Quatro medalhas de prata num só dia, foi o pecúlio da atuação dos atletas portugueses, nesta terça-feira.
Prata para Gonçalo Noites e Matilde Ferreira no Muaythai; prata para Marcos Freitas, no Ténis de Mesa, que assim soma o seu terceiro pódio em Jogos Europeus – o primeiro individual -, depois do ouro em Baku e do bronze em Minsk, com a equipa masculina e prata também para Miguel Frazão na Esgrima, após uma maratona de duelos intensos, que começou bem cedo pela manhã e acabou ao fim da tarde.
Com estas quatro medalhas, são já treze os pódios da Equipa Portugal, em Cracóvia-Malopolska: Auriol Dongmo (Atletismo, lançamento do peso), Messias Baptista (Canoagem, K1 200) e Teresa Portela/Kevin Santos (Canoagem, K2 200 misto) – ouro; Fernando Pimenta (Canoagem, K1 500), João Coelho (Atletismo, 400m), Isaac Nader (Atletismo, 1500m) Matilde Ferreira (Muaythai, -57 kg), Gonçalo Noites (Muaythai, -71 kg), Miguel Frazão (Esgrima, espada), Marcos Freitas (Ténis de Mesa, singulares) – prata; Afonso Fazendeiro/Miguel Oliveira (Padel, pares masculinos), Francisca Laia (Canoagem, K1 200) e Ana Cruz (Karaté, kata).
Foi um dia em cheio para a Esgrima portuguesa nos Jogos Europeus Cracóvia-Malopolska 2023, com a medalha de prata conquistada por Miguel Frazão na disciplina de espada e a presença de mais dois atletas portugueses nos quartos-de-final, o seu irmão Filipe e Max Rod.
A jornada acabou marcada por uma grande emoção familiar, com o pai de Miguel e Filipe Frazão, Nuno Frazão, treinador de ambos, a ver os dois em duelo nos quartos-de-final pela presença nas meias-finais e a garantia de conquista da medalha.
Miguel Frazão conseguiu o seu primeiro pódio numa competição internacional, depois de um dia longo de duelos, com início às 8h00, que só terminou já perto das 19h00, na final com Tristan Tulen, dos Países Baixos, que se superiorizou por 15-10.
“A sensação é indescritível, porque se havia algo que não estava à espera era disto”, reagiu o medalha de prata dos Jogos Europeus. “Estou mesmo muito feliz por este segundo lugar. É o meu primeiro pódio internacional, não posso estar mais contente.” Afastar o irmão na caminhada até à medalha foi mais um pormenor complexo para gerir. “É e sempre foi difícil jogar contra o meu irmão. Só tínhamos jogado em contexto nacional e aqui foi duro. Ambos a lutar pela nossa primeira medalha e é duro teres de deixar o teu irmão para trás. Se fosse ao contrário, ele sentiria igualmente essa dureza, mas ao mesmo tempo queria estar lá. Jogámos os dois para ganhar, não estamos para facilitar. Parte desta medalha também é dele, certamente”.
Miguel Frazão entrou diretamente na eliminatória de 64, depois de ter passado pela fase de “poules”, para defrontar e ganhar ao luxemburguês Flavio Giannote, por 15-13; na ronda de 32 ganhou o duelo ao dinamarquês Von der Osten, por 15-9; na ronda de 16, o adversário foi o polaco Maciej Bielec, a quem ganhou por 11-10, e a seguir, nos quartos-de-final, venceu o irmão, Filipe Frazão, pela diferença mínima: 15-14.
Filipe Frazão também entrou diretamente para o quadro de 64, frente ao checo Michal Cupr, e ganhou 15-12; na ronda de 32 enfrentou o alemão Richard Schmidt, superiorizando-se por 15-8, para a seguir ter pela frente, na ronda de 16, o húngaro Tamas Koch, que venceu pela diferença mínima, por 15-14. Nos quartos-de-final, perdeu então com o irmão, Miguel Frazão, por 15-14.
Max Rod passou igualmente com sucesso pela fase de “poules”, mas começou as eliminatórias na ronda de 128, ganhando ao arménio Grigor Mnatsakanyan, por 15-7, e na ronda de 64, com o búlgaro Yordan Galabov venceu por 15-10, para a seguir, na ronda de 32, se superiorizar ao polaco Wojciech Kolanczyk, por 15-13. Na ronda de 16 saiu-lhe ao caminho novo polaco, Mateusz Nycz, também vencido, por 15-11. O adversário dos quartos-de-final foi o ucraniano Volodymir Stankevych, com quem perdeu por 15-8.
