COOPERAÇÃO OLÍMPICA
Conhecer o modelo de financiamento do projecto olímpico em Espanha – que data de 1990 – foi esta quarta-feira o tema de debate que o Comité Olímpico de Portugal promoveu em Lisboa.
José Manuel Constantino, presidente do Comité luso abriu a sessão e passou a palavra ao homólogo de Espanha, Alexandro Blanco que, depois da apresentação estrutura orgânica do desporto espanhol, divulgou que o montante do apoio público (via Ministério da Ciência, Educação e Desporto) a todo o desporto, segundo o relatório de 2012, foi de mais de três mil milhões de euros, dos quais dois mil milhões foram para o futebol profissional.
O apoio privado, angariado junto de várias empresas foi, no mesmo ano, de 278 milhões de euros que, juntando a parte estatal, proporcionou ao COE atribuir bolsas a 932 atletas, tendo os mais categorizados recebido uma média de 62.000 euros por ano.
Referiu as regras dos valores para cada bolsa, em função dos resultados obtidos pelos atletas ano a ano.
A Association de Déportes Olímpicos (ADO), que funciona como uma fundação – modelo que norteou a constituição da Fundação do Desporto em Portugal, em 1995, que partiu de uma decisão do então ministro da educação Roberto Carneiro – conseguiu donativos para apoio aos Jogos Olímpicos, provenientes de várias empresas (14 em 2004, que rendeu 41 milhões de euros; 14 em 2008, com o valor de 63 milhões e 16 em 2012, que originou um encaixe de 52 milhões) que viram os donativos majorados em noventa por cento, o que em Portugal não passa de trinta por cento, segundo o definido no Estatuto dos Benefícios Fiscais.
Salientou um aspecto de primordial importância que é o treinador do atleta ter que ser formado (em qualquer nível da respectiva modalidade) para poder receber a quota-parte do êxito do atleta, frisando que o controlo, neste e noutros aspectos dos apoios financeiros, é apertado, bolsa que é isenta de impostos até determinado valor.
Em Portugal, ao que parece, há treinadores que não tem formação específica e estão registados como técnicos de atletas, beneficiando das bolsas que o governo atribuiu a nível da conquista de medalhas nos Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo e da Europa.
Salientando a importância da ADO na conquista de meios financeiros complementares para apoio aos atletas do projecto olímpico, Alejandro Blanco, deu a conhecer que a definição de equipa só se adquire acima de cinco atletas, estando como individuais até quatro atletas, assunto que, o ano passado, em Portugal, levantou alguma celeuma quando os canoístas do k2 pretenderam ganhar o prémio por equipa, que não foi aceite pelo governo face ao que se encontra legislado.
Este programa (ADO) foi lançado por ocasião dos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992, numa parceria entre o COE, o Ministério da Educação e Desporto e a TVE, que assegurou um conjunto de contrapartidas às empresas privadas que apoiassem o desporto no país vizinho. Espaço publicitário na TVE, numa primeira fase, e benefícios fiscais, num segundo momento, permitiram ao COE e ao desporto espanhol não depender na totalidade do financiamento público, angariando um investimento de vários milhões de diversos patrocinadores.
Tal estratégia garantiu um aumento significativo do apoio aos atletas, treinadores, federações e consequente preparação alterando o paradigma em termos de sucesso desportivo, de uma realidade de uma a duas medalhas por edição dos Jogos Olímpicos, para uma média atual de 15 a 20 medalhas.
A ADO paga as bolsas às federações dos respectivos atletas, por transferência bancária, que é conferida pelos extractos, para evitar anormalidades e atrasos de pagamento.
Sobre o pós carreira dos atletas, Blanco salientou que a aposta terá de ser na formação, estando em elaboração um programa de estudo via online, em sete áreas – tipo Masters – para que possam ter uma vida normal, projecto que vai ser desenvolvido com as universidades.
Esta quinta-feira, Alejandro Blanco dedica o dia a reuniões com os dirigentes do COP, tendo como objectivo a partilha de conhecimentos, bem como identificação de oportunidades de colaboração entre ambos os Comités.
