Quarta-feira 23 de Novembro de 4461

O que é treinamento ético?

EticaSummit--09-09-2023Decorreu este sábado o primeiro dia do Ética Summit 2023, promovido pelo Panathlon Clube de Lisboa, evento cujo principal objetivo será promover as boas práticas, a partilha do conhecimento, bem como permitir o debate e a reflexão em tornos de temas pertinentes associados à ética e à integridade no desporto.

De acordo com as informações divulgadas pela organização, 3.000 foram as pessoas que se inscreveram, interessadas no debate e na promoção dos valores da ética, nesta segunda edição, oriundas de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, além de Portugal, numa ação apenas por via online e exclusivamente em português, o que é de realçar.

Depois da cerimónia de abertura (sexta-feira), vários foram (e continuarão a ser neste domingo) os temas em debate, sob o espectro da Ética, onde cabem áreas, como a luta contra a dopagem, a violência associada ao desporto, racismo e xenofobia no desporto, o match fixing (apostas no desporto) e, entre outros, defesa da integridade, temas comuns a todos os desportos – e até a outras áreas da sociedade – na defesa da integridade e na verdade desportiva nas competições desportivas.

No workshop sobre “o que é Treinamento Ético” – achando-se curioso o facto de se ter utilizado um termo brasileiro – moderado por Teresa Rocha (Panathlon), Sérgio Maroneze (técnico de basquetebol do Brasil), Mário Almeida (jornalista e dirigente desportivo), Paulo Martins (8º Dan Taekwondo) e Beatriz Gomes (atleta olímpica portuguesa na canoagem), abordaram o tema sob vários pontos de vista, desde as crianças e jovens até ao alto rendimento.

EticaSummit-09-09-2023Via “chat”, os inscritos e online, tiveram oportunidade de colocarem mais questões, numa troca de ideias que tiveram o condão de servir também como plataforma de transmitir conhecimentos, o que é sempre bom, porquanto, da “discussão nasce a luz!”

Uma das vertentes em diálogo foi a questão de como caminhar sempre pela ética, mas dentro dos desportos individuais ou coletivos.

Enquanto na primeira parte se tem em conta apenas um (ou mais) atleta, ainda que englobado num grupo mais vasto mas que tem um único treinador, na segunda metade trata-se de uma equipa, composta por um grupo de desportistas, em que as estratégias são definidas de forma diferenciada, consoante os objetivos a alcançar, tendo um ou mais técnicos.

Trabalhar a ética só com um indivíduo – se bem que o final corresponde sempre a tentar ganhar, ser o melhor – é mais cuidada, porque é apenas um que se está a esforçar, pelo que tem que “arcar” com todas as responsabilidades psíquicas e físicas do atleta, ao contrário do que acontece quando se gere um grupo, onde há várias sensibilidades a coordenar.

Também se falou da necessidade de mobilizar a sociedade – em especial os pais, técnicos, dirigentes – para se aplicar planos de promoção da ética (incluindo também os atletas da área do desporto adaptado/portadores de deficiências ou com necessidades especiais), colocando-se ainda em equação a quem compete encaminhar os jovens na procura e absorção dos princípios éticos, respetivas etapas de formação.

Foi citado que apenas 10% dos atletas (considerando-se os filiados nas várias modalidades) é que chegarão ao alto rendimento, pelo que não existem meios humanos, de uma forma geral, para cobrir as necessidades.

Entre outras interrogações, colocou-se ainda a quem compete o ensinamento da ética: é um assunto exclusivo dos técnicos? Resposta global: não. Todos os elementos que estão envolvidos no processo de aprendizagem, formação geral, formação específica, incluindo pais, todos são poucos para trabalharem os jovens para conseguirem ir o mais além possível, dentro das condicionantes que se colocam a todos os países.

Num outro workshop (“Estou doente! Posso tratar-me?) neste sábado, falou-se de dopagem de saúde, dopagem e autorização de substâncias proibidas, de acordo com as regras definidas pela Agência Mundial Antidopagem (AMA/WADA), que foi moderado por Miguel Fachada (CNAPEF) e teve como convidados Daniel Videira (atleta paralímpico, Presidente da Comissão de Atletas Paralímpicos e Farmacêutico), Bruno Fonseca (Membro da Comissão Médica da FIVB), Humberto Évora (Médico do COC Comité Olímpico Cabo-verdiano) e Mirandolino Có (Jurista e Membro da Comissão de Ética do Comité Olímpico da Guiné-Bissau).

Várias questões foram colocadas, iniciando-se pela Autorização de Utilização de Terapêutica que é indispensável existir para quem sofre de tipos de doença que só podem ser tratados com substâncias que são proibidas, de acordo com a definição da AMA/WADA.

Não é um tema fácil de lidar, como se percebeu, mas ficou patente que tem que haver intransigência no cumprimento dos procedimentos a implementar, em especial para zelar pela saúde do atleta.

Dois bons temas para poderem ser discutidos em outros fóruns, mais em comum com as realidades nacionais de cada país.

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