Na fase de “poules”, os resultados de Miguel Frazão apurado para a ronda de 64 das eliminatórias, com três vitórias e três derrotas foram: Niko Vuorinen (Finlândia) 4-5; Martin Rubes (Rep. Checa) 5-3; Mate Koch (Hungria) 1-4; Matej Todorovski (Hungria) 5-2; Christopher Kelly (Suécia) 3-4; Konstantinos Karampasis (Grécia) 5-0.
Filipe Frazão apurou-se igualmente para a ronda de 64 da fase a eliminar, com três vitórias e três derrotas: Tibor Andrasfi (Hungria) 1-3; Josef Mahringer (Áustria) 4-5; Aleksandrs Ostapenko (Letónia) 5-2; Ian Hauri (Suíça) 4-3); Jaakko Paavolainen (Finlândia) 1-3; Anzor Albrekht (Geórgia) 5-3.
Max Rod, depois de ter competido numa “poule” com seis atletas, somou duas vitórias e três derrotas, qualificando-se para a ronda de 128: Jakub Jurka (Rep. Checa) 2-5; Niklas Prinz (Luxemburgo) 5-1; Hadrien Favre (Suíça) 5-1; François Ferot (Bélgica) 4-5; Sten Prinits (Estónia) 1-2.
No Muaythai, duas foram as medalhas de prata conquistadas num só dia. Foi assim que terminou a participação da Equipa Portugal na competição. Primeiro foi Gonçalo Noites a enfrentar o ucraniano Oleksandr Yefimenko na final da categoria de -71kg, depois foi Matilde Ferreira a participar na decisão da categoria de -57 kg. E os dois ficaram com medalhas de prata, na sequência de uma competição de estreia que acaba histórica.
Gonçalo Noites teve decisões desfavoráveis dos juízes nos três “rounds” e o resultado foi de 27-30 para Yefimenko. A explicação do atleta português: “Ontem lutei com o campeão do mundo [na meia-final], um combate duríssimo, fiquei com alguns pontos na canela. Tudo isso contribuiu para que hoje não estivesse no meu melhor. Mesmo assim, dei o máximo de mim, mas a vitória sorriu ao meu adversário. Comecei o primeiro ‘round’ a perder, senti o ucraniano mais fresco, com mais energia, mais força. Claro que isso tudo contribuiu. Pode ter tido combates um pouco mais fáceis e chegou à final em melhor estado do que eu. Apesar de tudo, dou-lhe os parabéns. Esteve melhor e mereceu a vitória. Resta-me descansar e treinar para voltar mais forte.”
Igual resultado teve Matilde Ferreira frente à sueca Patricia Axling, um 27-30 que traduz decisão unânime dos juízes. A explicação da atleta da Equipa Portugal: “Tenho 19 anos, é a primeira vez que venho a um campeonato que faço sem colete, sem proteções, e num escalão acima. Não é desculpa, mas a verdade é que é um nível de exigência diferente. Tentei dar o meu melhor, bater-me de igual para igual, mas a adversária era muito boa mesmo. Dou-lhe os parabéns. Dei o meu melhor, é o que conta.” A medalha é um resultado que deixa Matilde Ferreira muito contente. “É um sonho que nunca esteve tão perto. Conseguir é maravilhoso, gratificante, tornar um sonho realidade. O desporto faz isso.”
No Ténis de Mesa, foi por pouco que Marcos Freitas não conquistou o 1º lugar no torneio de singulares masculinos de Ténis de Mesa. O mesatenista da Equipa Portugal, 60º do ranking mundial, apresentou-se na final perante o francês Felix Lebrun, de 16 anos, irmão de Alexis Lebrun, que Marcos Freitas tinha afastado nas meias-finais.
E se parecia que no final o jogo podia mesmo sorrir para Portugal, depois da vitória no primeiro set por 11-9, Lebrun venceu dois sets por 5-11 e refreou a festa portuguesa nas bancadas. Marcos Freitas voltou a adiantar-se no marcador vencendo por 11-4 e 11-6, mas depois Lebrun ganhou no 6.º set (2-11) e obrigou à decisão na ‘negra’. Se durante todo o jogo os pontos tinham sido bem disputados, ficou provado pelo resultado do 7º set o equilíbrio entre os dois jogadores – 11-13 com vantagem francesa.
“Não deixa de ser uma grande prova e uma medalha para Portugal” – Marcos Freitas mostrava-se resignado no final da prova. “Neste momento estou um pouco frustrado, sabe a pouco, queria o ouro e trabalhei para isso, mas analisando a prova toda foi um bom resultado, seis jogos, cinco vitórias. Estou num bom momento de forma, estou bem fisicamente e agora é focar na prova de equipas”.
