção de 34 golos, também nesta fase; outro ainda de Roberto Martinez ter dado oportunidade a mais três estreias, como foram os casos de José Sá (Wolves), João Mário (FCPorto) e Toti Gomes (Wolves), que viram os seus esforços reconhecidos e garantir uma segunda presença precisamente no último (10º) jogo desta fase de apuramento para o Eurooeu’2024.
Com um domínio global de 84/16% de posse de bola, correspondente a um número elevado de passes de bola (muitas vezes sem subir no relvado), correspondendo ainda a 29-5 remates, dos quais 8-1 para a baliza, a equipa das Quinas mostrou o que vale, enquanto o Liechtenstein criou apenas uma oportunidade de golo, mas que não aproveitou quando apenas tinha o guardião José Sá pela frente, confirmando o último lugar do grupo, só com derrotas. Do que não hã que ter vergonha! É assumir e continuar a pensar que será sempre possível ir mais além, tudo dependendo também dos sorteios, uns com menos felicidade, outros com mais.
Com os donos da casa a preencher o seu meio-campo desde o primeiro minuto de jogo, percebeu-se logo que jogar para o empate seria a estratégia. Claro que Portugal, com o lastro que tinha conquistado desde o primeiro jogo, não estaria disposto a fazer essa vontade.
No entanto, apesar do total domínio, a equipa das Quinas entrou em campo algo apática, pouco motivada para resolver depressa o resultado, abusando dos passes entre jogadores, em especial na zona recuada (o que terá levado o selecionador a fazer sair – 60’ – Bernardo Silva, que pouco produziu até essa altura), que resultou no empate a zero verificado no final do primeiro tempo.
Ainda assim, Ruben Neves foi o primeiro a dar sinal de perigo (13’) quando rematou forte e obrigou o guardião adversário a defender como que “in extremis”, para Ronaldo (25’) num livre frontal à baliza, rematar contra a barreira e (30’) Cancelo cruzar para Gonçalo Ramos, que subiu mais alto defronte do guarda-redes e cabeceou para fora.
Pouco depois (37’), Diogo Jota subiu a caminho da baliza, com hipóteses de rematar em surpresa e poder obter golo, mas preferiu lateralizar para Gonçalo Ramos, que não tinha espaço para rematar, perdendo-se a oportunidade, confirmando uma certa desconcentração, sem garra, para atacar a baliza contrária, onde a equipa da casa se foi “fechando”.
A chegar ao fim do primeiro tempo (43’), Bruno Fernandes rematou à figura do guardião, Ronaldo (45’) tentou, num pontapé de bicicleta, marcar, mas a bola passou ao lado da baliza, surgindo o capitão (45+3’) a rematar à figura do guardião, tendo o árbitro terminado o primeiro tempo.
No minuto inicial (46’) do segundo tempo, Ronaldo foi lançado pela esquerda, esgueirou-se até ao primeiro poste e rematou forte, com a bola a entrar muito perto da zona interior do poste, e abrir o marcador (1-0) para Portugal.
Um golo que acabou por ser o primeiro sinal de que a formação lusa iria, finalmente, jogar à campeão, o que não aconteceu, antes preocupando-se apenas em manter a vantagem (ou aumentá-la, caso fosse possível), porquanto a exibição estava (esteve quase sempre) abaixo do que tem sido normal nesta seleção.
Mercê do individualismo que caraterizou a sua exibição, Bernardo Silva (54’) perdeu uma nova oportunidade de elevar a vantagem no marcador, o que acabou por ser conseguido por João Cancelo (57’), aproveitando a saída fora de tempo do guardião do Grão-Ducado para dominar a bola com o pé esquerdo e rematar em arco, fazendo-a entrar ao segundo poste.
Pensou-se, nessa altura – em que o Liechtenstein também dava mostras de cansaço – que ainda podia haver uma réstia de esperança para uma goleada, mas ninguém estava para aí virado, incluindo por parte dos jogadores que foram entrando em jogo.
Ainda aproveitaram os homens do Grão-Ducado, aproveitando uma desatenção de Ruben Neves, quando o avanço se isolou frente a José Sá e este soube fechar o ângulo de remate e rechaçar o remate com o corpo, tendo a bola sido desviada.
João Félix, a passe de Diogo Jota (70’), ainda meteu a bola na baliza da equipa caseira, mas como estava em fora de jogo não valeu.
Pouco depois (80’) João Cancelo esteve à beira de marcar, mas o guardião local defendeu, com (82’) Gonçalo Ramos a meter a bola na baliza, mas o VAR chamou a atenção do árbitro (desnecessariamente) porquanto foi nítido que houve fora de jogo de António Silva antes de a bola chegar a Gonçalo Ramos.
Como é da gíria, o que é preciso é ganhar e isso, como se viu, ficou confirmado.
Nos outros jogos do grupo onde “mora” Portugal, o Luxemburgo venceu (4-2) a Bósnia e a Eslováquia derrotou (4-2) a Islândia, confirmando o apuramento dos eslovacos para a fase final.
Para fechar em beleza, no grupo dos recordes, Portugal recebe a Islândia no próximo domingo, no Estádio José Alvalade.