Marcos Freitas somou assim a sua terceira medalha em Jogos Europeus, a primeira de prata, depois do ouro por equipas em Baku 2015 e o bronze em Minsk 2019.
No Badmiton, Bernardo Atilano ganhou o segundo jogo da fase de grupos do torneio a Karl Kert, da Estónia, por 2-1. O jogador da Equipa Portugal (atual 83º do ranking) começou por perder o primeiro “set”, por 15-21, mas conseguiu empreender a recuperação que o levou à vitória, ganhando o segundo “set”, por 21-19, e o terceiro, mais folgadamente, por 21-12.
Esta quarta-feira, na derradeira jornada da fase de grupos, e quando contabiliza uma vitória e uma derrota (face ao suíço Tobias Kuenzi), o que lhe dá o 3.º lugar no grupo, Bernardo Atilano enfrenta o francês Toma Popov, 3º cabeça-de-série do torneio e 27º do ranking mundial. Passam à fase a eliminar os dois primeiros de cada um dos oito grupos.
No Boxe, está ultrapassado o primeiro desafio na competição para Rita Soares. A atleta da Equipa Portugal apresentou-se hoje para a fase preliminar da competição de 50kg e conseguiu vencer a adversária, Anakhanim Ismayilova, do Azerbaijão, que acabou desqualificada no decorrer da ronda 3. “A Rita jogou contra uma adversária muito técnica. Tivemos de ir à procura da vitória no 2º assalto, fizemos um grande ‘pressing’ e a adversária não aguentou a pressão, tendo sido penalizada duas vezes por bloquear o assalto”, explicou no final o treinador Bruno Carvalho. “No 3º assalto a estratégia era manter a pressão e obrigá-la a cometer o mesmo erro e assim foi. Cometeu nova falta e o árbitro acabou o combate por desclassificação”.
Amanhã Rita Soares vai disputar os quartos-de-final, na Arena de Nowy Targ, perante a espanhola Laura Fernandez. Se ganhar este combate garante medalha e a qualificação para os Jogos Olímpicos Paris 2024.
No Breaking, terminou a caminhada de Vanessa Marina na prova feminina, com o 8º lugar. A portuguesa, que entrou hoje em ação nos quartos-de-final, no Parque Strzelecki, em Nowy Sacz, defrontou na ‘battle’ a italiana Anti, que somou duas vitórias nas duas rondas disputadas. Todos os juízes atribuíram as suas pontuações a Anti, que somou assim 18 pontos. Sem progredir para a ronda seguinte, Vanessa Marina termina no 8.º lugar na competição de Breaking, modalidade que fará a sua estreia nos Jogos Olímpicos Paris 2024.
No Futebol de Praia, a Equipa Portugal iniciou da melhor maneira o torneio masculino de Futebol de Praia dos Jogos Europeus3, com uma vitória (7-5) sobre a Espanha, na 1ª jornada do Grupo A.
A vitória portuguesa foi construída sobretudo no primeiro período, que terminou 2-0, fruto de dois golos de Bé Martins, que acabaram por fazer toda a diferença no resultado. No segundo período registou-se um empate de 4-4, e o terceiro acabou 1-1.
Amanhã Portugal estreia-se no torneio feminino frente à República Checa.
No Râguebi, Portugal terminou o torneio de Râguebi Sevens masculino dos Jogos Europeus Cracóvia-Malopolska 2023 no 4º lugar, depois de perder (0-42) o jogo pela medalha de bronze com a Espanha. Com este resultado a Equipa Portugal fica também fora do apuramento para os Jogos Olímpicos Paris 2024.
O jogo com os espanhóis teve pouca história, dada a superioridade evidenciada pelo adversário logo nos minutos iniciais, ao conseguiu uma vantagem de 14 pontos em poucos minutos. Ao intervalo o resultado registava 0-28 e no fim a diferença era de 0-42
Frederico Sousa, selecionador nacional, fez a avaliação do jogo: “Notou-se um nível de intensidade diferente entre as equipas. Eles frequentam o circuito profissional e a nossa equipa não. E é nestas fases que se nota a diferença. A Espanha esteve bem, conseguiu recuperar as bolas no ar, o que foi crucial neste jogo.” Quanto a Paris 2024, Frederico Sousa disse que “o sonho olímpico era ir a uma repescagem e iria ser sempre difícil.”
Nas meias-finais, a Equipa Portugal perdeu frente à Irlanda, por 24-0 e foi então jogar com a Espanha, derrotada pela Grã-Bretanha.
Já a seleção feminina terminou no 8.º lugar, depois da derrota por 7-34 frente à Itália, no final desta tarde. Antes perdera 7-22, frente à Alemanha.